manifestações de que foi alvo o Chefe do Estado. O que se passou não era possível sem a espontaneidade da alma estuante do povo.

Aquela sinceridade transparente, de lágrimas a saltarem teimosamente dos olhos, não se «fabrica». É uma realidade que fica nos fastos da história do País a atestar ao Mundo a unidade das populações que constituem a Nação Portuguesa.

Sr. Presidente: os factos tiveram uma tal autenticidade, atingindo proporções de apoteose, que os observadores estranhos se remeteram a um sintomático silêncio, incapazes -como ficaram- de os refutar. Denunciados os seus propósitos, logo de início, numa tentativa de só ver brancos em Luanda para receber o Chefe do Estado, um dos especuladores não teve outra solução senão desistir. Onde estavam pretos via brancos ... e vice-versa....

O certo é que as manifestações não podiam ser compreendidas por estranhos. Aquilo era Portugal a vibrar e Portugal só nós o sabemos sentir e defender.

K que não eram pequenas multidões de pretos, de brancos ou de mestiços a rodear o Chefe do Estado. Eram milhares de portugueses de todas as raças e credos, numa amálgama imensa, de uma só fé, rompendo os débeis cordões da Polícia, a fazê-lo parar para lhe apertar a mão, para o abraçar, para lhe oferecer flores, para lhe dar os filhos a beijar, numa confraternização que obrigou todo o sistema do protocolo e de segurança a afastar-se, perante a impetuosidade da emoção .que a todos atingia.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - «Nós também somos portugueses! Também queremos vê-lo» - ouvia-se a cada passo, sem que houvesse força capaz de conter a avalancha que parecia aumentar de terra para terra, de momento a momento.

Tudo isto, Sr. Presidente e Srs. Deputados, se processou e se repetiu em mais de 6000 km percorridos de avião, de comboio de automotora, de barco, de jeep, de helicóptero, a pé, por entre povos de diversas etnias, mas que vibravam e exultavam por uma pátria comum, personificada na figura veneranda, bondosa, franca, leal, simples, mas digna, do almirante Américo Tomás.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - E não houve, senhores, uma única nota discordante - nada que destoasse no meio de tanto entusiasmo.

Enquanto o Mundo se debate em convulsões de toda a ordem, a população de Angola deu um exemplo de paz, de harmonia e de coesão única nos tempos que vão correndo.

Não desejaria estabelecer comparações, tanto mais que; se não temos lições a receber, não temos também a pretensão de as querer dar. O que pretendemos é que nos deixem trabalhar nesta paz. que criámos e é nossa, c que nela nos deixem resolvi problemas que também são nossos e que nós próprios havemos de resolver.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Para tanto nem nos falta capacidade nem fortaleza de ânimo.

Seria, contudo, de meditar neste exemplo de um povo que, apesar de todas as solicitações externas, recebe o Chefe do Estado, através de milhares de quilómetros, com um entusiasmo que não poucas vezes atingiu o delírio, sem excluir o respeito nem uma impressionante veneração que, recaindo no Chefe da Nação, era o reflexo do sentimento que a todos dominava: continuar sob a bandeira das quinas.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Podemos ainda dizer, em presença desta realidade insofismável, que Angola se solidarizou com o homem que nesta hora histórica comanda e encarna a firme determinação de todos os portugueses: Salazar.

Não é possível, com efeito, um plebiscito mais livre, mais espontâneo e mais sincero do que o expresso pela vontade unânime dos portugueses daquela portuguesíssima província, proclamando de forma clara e inequívoca a sua determinação de prosseguir unida a Portugal:

Daqui ninguém nos arranca. Morreremos todos, mas viva Portugal!

Estas e outras afirmações semelhantes, ditas com fé comovente, com fria e tocante segurança, em plena consciência, permitiram ao Chefe do Estado tirar esta consoladora e reconfortante conclusão no final da oportuníssima missão que tão nobremente soube cumprir:

Não há ventos da história capazes de vencer tamanha determinação.

E não há, Sr. Presidente!

Os nossos detractores têm de se curvar e, se as palavras têm o significado que elas necessariamente comportam, e