olhos c ajuizar com a sua razão o modo de vida que por lá se processa. Os meus votos são por que vá e que, no regresso, convença os representantes dos Estados africanos a irem ver também.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Ficaríamos sabendo ao menos da sua sinceridade, ou do grau de cinismo que se esconde por detrás do altruísmo aparente, ao continuarem com as suas reivindicações, e do verdadeiro motivo da sua teimosia no propósito de nos quererem libertar.

Cumpre-me prestar aqui as homenagens devidas a S. Ex.ª o Ministro Doutor Franco Nogueira, que na O. N.º U. se revelou como um diplomata de estilo moderno, à altura dos acontecimentos e dos homens (pie os discutem. Pronto no discernimento, atento na definição do essencial, versátil na compreensão dos dialogantes com uma paciência igual à persistência dos opositores, não perdeu ocasião nenhuma, nas inúmeras sessões a que tem presidido ou assistido, de explicar a posição portuguesa no Mundo, a situação das províncias ultramarinas e o viver das suas populações.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Após as conversações directas de Outubro com os representantes dos novos Estados africanos, bruscamente interrompidas, pôs em evidência, na última sessão do Conselho de Segurança, uma verdade incontroversa, de fácil verificação nos próprios Estados que, estão surgindo modernamente com velocidade espantosa. Disse ele:

De uma forma geral a independência política de um dado território africano não corresponde à salvaguarda dos direitos humanos e das liberdades nesses territórios, e uma independência política que não se baseie nas liberdades individuais e nos direitos do homem tende, a basear-se no apoio externo que por vias tortuosas se apodera do Poder, para eliminá-los de todos os vestígios de. liberdade que possuíam.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Sabe-se por experiência que é assim. Mas os libertadores de povos, que não aceitaram a audição dos patriotas de Goa, Damão e Diu, dominados pelos santíssimos esbirros da grande índia, dispõem já de um governo para o domínio de Angola e isso lhes hasta para a satisfação da sua torva política de libertação.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - O conceito de autodeterminação estabelecido pelo presidente Woodrow Wilson, citado naquele areópago, significa com clareza que devem ter grande peso os interesses das populações em causa. Os libertadores possessos, porém, autonomearam-se advogados na causa, acumulando com a qualidade, de representantes a posição de beneficiários, o que explica a ânsia incontida da decisão urgente que exigem.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - A conclusão válida dos factos apontados e das suas repercussões, nas consciêcias e nas almas do nosso mundo, é a de que no momento presente não há

homem ou mulher que não sinta intimamente a solução portuguesa pela unidade nacional.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Se ela é verdadeira, e não sofre contradita, então honremos o Governo que carrilou a Nação pela calha certa da salvação, honremos Salazar, como promotor dessa política, e demo* graças à Providência por lhe ter proporcionado, como colaboradores, a plêiade de Ministros e Subsecretários de Estado que vêm cumprindo o seu dever, com tanto zelo patriótico.

Conscientemente, eu dou o meu sim.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Presidente: - Vou encerrar a sessão. O debate continua amanhã sobre a mesma ordem do dia. Está encerrada, a sessão.

Eram 15 horas e 10 minutos.

Srs. Deputados que entraram durante a sessão:

Alberto Ribeiro da Costa Guimarães.

Alberto da Rocha Cardoso de Matos.

Alexandre Marques Lobato.

André Francisco Navarro.

Antão Santos da Cunha.

António Augusto Gonçalves Rodrigues.

António de Castro e Brito Meneses Soares.

António Marques Fernandes.

António Martins da Cruz.

António da Purificação Vasconcelos Baptista Felgueiras

Armando Francisco Coelho Sampaio.

Belchior Cardoso da Costa.

Carlos Coelho.

Carlos Monteiro do Amaral Neto.

Délio de Castro Cardoso Santarém.

Francisco José Lopes Roseira.

Francisco Lopes Vasques.

Francisco de Sales de Mascarenhas Loureiro.

Henrique dos Santos Tenreiro.

João Nuno Pimenta Serras e Silva Pereira.

Jorge Manuel Vítor Moita.

José Alberto de Carvalho.

José Dias de Araújo Correia.

José Guilherme de Melo e Castro.

José Luís Vaz Nunes.

José de Mira Nunes Mexia.

Júlio Alberto da Costa Evangelista.

Manuel de Melo Adrião.

Manuel Seabra Carqueijeiro.

D. Maria Margarida Craveiro Lopes dos Heis.

Mário Amaro Salgueiro dos Santos Galo.

Rogério Vargas Moniz.

Sebastião Garcia Ramires.

Ulisses Cruz de Aguiar Cortês.

Srs. Deputados que faltaram à sessão:

Agnelo Orneias do Rego.

Agostinho Gabriel de Jesus Cardoso.

Agostinho Gonçalves Gomes.

Alberto Henriques de Araújo.