será esquecer o objectivo que se pretende atingir e assim perder ou hesitar na direcção do caminho a percorrer para alcançar esse objectivo; se tal se desse, assistir-se-ia a uma mutação frequente dos rumos da política, a um desnorteamento da opinião pública, a uma fraqueza na condução do problema por parte dos responsáveis; e isto seria fatal e aproveitaria os inimigos para mais facilmente resolverem o problema à sua maneira.

Daqui a tendência, geralmente propagandeada, interna e externamente, de confundir o Regime com a política ultramarina seguida até aqui, atacando aquele para mudar esta ou tentando desfazer esta para derrubar aquele. E aqueles que seguem este caminho fazem-no na convicção de terem encontrado a forma mais rápida e directa de, ou acabarem com o Regime ou liquidarem a política ultramarina seguida ou atingirem simultaneamente os dois objectivos: a primeira solução interessa primariamente aos inimigos do Regime, a segunda aos inimigos externos e a terceira aos comunistas.

Esqueceram uns ou ignoram outros que a grande maioria dos Portugueses não deseja a abdicação dos princípios que regem a política ultramarina seguida.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Atrevo-me mesmo a dizer que nessa maioria se devem englobar todos aqueles que, não estando enfeudados a Moscovo, têm ideias políticas diferentes das que informam o Regime. É que esses são portugueses como eu e conhecem e medem os perigos que adviriam para a própria nacionalidade se se perdessem as províncias do ultramar ...

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - ... e têm consciência do crime que cometeríamos se tivéssemos entregado a si próprias as populações brancas e negras do ultramar; ...

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - ... e sabem que trairíamos a nossa missão histórica do povo colonizador, missão que ainda não terminámos e de que nos orgulhamos; ...

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - ... e não ignoram que para além das autodeterminações com fundamentos mais ou menos idealistas o que está em jogo é a criação de hegemonias económicas para possibilitarem ou acentuarem o desequilíbrio da balança do poder a seu favor.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Soube e sabe, e se Deus quiser assim se há-de continuar.

Mas não houve um referendo para se julgar da validade da afirmação? Não sei o que se há-de chamar às manifestações do Terreiro do Paço e das capitais de Angola e Moçambique realizadas em fins de Agosto do ano passado, como também não sei como de outra forma possa ser interpretada a viagem triunfal do Sr. Presidente da República a Angola e S. Tomé. Felizmente que todos vimos o que os Portugueses pensam sobre a política ultramarina.

E afinal quais são esses princípios? Bem simples de enunciar e ainda mais fáceis de entender: a unidade nacional através de «uma capital, um Governo, uma política».

A partir deles, toda u descentralização ou autonomia administrativa compatível com a capacidade e desenvolvimento social, económico e financeiro de cada província.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Apetecia-me perguntar por que é que um conceito político fundamentado nestes princípios não há-de resultar proveitoso para a metrópole, para as províncias e até para os nossos amigos e aliados estrangeiros, como tem resultado. Pois não é verdade que nos novos Estados africanos, bafejados pela independência, a unidade nacional é e será por muito tempo uma utopia, que a capital verdadeira está em Washington, Londres ou Moscovo e que o governo e a política de cada um desses Estados actua de acordo com o vento que sopra dessa capital?

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Se é a isto que se pretende levar as províncias portuguesas, então consintam que este pequeno mas velho país e sempre fiel aliado se determine a si próprio e siga a sua história, porque ele. pelo saber de experiência feito, e pelos maus exemplos que tem observado, está seguro de ir no bom caminho.

Se esta política está certa e se o Governo a segue com o apoio da maioria dos Portugueses, firme nos princípios mas flexível nos modos de actuação, passemos ao segundo aspecto das considerações que desejamos fazer e a que chamámos alguns aspectos essenciais na efectivação dessa política.

Passando sobre a razão e o direito que nos assistem, mas que não bastam para impor e para acreditar as nossas soluções, somos levados a ter em armas urnas dezenas de milhares de portugueses para que essa razão e esse direito possam vingar. A eles não pode faltar, e não tem faltado, todo o apoio moral e material de que necessitam para que continuem a cumprir a sua missão.

Em apoio moral a Nação tem-se desdobrado generosamente através das vozes dos seus filhos mais representativos da vida pública e privada, e por meio de múltiplas iniciativas de profundo sentido humano realizadas por associações de nível nacional ou regional, como sejam a velha mas sempre activa Cruz Vermelha Portuguesa e o jovem e patriótico Movimento Nacional Feminino e suas delegações. Também esta Casa, Sr. Presidente, tem sabido marcar uma presença clara e permanente no reconhecimento e louvor da acção dos nossos soldados e não tem escondido a confiança e a fé que deposita na sua acção.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - No apoio material a Nação tem feito tudo quanto lhe é possível para que as armas, os equipamentos, as munições e os víveres cheguem a tempo e satisfaçam