violência feroz, nada pode advir de bem para as sociedades que dizem querer servir, lhe ponha termo em breve.

Mas a batalha do futuro só dependerá de todos os portugueses; a vitória só poderá resultar da nossa coesão humana e dimensional; da compreensão de todos, inteiramente, e de uma autêntica política de justiça social que está no âmbito da nossa própria vontade.

O Presidente Américo Tomás, personificação viva da Pátria comum, levando a Angola, como levou, a mensagem da solidariedade nacional na hora em que os inimigos nos rondam a porta para tomar-nos de assalto a casa por artimanhas e em nome de meramente teóricos altos princípios, pôde bem verificar a fé construtiva do bom povo angolano, a sua característica afectividade e proverbial bondade, toda a ternura fraternal que ofereceu ao Chefe de Estado as cenas emocionantes que jamais viveu em toda a sua vida.

Tive a ventura de ouvir pessoalmente, ainda há bem poucos dias, estas impressões do Presidente Américo Tomás em audiência que se dignou conceder-me e em que falámos detidamente da visita de S. Ex.ª a Angola.

Ainda o seu coração vivia as emoções daquela tão histórica viagem, afirmando-me quanto o haviam impressionado as lágrimas com que o povo anónimo, generoso e estóico de Angola - pretos, brancos e mestiços - dele se despedira em Luanda.

Já tinha saudades de Angola, disse-me o Sr. Chefe do Estado, apesar de só de lá ter regressado há bem pouco tempo. Emoções desta natureza sentem-se. Não há expressões que possam definir toda a sua plenitude.

Sr. Presidente, Srs. Deputados: Salazar, na sua citada e memorável declaração de 12 de Agosto sobre a política ultramarina portuguesa, disse:

Não que tenha dúvidas, sobre o sentimento do povo português aqui e no ultramar acerca da defesa da integridade da Nação: o povo que trabalha e luta não precisará de largas discussões para se orientar sobre o seu destino. Mas eu só vejo vantagem em que se pronuncie em acto solene e público sobre o que pensa da política ultramarina que o Governo tem prosseguido.

E o País pronunciou-se, uníssono, expressivo, inequívoco, sobre o problema que lhe foi posto na também memorável manifestação pública de 27 de Agosto, em Lisboa, em que Portugal se identificou na capital da Nação para tudo oferecer à Pátria imortal.

E do mesmo modo e simultaneamente o País se manifestou em todos os cantos da metrópole e em todos os lugares do Mundo onde flutua a bandeira das quinas.

E a coroar o resultado desse expressivo plebiscito, a visita do Chefe do Estado a Angola e a S. Tomé e Príncipe e o seu regresso a Lisboa, onde mais uma vez o espírito de solidariedade da lusitana gente, as emoções vividas nessa hora alta, a vibração e o patriotismo e a fé nos destinos comuns que nos congregam atingiram uma apoteose que se não descreve, vive-se.

Bem sabe esta Câmara que a Nação, pela boca do próprio povo, que ela representa, se pronunciou já em termos patrióticos iniludíveis.

Mas não podíamos, sem dúvida, ao reiniciarem-se os trabalhos parlamentares, deixar de afirmar ao Governo o nosso apoio incondicional à política de defesa do território nacional, e ao povo português, do Minho a Timor, que se pronunciou a tal respeito, que comungamos no mesmo sentimento do dever e de esperança num futuro pacífico e laborioso para a Nação. Tenho dito.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Presidente: - Vou encerrar a sessão. O debate continuará amanhã sobre a mesma ordem do dia. Está encerrada a sessão.

Eram 18 horas e 40 minutos.

Srs. Deputados que entraram durante a sessão:

Alberto da Rocha Cardoso de Matos.

António Augusto Gonçalves Rodrigues.

António Burity da Silva.

Armando Francisco Coelho Sampaio.

Carlos Coelho.

Carlos Monteiro do Amaral Neto.

D. Custódia Lopes.

Francisco de Sales de Mascarenhas Loureiro.

Henrique dos Santos Tenreiro.

João Mendes da Costa Amaral.

João Nuno Pimenta Serras e Silva Pereira.

Jorge Manuel Vítor Moita.

José de Mira Nunes Mexia.

José dos Santos B essa.

Júlio Alberto da Costa Evangelista.

Manuel Herculano Chorão de Carvalho.

Manuel Seabra Carqueijeiro.

Ulisses Cruz de Aguiar Cortês.

Vítor Manuel Dias Barros.

Srs. Deputados que faltaram à sessão:

Agnelo Orneias do Rego.

Agostinho Gabriel de Jesus Cardoso.

Agostinho Gonçalves Gomes.

Alberto Henriques de Araújo.

Alberto Pacheco Jorge.

Antão Santos da Cunha.

António de Castro e Brito Meneses Soares.

António Marques Fernandes.

António Tomás Prisónio Furtado.

Augusto Duarte Henriques Simões.

José Dias de Araújo Correia.

José Luís Vaz Nunes.

José Manuel Pires.

Manuel Homem Albuquerque Ferreira.

Manuel João Correia.

Manuel Lopes de Almeida.

Purxotoma Ramanata Quenin.

Urgel Abílio Horta.

Voicunta Srinivassa Sinai Dempó.