a inconcussa utilidade efectiva resultante dela para o próprio continente africano, hoje a arder em chamas de ódios ou anarquizado nas suas subsistentes estruturações tribais, e até para todo o quadro sociológico do mundo ocidental, pouco mais seguro, na sua frágil estabilidade, do que o chamado terceiro mundo. Viu-se bem claramente disto que a nossa política ultramarina tinha e tem de ser a que é, por inteira inadmissibilidade de qualquer outra.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Por isso, o aludido discurso do eminente Presidente do Conselho causou profunda emoção aplaudente. A Nação, toda a Nação, reconheceu que estavam ali traduzidos os mais vibrantes anseios da sua alma e as mais sensíveis pulsações do seu coração. Cada um de nós, na metrópole e no ultramar, pensava, sentia e queria aquilo mesmo - sem o saber exprimir tão bem e orgulhoso de que pessoa alguma seria capaz de o exprimir melhor.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Creio até que é esta a nota mais específica de entre todas as que puderam observar-se no caloroso acolhimento dispensado àquela declaração de 12 de Agosto.

Em regra, quando Salazar profere um dos seus inigualáveis discursos políticos, começa-se por comentar: «Que documento magistral!» E logo se acrescenta: «Não será este o melhor de todos?».

Talvez pelas naturais dificuldades da comparação ou talvez por não terem bem presentes os anteriores - de muitos que eles são há quem tenha por hábito considerar que o último foi sempre o melhor. Quanto a mim, sem iludir a verdade, e antes dentro do maior realismo, costumo responder que os discursos de Salazar são todos melhores!

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Mas desta vez, para além do brilho clássico da forma e da perfeição impecável da arquitectura, ou da luminosa clareza das ideias e da rara profundeza dos conceitos, o que sobretudo deixou fortes vincos, na generalidade da opinião pública, foi o tom vigoroso de certeza nas afirmações e o carácter definitivo, irreversível, dos propósitos.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - No meio da «anemia espiritual do Mundo», como diria Bernanos, que dirigente se conhece aí com tilo bem mobilado espírito e tão intrépida fortaleza de alma? Quem, como ele, tão penetrante na análise dos fenómenos sociais? E tão seguro na firmeza dos postulados políticos? E tão corajoso no assinalar dos grandes erros diplomáticos? E tão perspicaz na indicação, quase profética, das trágicas consequências a que levará a persistência nesses erros?

Direi mais: Salazar, como já alguém escreveu, possui a extraordinária virtude de «ter fé na sua fé». Diversamente da maior parte dos responsáveis pela condução dos povos, animado pela sua fé, é capaz de tentar remover montanhas, à semelhança da do Evangelho, e de, na defesa de uma verdade essencial, permanecer sozinho, se fosse necessário, contra a avalancha da mentira universalizada.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Deus louvado, na formulação e condução da política ultramarina tem consigo, como bloco monolítico, todos, digo bem, todos os portugueses de verdade. Por outras palavras: a nossa política ultramarina é um imperativo; ...

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - ... a política ultramarina que o povo decididamente pretende ver executar é a que tem no Presidente do Conselho o mais fiel e denodado executor.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Neste domínio ninguém tinha e ninguém tem opções - salvo os que já venderam a alma a Moscovo ou os que, como bons súbditos de Mamon, pretendem comprar todos os meios de segurança pessoal contra quaisquer riscos e por aí deambulam, às vezes, carregados de preocupações dialogantes ...

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Na mesma linha de profundos sentimentos patrióticos se explica o êxito triunfal da viagem do Chefe do Estado às províncias ultramarinas de Angola e de S. Tomé e Príncipe - sem esquecer quanto, para tão brilhantes resultados, contribuíram as suas próprias altas qualidades humanas de aguda inteligência, incomensurável bondade, simpatia, excepcional bom senso, extraordinária força de vontade, raro espírito de sacrifício e profunda devoção patriótica!

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Como ficarão memoráveis todos aqueles grandes dias de Portugal! Como foi ali que bateu, então, mais forte o coração da Pátria! E como foram bem sentidas na metrópole, conforme se viu na hora alta do majestoso regresso, aquelas vibrantes pulsações!

Decididamente, nesta hora crucial da vida da Nação e no domínio da política ultramarina, todos fazemos só um.

Está aqui, Sr. Presidente, a verdadeira razão de ser do presente aviso prévio. A Assembleia Nacional, legítima representante do povo português, que a elegeu, não podia ficar indiferente à voz clara e forte do próprio povo. Tinha e tem de, em nome dele, dar aqui testemunho solene do seu aplauso, dizer formalmente da sua concordância, afirmar publicamente, coram omnes, o seu unanime sim!

Claro está, Sr. Presidente, que não basta, nem ao Governo, nem à Câmara, nem ao País, a consideração das