uma entrada na vida e para os estudos subsequentes. Não basta apenas, por exemplo, que a criança saiba ler português, mas que entenda o que lê; ...

Vozes: - Muito bem!

O Orador: -... que aprenda a escrever, mas que saiba exprimir o que quer dizer; que aprenda o cálculo aritmético, mas que fique apta a aplicá-lo nos cálculos quotidianos. A escola primária terá de dar à criança uma maior preparação para a vida prática, facultando-se-lhe a largueza suficiente para que o educando possa gradual e eficazmente manejar a sua inteligência. Importa não descurar disciplinas de grande importância formativa, como, por exemplo, as de formação moral o de educação plástica e musical.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Os métodos terão em conta o estádio de desenvolvimento psicossomático das crianças, sendo das maiores repercussões e frequente recurso aos meios audio-visuais, como a rádio, o cinema e a televisão, aliás de interesse para todos os graus de ensino, por conter magníficas virtualidades docentes.

O ensino pré-primário que defendemos parece-nos absolutamente indispensável ao desenvolvimento de um plano de educação, com a criação de uma rede adequada de escolas infantis, atendendo a que a criança entra na escola primária carecida de uma ambientação que se torna fundamental.

No entanto, e como pensamos não ser desde já aconselhável impor a obrigatoriedade, poderia o mesmo ser substituído por um ano -que designaremos por ano de preparação- que seria o primeiro da escola primária, destinado às crianças com 6 anos.

Em altura oportuna, e desde que estivéssemos quantitativamente para isso preparados, se faria o ajustamento aos dois anos do ensino infantil obrigatório, pois todos estaremos com certeza de acordo com as suas peculiares finalidades. Aí se favorece o desenvolvimento físico das crianças; aí se começa a excitar a curiosidade de saber por meio de lições curtas, claras e vivas sobre temas concretos; aí começa a criança a aprender, a compreender os seus companheiros, a brincar com eles, a trabalhar em grupo, isto é, a adquirir confiança em si mesma e o sentido da sociabilidade; aí adquire conhecimentos básicos de ordem moral e social.

As noções de limpeza, de ordem, de disciplina, etc.. vão surgindo naturalmente num caminhar suave, mas firme. A criança adquire, enfim, uma cultura adaptada à sua idade e às suas possibilidades, que permite o seu ingresso na escola primária em condições de melhor adaptação e assimilação das matérias dos programas e melhor adaptação também à sociedade escolar.

Um papel de ordem moral relevante, desempenharia ainda a escola infantil junto das crianças que de manhã são abandonadas pelos pais, envolvidos nos seus trabalhos, e que deixam os filhos de alma aberta a todas as influências morais, que tanto poderão ser boas como deletérias.

Antes de continuar na análise dos planos de estudo, gostaríamos de fazer algumas referências, embora breves, ao ensino especializado para crianças inadaptadas, por nos parecer do maior interesse o porque vem resolver um problema a que nem sempre se terá dado a importância devida: a diminuição do elevado número de repetentes que hoje atormenta o nosso ensino primário.

Vozes: - Muito bem!

que os leva a tomar iniciativas de entreajuda a favor dos seus companheiros.

Bom era que se generalizasse a todo o País a possibilidade de fazerem parte dessas classes apenas alunos inadaptados e não intelectualmente anormais e que estes pudessem com mais facilidade ser entregues a cuidados especiais, em estabelecimentos próprios.

Da conjugação de esforços dos professores e dos pais, em íntima colaboração, o que não seria possível nesse ingente trabalho de recuperação!

Tratando-se de problema vasto e complexo para ser tratado em breves momentos, aqui deixamos apenas este apontamento, para que sobre ele se debrucem todos os que ao assunto se têm dedicado.

Retomemos de novo o problema da desactualização dos planos de estudo para mais umas breves reflexões. O que se verifica em relação ao ensino primário generaliza-se, afinal, a todos os outros graus de ensino. No secundário, seguindo uma ordem cronológica, deparamos com matérias a sobrecarregar os programas, que bem poderiam ser suavizados em favor de outros mais importantes e mais úteis, sem com isso afectar, até muito pelo contrário, a formação geral do aluno.

Outro mal que nos tem sido apontado é a falta de ordenação progressiva e metódica das matérias afins, sendo desejável que, ao ministrarem-se conhecimentos de uma dada disciplina, possa haver um apoio, digamos assim, em matérias já ensinadas noutra disciplina.

Tal situação só poderá solucionar-se com uma revisão cuidadosa dos programas, dentro de um espírito de coordenação e de sincronização das matérias, mas criando também dentro de cada liceu as condições favoráveis que garantam a eficácia desses princípios.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Consideramos, além disso, defeituoso o regime actual de estudos do 8.º ciclo do liceu, onde se nos depara um excessivo alinhamento que importa moderar.

Vozes: -Muito bem!

O Orador: - Ainda outra, deficiência de graves repercussões é a falta de um serviço de orientação profissional,