da educação a realizar, são por si sós motivo de esperança, a que as qualidades de inteligência do ilustre homem público são garantia de êxito. Não se esquece, no entanto, a grandeza da iniciativa e as imensas implicações que a rodeiam, implicações essas que recaem em medida imprevisível sobre o orçamento do Estado. Porém, devida lhe é, desde já, a gratidão de todos os que se interessam pelos problemas da educação - a família, a Igreja e a Nação.

Confiemos, porém, em que a justiça do nosso direito, a razão da nossa razão, influenciem os que, perturbando a nossa paz, perturbam o nosso progresso construtivo, e que esse influenciar permita que a preocupação dominante do Governo e da Nação possa deixar de ser, como terá de ser agora, a defesa firme, intransigente e credora do sacrifício total, da integridade nacional.

Só então, e então será, a preocupação primeira poderá ser a da promoção cultural do nosso povo, que assim passará a gozar dos seus direitos, que bem se deseja possa ter, a fim de elevar o seu nível técnico, permitindo-se-lhe lutar e competir no desenvolvimento do progresso que no Mundo de hoje se processa.

Tenho dito.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

ângulo diferente, isto é, apreciada de fora para dentro.

Vou, depois de escolhido o assunto, esforçar-me por explicar o que pensa e exige do ensino quem se dedica, na vida, a unia actividade alheia a ele.

Pois o aspecto a que me quero referir é o do ensino técnico, interessando-me, no aviso prévio, o conteúdo enunciado na alínea e) sob a rubrica «Criação de institutos comerciais e industriais nas regiões do País cujo desenvolvimento económico o justifique».

Tive oportunidade de fazer breves considerações sobre ensino técnico, quando, em Marco do ano findo e nesta Assembleia, pedi a palavra para me congratular com a inauguração da Escola Comercial e Industrial de Famalicão.

Aquilo que disse continua com plena actividade e constitui, em parte, uma síntese que me proponho agora desenvolver. Para lá chegar, convém-me relatar factos de todos nós bem conhecidos.

O que se passa em determinados sectores da indústria portuguesa merece a mais áspera censura. Deparam-se-nos, algumas ocasiões, casos que confundem e para os

quais não aparece desculpa fácil. Manufacturam as nossas fábricas

matérias-primas com características e preços da cotação internacional; possuímos certas unidades industriais que em dimensão e equipamento são semelhantes às melhores estrangeiras, pagando, em contrapartida, salários proporcionalmente dos mais baixos da Europa; mesmo assim, quantas vezes os nossos produtos são rejeitados por deficiente produção ou elevado preço!

Qual a explicação para isto?

Penso que há, na parte directiva da empresa, falta de preparação técnica e grosseira gerência económica e, por outro lado, inexistência de labor qualificado.

Também sucede, com relativa frequência, que lemos ou somos informados de avultados investimentos em determinada indústria. Quando o investimento excede o volume comum, aparece o consequente proteccionismo económico garantindo monopólio por largos anos. Decorre o tempo para a instalação e começam a aparecer nos periódicos imponentes fotografias dos imóveis, como acto preparatório da luzida inauguração, que se realiza com todo o aparato. E a fase que seria de verdadeiro interesse nacional, a laboração, infelizmente nem é aparatosa nem luzida.

Os relatórios da gerência apresentados à assembleia geral causam desanimadora impressão a quem os lê. As rebuscadas e sinuosas explicações para encobrir a evidência do insucesso acabam por bater quase sempre no mesmo ponto: pouca capacidade de absorção do mercado interno e dificuldade de colocação internacional devido a o preço ser demasiado elevado para a concorrência.

Então, outra pergunta que também é legítima: procedeu-se a um consciencioso estudo técnico e económico, que abrangesse produção e mercado, da indústria que se pretendia montar?

É certo que qualquer instalação industrial tem de jogar com um coeficiente de risco inerente à sua própria actividade. Mas o que não deve ser regra é traduzir-se por normalidade o insucesso.

Claro que não é apenas o sector privado que se ressente da falta de conhecimentos circunstanciados dos problemas próprios. Do mesmo pecado se podem penitenciar alguns departamentos oficiais, onde a lúcida inteligência das realidades parece não ser, por desgraça nossa, mercê dos homens.

Mais do que nunca há necessidade imperiosa de incentivar a preparação especializada da nossa juventude, como factor de progresso material e de valorização humana.

A capacidade cultural dos que trabalham, qualquer que seja o modo de vida, é condição essencial ao triunfo no campo individual e colectivo.

Ora os países só progridem e passam a lugares cimeiros desde que a instrução das suas gentes assente em evoluída técnica ao serviço da respectiva profissão.

O factor económico é fundamental na vida de hoje. Reformam-se as instituições, ensaiam-se sistemas económicos e, quantas vezes, surge a revolução, tudo isso sempre rotulado com o aliciante cartaz da melhoria do nível de vida e do acesso dos povos ao bem-estar.

Todos os outros factores, hoje dependentes do económico, empregam-se para o mesmo fim, que é, afinal, o que se desenvolve operando a satisfação das necessidades graduadas pela hierarquia dos interesses.

Esta é a realidade dos nossos dias e que, por isso, não devemos subestimar.

Nascida do crescente intercâmbio das economias nacionais ou de bloco, a internacionalização dos mercados obriga à constante modernização da maquinaria e à exigência, cada vez maior, de apurada qualidade da mão-de-obra.