Chegam-me agora rumores de que a coisa poderá ir para a frente, com o que muito me alegro. A Escola de Enfermagem de Braga foi contrariada, de início, pelo Estado, e, no entanto, ela presta grandes serviços. As raparigas de Braga servem admiravelmente, quer sob o ponto de vista técnico, quer ainda sob o ponto de vista moral.

O Sr. Pinto de Mesquita: - Nessa ideia de escolas técnicas a criar nas cidades da província há, a meu ver, uma que se impõe absolutamente, a das escolas agrícolas de nível médio, cujo número é necessário seja aumentado. Ao norte do Mondego não existe nenhuma dessas escolas, existem apenas, e poucas, escolas agrícolas primárias.

O Orador: - Eu diria que essas escolas, que tanto se impõem, não deviam ser nas cidades de província, mas no campo, nas aldeias, para que o agrónomo se habituasse a calçar as botas de cardas e de vitela branca.

Pelo menos, e para já, Braga e Évora têm de ser dotadas com estabelecimentos desse género, que seriam o fulcro da criação de futuras Universidades.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - A Nação está perfeitamente convencida da necessidade que tom de cuidar a sério da valorização do seu maior capital, do seu maior património, que é a sua massa cinzenta. Não pode dizer-se que as circunstâncias não permitem que, neste momento, se encare com decisão o problema da educação por dificuldades de ordem financeira. A Assembleia entregou já ao Governo o meio de este resolver as dificuldades que nesse campo se lhe deparem. Não hesite o Governo em usá-lo. Seria, na verdade, um real imposto de defesa e de salvação nacional, porque é de salvar a perenidade da Pátria, a sua grandeza, que é orgulho e razão do viver de todos nós, que de facto se trata. Se, necessário for, que um sacrifício extraordinário seja imposto ao País, que este, esclarecido como está, o suportará de boa mente.

O que não podemos é deixar de encarar de frente o problema número um que se nos depara.

Recordo-me, Sr. Presidente e Srs. Deputados, de que aqui há uma dezena de anos falava- se neste país do problema do analfabetismo e dizia-se que era chaga que não podia ser resolvida. Apareceu o homem capaz e o problema foi resolvido. Pois que igualmente para a solução do problema da educação apareça o homem competente e o problema será resolvido.

Tenho dito.

Vozes: -Muito bem, muito bem !

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Presidente: - Srs. Deputados: pede-me a Comissão de Economia que lhe torne possível, em termos razoáveis, continuar o estudo do objecto do aviso prévio sobre a crise agrícola da autoria do Sr. Deputado Amaral Neto.

Concordo, acedendo ao pedido, que o estudo continue. Para o efeito convoco a Comissão de Economia para amanhã e terça-feira, às 15 horas e 30 minutos.

Por isso, não haverá sessão plenária senão na próxima quarta-feira, para continuação do debate sobre o aviso em discussão.

Devo esclarecer VV. Ex.ªs de que o debate sobre o aviso prévio em discussão será encerrado quando deixar de haver oradores para preencher razoavelmente a sessão plenária da Assembleia. Comunico isto a VV. Ex.ªs para não terem qualquer surpresa se a palavra não lhes puder ficar reservada para o dia seguinte.

Nesta ordem de ideias, marco a próxima sessão plenária para quarta-feira próxima.

Está encerrada a sessão.

Eram 18 horas e 50 minutos.

Srs. Deputados que entraram durante a sessão

Agostinho Gabriel de Jesus Cardoso.

Alberto Carlos de Figueiredo Franco Falcão.

Alexandre Marques Lobato.

André Francisco Navarro.

António Burity da Silva.

António Magro Borges de Araújo.

António Martins da Cruz.

Henrique dos Santos Tenreiro.

Joaquim de Sousa Birne.

Jorge Manuel Vítor Moita.

José Dias de Araújo Correia.

José Guilherme de Melo e Castro.

José Manuel Pires.

Júlio Alberto da Costa Evangelista.

Manuel Seabra Carqueijeiro.

D. Maria Irene Leite da Costa.

Mário Amaro Salgueiro dos Santos Galo.

Ulisses Cruz de Aguiar Cortês.

Vítor Manuel Dias Barros.

Srs. Deputados que faltaram à sessão.

Agnelo Orneias do Rego.

Aníbal Rodrigues Dias Correia.

Antão Santos da Cunha..

António Marques Fernandes.

António Tomás Prisónio Furtado.

Artur Águedo de Oliveira.

Augusto César Cerqueira Gomes.

Augusto Duarte Henriques Simões.

Elísio de Oliveira Alves Pimenta.

José Pinto Carneiro.

José dos Santos B essa.

Manuel Augusto Engrácia Carrilho.

Manuel Lopes de Almeida.

Manuel de Melo Adrião.

Purxotoma Ramanata Quenin.

Urgel Abílio Horta.

Voicunta Srinivassa Sinai Dempó.