nacional, a resolver por parte dos Poderes Públicos como das entidades privadas, numa bem orientada colaboração, em espírito do coerência com os princípios cristãos que informam a Constituição Portuguesa, e de objectividade em relação às necessidades do País.

Vozes: - Muito bem!

A Oradora: - Se até hoje o ensino particular tem contribuído com um volume de trabalho notável no ensino liceal, a verdade é que se impõe um reajustamento das condições do ensino livre, que dê a, família a possibilidade de uma verdadeira escolha entre estes dois ramos de ensino, ao professorado uma ocasião de estímulo e valorização pedagógica, à Nação um notável enriquecimento do que resulte uma acentuada promoção humana.

Vozes: - Muito bem!

Vozes: - Muito bem!

A Oradora: - Poderá vir a equiparar-se o regime do ensino livre ao do ensino oficial, modificando o sistema que leva o primeiro a suportar, através dos impostos de que está onerado, uma parte dos encargos do segundo, além dos próprios?

Deixo as perguntas em aberto, lembrando, no entanto, o seguinte: circulam hoje por todo o País avultadas quantias por conta da educação: propinas, material escolar, transportes, lições auxiliares, uniformes, etc. As famílias sentem tão imperiosamente a necessidade de educar a juventude que não se poupam a sacrifícios nem hesitam em dispensar os possíveis salários dos filhos para conseguir os seus intuitos.

Nos meios económicamente débeis o facto é de assinalar e de louvar, assim como é de notar que em todos os meios sociais a verba da educação toma hoje lugar preponderante no orçamento familiar. Não me parece inviável fazer-se uma estimativa dessas verbas privadas e daquelas que estão oficialmente consignadas, tal como o estudo da possibilidade de uma mais equitativa redistribuição social, em que se me afigura justo poupar as famílias que mais filhos dão à Pátria.

Vozes: - Muito bem!

A Oradora: - Seria de ter em conta a generosidade com que todos afinal se dispõem a gastar com a educação, respeitando, porém, nesta hora de sacrifícios, o dever de ser sóbrio, austero, poupado nos dinheiros da Nação.

Vozes: - Muito bem!

A Oradora: - E qualquer que venha a ser a fórmula encontrada para resolver este delicado aspecto da questão, indispensável será fazê-la acompanhar de um esclarecimento, tão completo quanto possível, que disponha os espíritos a favor de uma verdadeira, fraterna cooperação social.

Vozes: - Muito bem!

A Oradora: - Sr. Presidente: alonguei-me excessivamente e nem assim soube equacionar e apontar soluções aos problemas.

Vozes: - Não apoiado!

A Oradora: - Tenho, porém, para mim que não ganharemos a partida se, por receio da sua complexidade, os pusermos simplesmente de lado.

Pelo contrário, penso que a política da educação se conduz como uma batalha de que não se põe em dúvida a vitória: com fé na justiça dos objectivos, com perseverança na luta e usando com paciência e conhecimento de causa os meios que estão ao nosso alcance.

Batemo-nos em África pela integridade nacional, e a ela temos dado o melhor da nossa alma e das nossas forças.

À Nação, porém, mais do que a terra, é a gente que lhe dá expressão e vida. E a campanha da educação, que urge levar a cabo, é a segunda batalha da mesma guerra pela integridade de Portugal. Também para ela não pode faltar o nosso esforço, o nosso entusiasmo, o mais devotado amor à Pátria.

E com a ajuda de Deus venceremos!

Tenho dito.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Sr. Gonçalves Rodrigues: - V. Ex.ª dá-me licença, Sr. Presidente?

Queria apenas fazer um rápido comentário à exposição que acabamos de ouvir da nossa ilustre colega Sr.ª D. Maria Margarida Craveiro Lopes dos Reis. Creio que todos os que me ouvem concordarão comigo quando eu afirmar que ela nos expôs um diagnóstico inteligente, feito com sensibilidade e com inteligência e cultura, de um problema que não é de hoje, mas que não pode ser já equacionado com os dados de há 17 anos, de quando data a reforma do ensino liceal.

A sociedade portuguesa está passando por transformações profundas, de muitas das quais até nem tomámos ainda consciência.

Entendo que a exposição aqui feita deve constituir hoje um ponto de partida muito importante para o estudo da educação feminina em Portugal.

Ficamos a dever à Sr.ª D. Maria Margarida Craveiro Lopes dos Reis uma interpretação pessoal de uma autoridade rara. Permito-me felicitar V. Ex.ª em meu nome, e julgo que o poderei faze r em nome de todos os Srs. Deputados, ...

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Sr. Gonçalves Rodrigues: - ... pela brilhante exposição que acaba de fazer à Câmara.

A Oradora: - Agradeço muito a V. Ex.ª as suas palavras e peço que este apoio às minhas considerações não seja tomado como referência pessoal, mas vá contribuir para aumentar o interesse que o problema em si realmente merece.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

A oradora foi muito cumprimentada.