adultos exceda o limite de uma instrução elementar - 3.ª e 4.ª classes, o que, aliás, já é muito -, e não se vê melhor nem mais fácil maneira de prestar o seu ensino que continuá-lo pela Campanha de Educação de Adultos, feliz e brilhante iniciativa e acção do Exmo. Sr. Dr. Veiga de Macedo, quando Subsecretário da Educação Nacional. À exclusiva acção desta prestigiosa iniciativa se deve já, desde o seu início, a admirável eliminação de cerca de 580 000 analfabetos, a um ritmo médio aproximado de 55 000 por ano, ritmo que atingiu ponto culminante em 1954, com 86 370, e que a seguir entrou em regresso, até descer a 33 320 em 1962.

A distribuição etária dos 2 100 000 analfabetos existentes revela que, aproximadamente, 1 200 000 se situam no grupo 15-50 anos e 900 000 entre os 50 e os 75 anos.

Infelizmente, para aqueles de idade superior a 50 anos, nada mais se poderá fazer do que aguardar a sua eliminação natural, eliminação que a estatística demonstra processar-se à razão de 20 000 a 25 000 por ano.

É sobre os 1 200 000 que a Campanha poderá e terá de exercer ainda acção redutora.

Reconhece-se que, na medida em que a Campanha avança no tempo, tropeça cada vez mais com os menos favorecidos e os mais desinteressados.

Mas, por isso mesmo, a Campanha terá de redobrar de actividade, em vez de fundamentar defesa para letargia.

Não é puro sonho, com certeza, poderem retirar-se do vasto campo de iliteracia 500 000 a 600 000 analfabetos. Mas para isso a Campanha, em vez de embotar, terá de regressar ao vivo entusiasmo do começo, manter sempre forte a energia da sua irradiação, pelo zelo de uma inspecção frequento, pela repressão do refractários e de desinteressados, pela persuasão, pelo estímulo e ainda pelo apelo às entidades patronais, quer individuais, quer grandes ou pequenas empresas, industriais ou agrícolas, para que cooperem, para que directamente se interessem na Campanha, numa perfeita compreensão do alto valor que a instrução significa para as suas actividades e para os seus servidores.

Só desta forma poderá o País aspirar a reduzir, nos próximos dez anos, o analfabetismo da sua população activa de 34 por cento a um índice menos assustador e de características muito mais progressivas de 20 a 22 por cento.

Sr. Presidente: vamos passar ao último dos aspectos: o ensino técnico superior.

Hoje, como há 37 anos, diploma-se o engenheiro ao fim de 17 anos de ensino: 4 de instrução primária, 7 de liceu e 6 de escola superior.

Iniciando a sua vida escolar aos 7 anos, está o diplomado apto a começar o exercício da sua profissão, no mínimo, aos 24 anos e normalmente aos 25 e 26.

Ao longo da nossa vida profissional tivemos ocasião de comparar, por observação directa - único valor da comparação -, a formação dos nossos técnicos à saída da Universidade - e vincamos à saída da Universidade, porque desejamos apenas referir-nos à acção formativa do ensino -, com a dos técnicos de escolas estrangeiras em pé de igualdade.

Os técnicos estrangeiros começam a sua vida profissional nas actividades industriais dos 21 aos 23 anos, quando os nossos nunca antes dos 24 aos 26, e foi evidente que os nossos, em relação àqueles, apresentam: muito maior cultura geral - ponto favorável: muito maior cultura matemática - outro ponto favorável; equivalente cultura das ciências aplicadas; menor sentido objectivo das aplicações, e falha notória de orientação e selectividade profissional, traduzida por deficiências de adaptação e de interesse pela profissão.

Partimos da expressão deste breve enunciado, de pura base objectiva, para as nossas simples considerações.

O ensino universitário tem de ser necessariamente de domínio elevadamente amplo, para que possa garantir ao País toda a diversidade intelectual criadora e motora do seu contínuo e progressivo desenvolvimento.

Para quem frequenta a escola superior com o fim de exercer uma determinada profissão especializada - propriamente o técnico profissional - tem o ensino de assumir aquele mínimo de instrução que cabalmente corresponda ao exercício perfeito da sua profissão, afirmando-lhe capacidade intelectual permissiva, através da experiência, do seu contínuo aperfeiçoamento até à plenitude dominadora da actividade a que se dedicou: comando, gestão e inovação.

Por sua vez, compete ao mesmo ensino universitário afirmar ao País a formação de um escol básico de eleição intelectual que assegure o acompanhamento contínuo da evolução científica e inovadora mundial, que promova a constante valorização dos recursos nacionais através da investigação e que assegure ainda através do ensino a constante actualização da intelectualidade juvenil.

Por outro lado, é de elevada expressão para o próprio e para a economia do País que o diplomado inicie a vida profissional o mais cedo possível; portanto que obtenha o seu diploma no mais curto prazo.

Do valor desta expressão e da amplitude do âmbito ressalta um dos erros fundamentais do nosso ensino técnico superior: a existência do grau único.