Estas novas vias e esta nova ponte aliviariam a cidade da viação posada que; actualmente é forçada a atravessá-la sem qualquer interesse para os que a conduzem e com grave prejuízo da própria cidade. A viação ligeira acelerada também teria passagem livre e quantos demandam a cidade por motivos turísticos, comerciais, culturais ou de outra ordem teriam sempre asseguradas amplas e livres entradas. A vida das cidades progressivas exige uma e outra coisa. Coimbra bem merece, por isso, que os seus acessos funcionem como verdadeiras artérias e possam facilitar a sua vida e garantir o seu pujante desenvolvimento.

Os jornais também deram conta de um anteprojecto da Auto-Estrada Lisboa-Porto, passando na Geria. Não disseram, no entanto, as razões que impunham a passagem naquele ponto e eu não vejo bem por que motivo se há-de escolher para a travessia do Mondego um tal local que vem tornar excessivamente caras as obras indispensáveis a tal empreendimento. Nesse ponto há que contar com as travessias da vala do Norte, do rio Velho, do actual Mondego, dos campos que ficam entre um e outro e das ínsuas da margem esquerda deste rio. O aluvião acumulado pela sedimentação secular deve atingir dezenas de metros de altura e a impetuosidade das cheias há-de exigir extraordinária solidez das construções. A mim afigura-se-me que quanto mais próximo de Coimbra se fizer essa travessia, mais económica virá a ser a obra.

Vozes: - Muito bem!

municações, em nome dos interesses da cidade, o meu veemente apelo para que se acelerem os estudos para remover do seu interior aquele caminho de ferro e aquela estação que comprometem o seu desenvolvimento e cujos comboios constituem perigo constante para a vida dos cidadãos.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Por causa deles não se dá andamento à avenida marginal direita, do mais alto interesse turístico, nem se resolvem outros problemas de indiscutível importância para a cidade. A futura estação dos caminhos de ferro que substituirá a estação de Coimbra-B ficará dentro da cidade e terá assegurada a ligação com o centro da mesma e com o Calhabé, por transportes colectivos suficientes.

Os passageiros que demandem a Lousa e os que dali venham à cidade ou sigam para o Sul poderão servir-se da paragem do Calhabé para tomar ou abandonar o comboio. Esta estação do Calhabé poderia servir de testa dos comboios de passageiros entre Lousa e Coimbra enquanto se não fizesse a ligação por Coselhas ou pela margem esquerda do Mondego, conforme se impõe e segundo o projecto que vier a ser preferido e aprovado, enquanto a linha não seguir até Arganil e Beira Baixa, como é necessário. A chamada Estação Nova, às Ameias, poderia, portanto, desaparecer dentro em pouco. Assim o deseja intensamente a cidade e assim o entende igualmente o ilustre Ministro das Obras Publicas.

Temporariamente, ficaria a via para garantir o transporte de mercadorias durante a madrugada ou para assegurar qualquer necessidade imperiosa de reforço de material circulante. Assim se iniciaria a resolução de um dos mais delicados e prementes problemas da cidade de Coimbra.

Sr. Presidente: ao apresentar algumas sugestões, ao recordar problemas já tratados noutras ocasiões, ao referir estudos que, estão em curso no próprio Ministério das Obras Públicas, não quero senão mostrar os direitos e as necessidades de uma cidade cheia de tradições e de tanto valor na vida do País. E ao defender os seus direitos e o seu interesse, ao chamar para eles a atenção do Governo e ao apontar a necessidade de os resolver urgentemente, não defendo só os interesses de uma cidade ou de um distrito, mas os do País inteiro, porque a cidade é rica de valores culturais, artísticos, históricos e turísticos e porque é nó de ligações rodoviárias da maior importância para a vida da Nação.

Tenho dito.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Pinto de Mesquita: - Sr. Presidente: no ciclo anual comemorativo do fausto centenário do rei D. Carlos, o dia 1 de Fevereiro, posto aniversário da tragédia, não deve ficar omisso, mormente nesta Casa que sua foi, como cabeça da Nação.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Palavras curtas; não de funeral pela data; isso o fizemos de mãos dadas com o velho amigo Dr. João do Amaral na sessão homóloga desta, aquando do cinquentenário do atentado infando.

Cumpre-nos hoje observar o evento pelo avesso do tempo que nos decorre.

Para o rei prostrado - e com ele por régia herança para o príncipe -, como para os mártires da Igreja, o dia do seu sacrifício incruento converte-se no dia da sua glória: é o seu dia!

Isso o exprimiram bem as palavras anunciadoras do centenário à vista pronunciadas pelos Srs. Deputados Júlio Evangelista, Lopes de Almeida e Pinheiro da Silva nesta Assembleia, precisamente há um ano.

De igual sorte o fez o Sr. Deputado Cancella de Abreu na sessão de 11 de Dezembro passado, valorizando na merecida medida a inauguração reparadora, em 28 de Setembro, da estátua de el-rei, junto do Paço da Ajuda, onde cem anos antes vira a luz.

Com dignidade verdadeiramente régia se celebrou a cerimónia, onde usaram da palavra o Sr. Presidente da Câmara de Lisboa e, pela comissão promotora do monumento, o Dr. Rui de Andrade, ante os representantes mais