cimeiros do Estado e da família de Bragança, pessoas altamente qualificadas da Nação, e muito respeitosa multidão de povo.

l de Fevereiro: dia de martírio, dia de glória!

Efectivamente, a distância, no tempo, a análise desapaixonada dos documentos salvos, a lição dura dos efeitos de mitologias políticas vazias, o panorama do mundo que nos cerca, levam a mediania dos portugueses de hoje a ver a figura do monarca a uma luz muito diferente daquela pela qual o delírio passional dos seus contemporâneos o pretendeu condenar.

Sabe-se melhor agora quanto o rei se esforçou, dentro dos discretos limites da sua actuação constitucional, por reparar os desastres nacionais que a política dos partidos e as ambições estrangeiras propendiam a criar-nos.

Foi a sua política ultramarina, militar e diplomática polarizando a sua acção.

E para a proficuidade dessa política impunha-se a indispensável reforma da nossa administração interna.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Nessa orientação construtiva, contra a qual a conjura dos interesses se casava com a emotividade passional do povo desvairado, se amalgamou o ambiente determinante do crime.

D. Carlos, como já alguém observou com justa serenidade, foi vítima não de defeitos que porventura tivesse - e como homem quem os não tem? -, mas das altas qualidades que em boa, ou má, hora quis desenvolver em prol da Nação.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Assim, efectivamente, a sua morte converte-se na sua glória!

Ex adverso, sentindo isto, há quem tenha procurado obscurecer os seus méritos, sobretudo pelo que respeita à sua acção diplomática quanto à renovação da aliança inglesa.

Os documentos e depoimento que têm vindo a lume são, contudo, bem demonstrativos da sua decisiva intervenção para se alcançar tal objectivo aproveitando a guerra com os Boers.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Também se pretendeu negar a sua mediação útil na Entente Cordiale, pedindo se exibam dela documentos.

Por acaso, vim ao conhecimento de uma entrevista que o escultor Teixeira Lopes, acompanhado de João Chagas, ao tempo nosso Ministro em Paris, teve com o então já ex-presidente da Republica Emile Loubet por qualquer assunto atinente a Portugal.

Falando-se do rei D. Carlos, Loubet, tecendo-lhe rasgados elogios, deplorou sua morte cruel.

E então confidenciou quanto a nação francesa devia ser grata à sua memória pela forma por que tinha ajudado a contribuir para o sucesso da realização da Entente Cordiale.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Isto consta das memórias manuscritas que Teixeira Lopes deixou e se acham arquivadas no respectivo museu, em Gaia.

Seja esta nota inédito retoque dado à figura pelo escultor, o ramalhete de vermelhas rosas a depor hoje no sopé da estátua de el-rei D. Carlos I.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Presidente: - Vai passar-se à

O Sr. Presidente: - Continua em discussão o aviso prévio apresentado paio Sr. Deputado Nunes de Oliveira sobre educação nacional.

Tem a palavra o Sr. Deputado Cid Proença.

O Sr. Cid Proença: - Sr. Presidente: já se afirmou, segundo parece, que dificilmente se teria a Câmara fixado em tema de interesse mais universal. Não ponho em causa o asserto; desejo tão-sòmente reflectir sobre o entendimento a dar-lhe.

Suspeito, na verdade, que alguns, da mais cândida boa fé, se apresentam ainda, hoje perante os problemas da educação, ou os da escola, a que em sumário juízo reduzem aqueles, na atitude passiva (acomodada ou descontente, ao caso tanto importa) de quem requereu, pagou, deu tempo ao tempo e espera haver mercê... E como investiram o capital dos educandos, segundo a medida da própria exigência, na perspectiva de um diploma nobilitante, uma aptidão profissional sujeita a contraprova, talvez a revelação de uma personalidade humanamente rica ou apenas equilibrada, o acto ritual da matrícula e o solene ponto final do exame balizam o seu interesse e constituem instrumento de quitação das pátrias responsabilidades.

Por outro lado, no tom em que às vezes são tomadas contas a respeito da condução da actividade educativa, transparece não só a partir da convicção do axiomático monopólio da competência estadual o esquecimento da missão e dos campos de acção naturais de outras sociedades, mas também o jeito de dissertar como sobre coisa estranha ao mundo pessoal e sectorial de quem critica ou aconselha.

Se o interesse é interesse da- ordem subjectiva, mero estado de espírito, a atribuída universalidade sofre, pois, avantajadas restrições, quer na consciência das responsabilidades, quer na ciência da pluralidade dos aspectos da questão.

Todavia, não é com tal sentido que deve falar-se em universalidade de interesse. Que tudo, ou como se tudo seja na vida da comunidade e no comportamento individual, condiciona, directa ou indirectamente, a obra de educação, isso sim, pode sustentar-se. Daí decorre que ninguém se isenta sem culpa do assumir neste plano posição afirmativa e, muito menos, merece absolvição das influências negativas que exerceu.

Sr. Presidente: contra a permanente sugestão dos ambientes obtêm escassos resultados individuais toda a sorte de advertências e toda a escala de constrangimentos. É dos livros e não sei que válida experiência o contrarie.

Infinitamente mais adequada portanto, e mais económica de frustrações e desenganos, a conquista dos ambientes do que a imunização contra as suas sujeições, a entrada em conta com a sua influente realidade do que as rectificações que suscite quando em pura perda se trabalhou ignorando-a.