diferenças; e compensações, e limiares de preço, e taxas de fronteira, a marcar conceitos de justa equiparação das diversidades naturais.

O Sr. Gamboa de Vasconcelos: - Muito bem!

mar, que temos muito a fazer para realizar este melhor uso das virtualidades próprias; é assim que entendo os planos de reconversão, e assim estou pronto a dar-lhes o meu voto e aplauso, como organizadores de rumos futuros.

Mas, há uma crise aguda da agricultura, e estes planos de viragem e de reconversão, por mais voltas que lhes demos ao apreciá-los, tais como outros planos pouco antes preconizados, nada nos oferecem de soluções imediatas.

O Sr. Rocha Cardoso: - Muito bem!

O Orador: - Nem, quanto aos actuais, de soluções bastante amplas, no sentido de que para agora se fala só em trabalhar o Alentejo, a seguir, talvez, Trás-os-Montes - ou serão as regiões do milho? -, não havendo grande segurança de projectos para o resto do País, quando o certo é serem gerais as queixas, prementes as aflições e instantes os pedidos de providências rápidas, do Minho ao Algarve, se não também da ilha das Flores a da Madeira.

Nunca agrada aos interessados, e pode intrigar os observadores, se numa situação de crise a requerer soluções imediatas se oferecem como resposta apenas medidas de efeito a prazo.

O Sr. António Santos da Cunha: - Muito bem, muito bem!

maior interesse para a generalidade dos produtores. E comentava - a observação é de interesse, por não ser portuguesa - que para mais a tendência das grandes reformas é serem regularmente adiadas, por serem com frequência concebidas ao sabor de ideias gerais afastadas dos realidades.

Dentro de dois anos tivemos, já duas séries de planos, ou dois esquemas de programa, será melhor dizer, cada qual com a sua nota tónica própria; perdemos tempo a discutir pormenores de um e vamos decerto perdê-lo de novo a elaborar os do segundo.

Devo dizer, porém, e em plena sinceridade, que este último me parece ditado por melhor conhecimento das realidades da economia agrícola e gizado em termos de melhor aplicabilidade ao meio.

A estes dois títulos ajusta-se bem o acertado critério anunciado pelo Sr. Ministro da Economia na sua conferência de imprensa de 28 de Junho último: «Uma política económica só será eficaz se assentar directamente nas realidades actuais»; mas necessário será que tome em conta, no seu devido peso, todas as realidades actuais.

Ora, sendo uma destas a de a nossa agricultura carecer de experimentar novos rumos, os planos do Ministério da Economia e da Secretaria de Estado da Agricultura ajustam-se-lhe; mas, sendo outra a de uma perigosa debilidade económica, filha do desajustamento dos custos e dos preços, não vemos ainda nada organizado para a tomar na necessária conta, com ao menos paliativos, imediatos como se faz mister, intercalados ou não na reconversão que se delineia, apesar de o Sr. Ministro não ignorar o problema, pois abertamente se lhe tem referido em público. Entendeu não o poder resolver: isto não lhe diminui a urgência, e portanto há que rever os limites da impossibilidade sentida, medi-los de novo nos seus verdadeiros termos, que são os da sobrevivência de muitas explorações, por ora insubstituíveis como meios de sustento de quem lá se emprega, e os da possibilidade de progressos de todas as demais.

É a aguda consciência desta necessidade que afinal me traz aqui, pois não me move, nem por sombras, insisto em protestá-lo, a menor adversão à personalidade tão simpática e aos propósitos tão plausíveis do Sr. Ministro. E, já agora que estou nestes domínios do subjectivo, quero acentuar que S. Exa. reconheceu uma terceira realidade da conjuntura, ao dizer ao País, através da televisão, que «precisamos de ter aquilo que se pode chamar um certo carinho pela nossa lavoura»; e acentuo isto para lhe afirmar que pela verdade avançada lhe estou tanto mais grato quanto tomei para mim próprio, no início deste discurso, dele e de um seu colega ilustre de país amigo, a mesmíssima tese.

Naquela conferência de imprensa que foi o seu primeiro grande contacto com a Nação, o Sr. Ministro apreciou as questões agrícolas com clareza, com coragem, com a inteligente abertura de um espírito evidentemente muito esclarecido da problemática da economia agrária nas suas conclusões mais recentes.

Ali ditou três objectivos de bastante evidência para poderem merecer adesão franca, mas tão gerais que deixam o campo aberto a fartas conjecturas sobre o modo prático de os atingir: a agricultura deverá ser destinada ao mercado; ter rendabilidade; e caminhar para a paridade com os outros sectores.

E logo esclareceu o sentido destas palavras, precisando que os problemas da comercialização agrícola se tornam