da lavoura de certos países (entre os quais Portugal), o homem da terra julga que o problema é só seu. E, porque o julga, vai de pensar também que pouco custa resolvê-lo.

É, claro, o que se diz à escala do homem, eis que o temos como aplicável à escala de nação. O que, então, nos conduz a dizer que não pode Portugal

julgar-se o único país atingido - como o não poderá dizer qualquer outro país isoladamente.

Com efeito, se compulsarmos os relatórios e outras peças informativas que os serviços competentes, por exemplo, da F. A. O., fornecem a todo o Mundo, certo será que os números que de lá extraímos não serão de molde a darem-nos alegria nenhuma. Quer no que se refere à suba-limentação, quer no respeitante à, subnutrição - bom é que se saiba que há ainda muito caminho a percorrer para se alcançar um nível que não choque o observador. Acontecendo, até, que o observador (por obrigação ou por devoção) nem sequer se poderá conservar de ânimo frio, imperturbável.

Sr. Presidente: na realidade, fica-se imediatamente com a certeza da imensidão da obra que se terá de fazer à escala mundial, não apenas pela solução que cada país pense ser a melhor para o seu caso nacional, mas também pela solução que, ao fim e ao cabo, terá de considerar o conjunto, com todo o seu jogo de interpenetrações de problemas e soluções - em que a solidariedade será chamada a dar. talvez, uma palavra final, com o seu cortejo de prioridades resolutórias, a prazo curto e a prazo largo.

Isto é: quando se tem diante do País o que falta fazer entre nós, em esforços de planificação completa da política agrária nacional - não nos esqueceremos de que ela. ao mesmo tempo que tem de ser concertada com a política económica geral do País, terá de lançar as suas vistas pelo panorama mundial.

Até porque do contexto mundial do problema agrícola podemos, pelos nossos altos departamentos deliberativos e executivos, obter indicadores ou realidades que co mecem por nos situar em coordenadas de soluções que se ligam mais às realidades imperiosas, realidades para muito tempo, e as facilitem entre nós, não com vista, pois, a mera condução para uma política de abastecimento, mas indo-se mais longe - com todo o jogo dos objectivos, não meramente imediatos ou a curto prazo, mas também a longo prazo, não apenas, em qualquer dos casos, quanto ao abastecimento interno, mas também com vista ao mercado externo, uma vez que, no que concerne ao âmbito mundial, os cálculos dos departamentos especializados internacionais dizem claramente que a percentagem dos esfomeados por todo o Mundo é enorme.

Em boa verdade, não ignoramos o que a F. A. O. pôs em nítida letra do forma perante o espírito dos responsáveis de todo o Mundo em matéria de alimentação e do nutrição. É o que se depende dos seguintes passos de um dos seus relatórios, quando fala de objectivos a alcançar:

Os objectivos a curto prazo (atingindo os anos de 1970 a 1975) visarão a eliminar a subalimentação e a subnutrição, que estão com o seguinte nível:

Países de baixo nível calórico: por habitante, há apenas disponibilidades alimentares para a cobertura de 80 por cento das necessidades de uma vida activa e sã;

Todo o Mundo: tem cada habitante apenas 90 por cento de cobertura das suas necessidades.

Os resultados do inquérito demonstram que. no conjunto do Mundo, o d o fiou imediato é de cerca de 60 milhões de toneladas de produtos animais, 50 milhões de toneladas de fruta e legumes, 5,5 milhões de toneladas de gorduras. E, para vencermos os objectivos a longo prazo, haveremos de aumentar a produção actual de cerca de duas vezes o equivalente daqueles deficits.

Há aí, seguramente, muito para se dedicar a atenção de quem governa o Mundo em que vivemos - até para que não se reduzam produções (e até para que aumentem). Ponto será que se saiba como estabelecer equilíbrio são entre os povos produtores e os povos consumidores - nestes estando também aqueles, necessariamente.

Prezados colegas: segundo os departamentos competentes da O. N.º U., a população não deve andar por este mundo lá muito satisfeita. Nem agora, nem para os anos de 1975 e 2000, já que os cálculos demográficos e calóricos não são de maneira nenhuma brilhantes, como podemos ver: