impõe-se que, independentemente da desanexação de quaisquer terras que se deverão dar a outras culturas, ou mesmo à florestação, a produtividade se implante firmemente no que fica ou no que se juntar e esteja fora dessas actividades. Ê, aliás, o que preconizam os departamentos técnicos da O. N. U. e da O. C. D. E. que estudam as técnicas conducentes ao melhor aproveitamento das terras. Porque, não há dúvida: a agricultura portuguesa, longe de poder promover os incrementos dos índices de produtividade, antes tem, paralelamente a maiores produções, afectado maiores áreas - o que nos faz cair na certeza de que estamos em presença de meras extensificações, que não abonam a favor dos desejos (que devem prevalecer) dos referidos incrementos de produtividade. E isso me leva até a considerar que devemos usar da maior prudência em matéria de política de rega, porquanto para um bom resultado de regadios me parecem ser essenciais as condições seguintes:

Existência de água em quantidade suficiente e a bom custo;

Terra que seja susceptível de ser irrigada e possa ser económicamente preparada para receber os benefícios da rega;

Existência de elementos ou factores produtivos, humanos ou mecânicos, a bom preço;

Possibilidade de incorporação no solo da matéria orgânica indispensável para lhe dar ou manter nível de fertilidade; e colocação assegurada dos produtos em termos de remuneração adequada.

O Sr. André Navarro: - Muito bem!

sinal positivo - mas podendo acontecer que, ao fim e ao cabo, o sinal da soma seja negativo, pura e simplesmente. Estou convencido de que, salvo em casos de emergência aflitiva, não devem ser fomentadas campanhas conducentes às incrementações producionais desprovidas de produtividade. Porque muitas se fazem e são abraçadas pelos lavradores menos evoluídos só porque poderão ter garantida a aquisição das produções a preços, subvencionados ou não, que lhes agradam.

Entendo que as produções (promovidas ou não por campanhas) deverão ser conduzidas, na quantidade, na qualidade e na oportunidade, por forma que não se criem situações que ultrapassem a mera conjuntura que as promoveu. Porque não raro se assiste a casos em que parece que as campanhas que eram realmente de mera conjuntura se ficam com as galas de campanhas de estrutura, com afectação de garantia de preços e de aquisição. O trabalho será árduo. Alas nem as dificuldades são só nossas, nem, naturalmente, o mérito da s as minhas intervenções. E, se faço a defesa dos solos, de qualquer modo e pelo recurso à florestação, isso é porque só assim se recuperarão terras que virão a ser mais tarde aproveitadas para as culturas das várias espécies da agricultura tradicional ou reconvertida e se defenderão ou salvarão mesmo as que estarão em termos de se perder para a economia nacional.

Ninguém ignora que são muito raros entre nós os terrenos de planície aptos a serem explorados agricolamente sem preocupação quanto ao problema da sua conservação. Desde as pequenas ondulações até às zonas de grandes declives, tudo existe entre nós espalhado por toda a área continental e em escala elevadíssima. E se tal aspecto paisagístico, pela sua apresentação, deleita o turista, a verdade é que isso contraria em absoluto uma boa exploração agrícola do solo, sem custosos trabalhos de nivelamento, que, aliás, são muitas vezes impossíveis, dado que a espessura da camada arável se apresenta frequentemente r planícies que podemos percorrer por tantos desses países da Europa, onde só as cortinas de arvoredo contrariam tal monotonia, tal tristeza da paisagem. Mas é dessas campinas extensas que se obtêm os maiores rendimentos unitários em cultura agrícola; é aí que se encontram os solos férteis, que não perdem os seus princípios nutritivos pela acção erosiva das águas. E por lá é tão intuitivo, mesmo, o problema da defesa do solo contra a erosão que a mais ligeira ondulação de terreno nós a vemos sempre revestida do manto protector da vegetação permanente, arbórea, arbustiva ou mesmo herbácea.

O estado de degradação a que chegaram grandes superfícies do nosso país leva-nos a preconizar ou a admitir