obra fenomenal de Duarte Pacheco absolve o poder financeiro do alheamento e garantiu as câmaras meios que não descobririam facilmente.

Mas em Luanda, Lourenço Marques, no Porto mesmo, o caso muda de termos essenciais.

despesadores e activos.

Esses homens são portadores de alvitres e de ideias novas e sobretudo de meios frescos que avivam a região.

Se, porém, fenómeno se processasse era escala muito avultada, se as liquidações dos domínios territoriais, precipitando-se, correspondessem a uma verdadeira invasão, se houvesse destituição das elites locais em grande porção, então seria erro e, mais que erro, desastre social.

Imaginemos que a política trabalhista de um país aniquilava os domínios tradicionais, base estável da ordem social, da própria institucionalização política em benefício das novas fortunas mobiliárias.

O edifício social abalaria pelos alicerces, a província seria novo campo de algaradas infiéis; as certezas seculares desapareceriam sem vantagem para ninguém.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Portanto, numa economia de opção, de concorrência e de liberdade relativa, onde cada um pode fazer o que entende do que é seu, as compras limitadas apenas em si, os novos carolas da terra, com o seu acompanhamento de investimentos podem ser um bem relativo.

Do fenómeno inverso também se deve examinar as medidas e os limites.

Tirá-lo à terra, à província, à comunidade local, desapossar para fazer grandes prédios ou constituir grandes fundos será para além dos limites naturais um desvio de funções, um prejuízo, um grave dano social que apenas satisfaria teóricos delirantes e novos serventuários intelectuais, de novos senhores.

Um dos aspectos de retardamento e de falta de dinamização das nossas coisas agrícolas está na ausência de uma actualizada mobilização dos valores prediais.

Se pegarmos num diário de grande circulação moderno, francês, alemão, sabemos imediatamente como se cotam, nas regiões características, os terrenos de cultura a tanto por hectare, a sua rentabilidade provável, a sua especialização, as tendências e flutuações nas bolsas respectivas.

Não temos nada disso e assim também podemos figurar as dificuldades em que a banca trabalha.

Claro que são países enormes de compras e vendas maciças e constantes, onde as aplicações não são obra do acaso mas capitalizações precavidas e onde tudo estratificado os juízos se formulam com assento e as previsões com prudência.

Aqui, tirando alguma herdade trigueira ou de montado de certa dimensão, nunca se cabe como o negócio começa e, menos ainda, como acaba.

Devemos actualizar - estabelecendo em bases sérias uma ordem de valores a que não falte lógica nos resultados.

Haverá vantagem para muitos e para a própria banca, rios seus financiamentos.

A terra mostra inimigos poderosos:

Os Quinhentistas referem-se à usura daninha que permitia vida folgada e próspera junto da míngua dos que plantam e lavram.

Os inquisidores manejavam o confisco dos bens como puna violentíssima.

As justiças reais despojavam, nos casos das ordenações, mas a benignidade dos reis repartia a terra como favor e como honra, depois do conquistada.

As leis de desamortização desarticularam a imobilidade dos patrimónios do clero regular, que concentravam e usufruíam as melhores terras e os domínios mais vastos sob a praga, rios foi-os e como bons de mão morta.

Acabaram os vínculos que imobilizavam os domínios e as técnicas.

O partido liberal vencedor impôs, em nome da expatriação e das perseguições, largas indemnizações a seu favor ao partido contrário.

A economia livre o elástica permitiu a exploração da terra como um negócio capitalista, sem risco nem preocupação.

Mas ao mesmo tempo esta economia optimista assistiu a pulverização pelo Código Civil e viu confiscar pelos inventários, impostos sucessórios e pelas doenças familiares pequenos e até grandes patrimónios.

O Sr. Pinto de Mesquita: - V. Ex.ª dá-me licença?

O Orador: - Faça favor.

O Sr. Pinto de Mesquita: - A conversão, pelo Código Civil, dos prazos em perpétuos fateusins teve uma repercussão real na economia que V. Ex.ª está a expor, de uma importância decisiva.

O Orador: - O que não está é desenvolvida.

Em todo o caso há província, vida de trabalho saudável e obscuro, paz nos campos, justiça menos discutível para além de naturais fricções; há indulgência, actividade e compreensão porque, como no tempo de Varrão e Columela, o campo atrai, apaixona, toma conta da família e do homem, e não o digo por ver as águias de frente, mas porque da Natureza o homem e a família recebem noção de lisura, de franqueza, de apego à vida sã, de solidariedade comunal e regional e de trabalho seguido.

Quaisquer que sejam as transformações em marcha, o campo será sempre uma lição de Deus - nas boas e nas más horas.

Houve, em Portugal, de 1830 até ao começo do século uma geração de estudiosos e de empresários esclarecidos notabilíssima que desbravou, aproveitou, montou centros de lavoura e recolheu, na cultura da terra, os melhores pergaminhos e extraordinários valores.

O visconde de Vila Maior, que foi reitor da Universidade de Coimbra, Girão, Mota Prego, Xavier Pereira