de estar apto a indicar concretamente o rumo a seguir em cada um dos sectores de produção peculiar a coda região. Mas essa indicação deverá ser feita em termos de resultados práticos: tem de ser cada brigada, estação ou posto agrário o fulcro da caminhada a empreender.

E definido prèviamente o rumo para cada uma das regiões agrícolas nos referidos sectores (da vinicultura, pecuária, silvicultura, cereais, etc.) é depois indispensável não só dar apoio financeiro e técnico para as respectivas explorações, mas também começar pelo princípio, isto é, pelo arranjo e correcção dos solos, pelas obras de rega, enxugo, nivelamento ou segurança de terras quando for caso disso, pela construção de estábulos, nitreiras, silos, adegas, celeiros, etc.; pela aquisição de maquinaria, pela constituição de um parque de gado, etc.

Numa palavra: terá de se começar por aquilo a que já temos ouvido designar por «casa agrícola melhorada» em função das culturas a empreender. E isto q ue tem estado a cargo da Junta de Colonização Interna precisa de ser ampliado, concedendo-se a esta entidade mais meios financeiros e técnicos para o levar a cabo em termos de eficiência.

Nas considerações por nós já produzidas, quanto à obra do vale do Lis, pusemos em relevo as desaconselhadas rotações de culturas' feitas pelos proprietários que assim procediam na ânsia de obterem rendimentos para fazer face aos encargos e depois de salientarmos que tal maneira de proceder afectava o nível de fertilidade pela mobilização total das reservas da terra, afirmámos que os serviços técnicos oficiais não haviam feito coisa alguma do muito que tinham a fazer, e que consistia em instruir os proprietários sobre o ordenamento cultural mais adequado a cada espécie de terreno, sobre a forma de aumentar o nível de fertilidade, etc.

Queixam-se os técnicos repetidamente de que a lavoura não segue os seus ensinamentos. Mas é de perguntar: terão os técnicos actuado com sentido prático, retribuição. O meio social agrário evoluiu, progrediu a passos largos; mas a máquina burocrática emperrou.

Ora o que a lavoura quer é uma assistência fácil, oportuna, inteligente, prática, com a existência de «propriedades - piloto» onde se fizessem experiências e depois a demonstração do que viesse a ser considerado melhor. Tara tanto são necessários menos técnicos nos gabinetes e mais técnicos nos campos, porque aqui é que é verdadeiramente a sua cátedra e a sua escola de treino. E sendo assim, já a lavoura atende e acode aos ensinamentos úteis e seguros, como se viu na experiência de Sever do Vouga, referida pelo ilustre Deputado Amaral Neto.

Em artigo de fundo do Comércio do Porto de 11 do mês corrente, o muito ilustre Prof. Doutor Pacheco de Amorim, depois de acentuar que existe «uma crise Agrícola assaz generalizada, que resulta dos baixos preços dos produtos da lavoura» o que, relativamente a indústria, existe uma «distorção de preços de que resulta o empobr ecimento e o êxodo dos seus trabalhadores» de que «não é a lavoura que tem a culpa», acrescenta que suo os técnicos que hão-de dizer como se produz mais e melhor e mais barato. Mas isto não basta preciso produzir artigos que o lavrador possa vender com lucro, e isto, conclui o eminente professor, já é com outros técnicos - os técnicos do comércio e da economia.

Isto quer dizer que se torna necessário que os serviços agrícolas tenham de estabelecer uma estreita colaboração não só com os serviços da sanidade veterinária, serviços florestais e da colonização interna, mas também com os serviços técnicos do comércio e da economia, pois só assim com um bem estruturado trabalho de equipa se poderão conseguir conhecimentos que uma vez transmitidos aos lavradores os ponham a coberto de caminhos ruinosos. Só através de um bem planeado e dirigido trabalho de equipa se poderão obter resultados palpáveis.

Que os técnicos realizem os seus trabalhos com toda a consciência, comp etência- e enforco de que são capazes.

Já Sua Santidade João XXIII, na encíclica Matar et Magistra, ensinou:

O trabalho deve ser concebido e vivido como uma vocação, como uma missão; como uma resposta à chamada de Deus que nos convida a tomar parte na realização do seu plano providencia] na história; como um compromisso de elevar-se a si próprio juntamente com os outros, como uma contribuição para a civilização humana.

Mas o que dissemos em Fevereiro de 1962 e Janeiro de 1963, nesta Assembleia, a propósito da obra de rega do Lis tem plena oportunidade neste debate, porque se mantém ainda e há largos anos por resolver o problema dos respectivos proprietários, que continuam a recusar-se a receber a obra e respectivos encargos. Isto apesar de ter sido criada, por despacho de S. Exa. o Secretário de Estado da Agricultura de 22 de Fevereiro de 1968, uma comissão administrativa para «promover as diligências necessárias no sentido de receber a obra» e que preside aos destinos da Associação de Begantes e Beneficiários do Vale do Lis, facto que, por ser inédito em obras de natureza hidroagrícola, Ho por si deixa reflectir as