bilidade de existência de mão-de-obra em circunstâncias de atender a pressão de um desenvolvimento industrial metódico e ascendente. À província, apesar do dreno anual de três dezenas de milhares de emigrantes para o Brasil e outros territórios, possuía alta natalidade e uma reserva de mão-de-obra pouco produtiva na agricultura, que podia ser encaminhada para o progresso industrial, de preferência a qualquer outro destino. Mas esse objectivo deveria ser atingido pelo tratamento paralelo do problema industrial - técnico e de consumos - e o do treino e orientação da mão-de-obra disponível no estado potencial em muitos casos.

Os dois problemas constituíam um único problema, dois termos de uma equação que não podia ser convenientemente resolvida sem a sua estreita conexão. Os resultados do ano dê 1960 e os elementos conhecidos sobre a emigração clandestina para alguns países europeus vieram dar força de gravidade a um problema nacional, que é o da mão-de-obra disponível e o seu emprego.

Estes pareceres há muitos anos defendem o princípio de um crescimento económico tão acelerado quanto possível. Aconselharam para esse efeito prioridade nos investimentos em empresas altamente reprodutivas, adiamento para melhores dias de obras que não possam dar um rendimento adequado quando comparadas com outras, treino conveniente dos melhores valores humanos no sentido de poderem utilizar a sua acção com a maior produtividade, numa palavra, medidas que pudessem atenuar o desfasamento entre os níveis do produto nacional de países vizinhos e afins, como é o caso de Portugal em relação, por exemplo, aos países do Mercado Comum e ainda outros.

O crescimento económico requer a coordenação de todos os factores que o impulsionam e exame de todos os recursos que são a base da sua própria evolução. E no momento actual, em que o País está a fazer um esforço no sentido de defender e preservar a sua integridade, o esforço terá de ser acompanhado de um sentir colectivo que ponha acima de tudo e apenas o bem nacional.

Estas considerações eram precisas como prefácio a certos resultados do censo de 1960 que serão expostos adiante, relativos ao emprego da população activa e ao gradual envelhecimento da população.

Alguns aspectos do último censo O envelhecimento da população Antes de iniciar algumas observações sugeridas pelos dados que definem as alterações demográficos em 1962, há interesse em comentar os últimos resultados do censo de 1960, recentemente publicados. Falta ainda conhecer outros, de manifesta importância para um diagnóstico correcto e actualizado da realidade económica e social portuguesa e da forma como tem evoluído.

De entre os novos elementos agora conhecidos destaca-se em especial a distribuição da população por idades.

O censo veio confirmar a tendência já antes revelada, agora, porém, com maior intensidade, do envelhecimento da população.

Bastará ver como têm evoluído as posições relativas dos indivíduos com 60 e mais anos e dos indivíduos com menos de 20: os primeiros, que representavam cerca de 17 por cento dos segundos em fins do século passado, aumentaram progressivamente a sua proporção, atingindo mais de 31 por cento em 1960.

Nos primeiros três censos do século actual o fenómeno, tanto quanto se pode aferir por este indicador, manteve-se pouco explícito, se não mesmo estacionário; mas a partir de 1930 nota-se o predomínio crescente dos grupos etários mais idosos.

Assim, as relações do grupo de 60 e mais anos para o de menos de 20 são as que seguem:

Percentagem

1900 .................. 22,60

Trata-se de um fenómeno corrente nalguns países mais evoluídos, em que há populações muito mais velhas.

A sua intensificação parece ser tributária do progresso económico e, sob certos aspectos, pode considerar-se também manifestação de progresso social. Mas nem por isso poderá deixar de ser cuidadosamente seguida, de modo a observar as suas causas e a ponderar os seus efeitos futuros. Os países pobres, que têm na sua reserva de juventude talvez o seu melhor capital, deveriam providenciar no sentido de aproveitar o melhor possível este factor de progresso, esquecido tão frequentemente nos próprios planos de desenvolvimento.

Quanto a Portugal, importa observar que alguns dos grupos etários mais jovens já hoje incluem menor número de indivíduos do que há dez anos: entre os 15 e os 29 anos contavam-se em 1960 menos 128 000 indivíduos do que em 1950. Neste caso há, portanto, um aspecto mais grave do que a alteração das proporções relativas dos vários grupos de idades; há a redução, em números absolutos, precisamente daquela camada que mais directamente pode participar em novos esquemas da actividade económica num país cuja industrialização se encontra em curso e se desejaria acelerar.

Do ponto de vista da composição relativa por idades, as alterações ocorridas desde o princípio do século são claras no quadro seguinte, com tendências suficientemente nítidas:

Destas cifras sobressai o gradual decréscimo da população de menos de 20 anos e o aumento da de 60 e mais anos. Os números mostram uma tendência, grave sobretudo no grupo de menor idade, que se reflectirá em breve nas pessoas mais válidas, entre, digamos, os 20 e os 39 anos, que já mostram sinais de afrouxamento.

O estado civil da população Dispõe-se também das cifras referentes ao estado civil da população. Assim, o número de indivíduos solteiros