pessoas, relativamente às entradas, em oposição a um déficit migratório de 6919 no ano precedente. Estas conclusões deduzem-se do seguinte quadro:

(Ver quadro na imagem)

O saldo fisiológico atingiu a mais alta cifra da série, com 123 336. Mas o alto nível da emigração e o surto nas saídas para o ultramar reduziram o nível do saldo líquido de 93 105 para 74 175.

Não se considerou, nem tal era possível, a emigração clandestina para países europeus.

A natalidade a mortalidade O aumento do número de nascimentos não veio alterar de modo significativo a taxa de natalidade (24,44 em 1962, contra 24,35 em 1961). Esta taxa tem-se mantido relativamente estável desde 1950, em seguida a um abaixamento progressivo durante três decénios.

Mas é possível que esteja em relação com o acentuado acréscimo do número de casamentos em 1961 (+ 8742), que corresponderá a uma taxa superior a 12 por cento sobre o ano precedente. Este acréscimo deve ter raízes nos acontecimentos de Angola. Movimento inverso no número de casamentos veio a dar-se em 1962, com uma redução superior a 7000.

Por outro lado, a baixa no número de óbitos permitiu que a taxa de mortalidade geral descesse para 10,75, nível praticamente igual ao que atingira em 1960 e um rios mais baixos verificados até agora. Observe-se, a propósito, que a taxa de mortalidade geral tem sido sempre inferior a 13 desde 1950, predominando as compreendidas entre 10,7 e 11,8. A média das taxas do último decénio á de 11,23.

Podem estabelecer-se algumas comparações internacionais escolhendo para tal efeito o quinquénio de 1957-1961. As taxas médias de mortalidade, em Portugal e nos cinco mais importantes países da Europa ocidental, podem ler-se nos números seguintes:

Percentagens

Alemanha Ocidental........... 11,1

França ..................... 11,4

posição do País não é, pois, desfavorável no conjunto apresentado, se bem que deva notar-se serem mais baixas do que a taxa portuguesa as de alguns países de níveis de desenvolvimento mais próximos do de Portugal. E certo que a mortalidade depende de muitos factores, além do grau de desenvolvimento, e mesmo da qualidade e cobertura da assistência a escala nacional, enquanto a respectiva taxa só dá um número global, sem distinção de idades, regiões, condições de vida o causas directas de morte.

Nas circunstâncias actuais, os dois aspectos que parecem de maior interesse para a análise da mortalidade, nas suas relações com a saúde pública, são a distribuição por causas de morte e o problema da mortalidade infantil.

Causas de morte Nas causas de morte continuam a revelar-se, embora com as naturais oscilações dos fenómenos demográficos, três tendências mais salientes. São elas: o decréscimo da mortalidade devida à tuberculose, o aumento dos tumores malignos, nos quais se incluem todas as formas de cancro, e as doenças do coração:

Representam tendências observadas há muito e que se inscrevem no vasto quadro do progresso científico e tecnológico, que, mais ou menos rapidamente, vai atingindo todos os povos. O recuo da tuberculose segue-se ao de muitas outras doenças infecciosas que outrora causavam epidemias frequentes e hoje se manifestam apenas esporadicamente, mercê dos novos meios de combate. A maior percentagem das do coração parece dever-se em parte à aceleração do ritmo da vida moderna e em parte a um preenchimento desfasado da quebra de mortalidade verificada noutras doenças.

Todos estes fenómenos, com projecção directa na vida, hão-de requerer modificações no aparelho assistencial que lhe permitam adaptar-se a novas necessidades, quer no campo das especializações médicas, quer na cobertura e mobilidade dos serviços, por forma a permitir diagnósticos oportunos e tratamentos fáceis para todos os doentes. A concentração actual dos elementos da luta contra o cancro é um dos aspectos que cabem nesta observação.

Mortalidade infantil Pelo que respeita a mortalidade infantil, é oportuno afirmar de novo que os resultados conseguidos estão longe de poderem considerar-se satisfatórios e revelam um dos mais delicados aspectos do problema assistencial deste país, como muitas vezes se tem apontado nos pareceres.

Conquanto a percentagem de partos com assistência de médico ou de parteira tenha subido progressivamente, ainda não atinge metade o número dos que beneficiam dessa assistência (47,1 por cento em 1962); e se forem considerados somente os que desfrutam de assistência médica, há pouco mais de um quarto (26,5 por cento no mesmo ano).

Este facto revela apenas uma das facetas de um tipo de assistência que, por sua natureza, deve ser prolongada no- tempo: cuidados pré e pós-natais, incluindo os higiénicos e alimentares com os recém-nascidos durante os períodos recomendados pela medicina pediátrica.

Como consequência de tudo isto, a mortalidade infantil não tem andado longe de 80 por mil dos nados-vivos, não se notando, infelizmente, uma tendência clara de decréscimo a partir do 1956.