Os acontecimentos que modificaram as condições políticas dos territórios fronteiriços a Moçambique ainda não influenciaram muito perceptivelmente os diversos factores que concorrem para o equilíbrio económico e financeiro da grande província do Indico. Os seus programas de construção, de fomento e de progresso social têm continuado a desenvolver-se normalmente e, passadas as primeiras incertezas do abalo que sacudiu Angola nos princípios de 1961, com projecção na outra costa, Moçambique retomou a vida normal, de paz e progresso, que a caracterizara nos últimos tempos.

Em 1962 as contas fecharam com um superavit relativamente confortável, que derivou em parte do aumento de receitas ordinárias, bastante apreciável. Infelizmente o déficit da balança do comércio agravou-se. Como por diversas vezes tem sido assinalado nos pareceres, este déficit constitui a fraqueza de uma província que, embora dotada de recursos materiais de alto valor e de possibilidades agrícolas de grande interesse, consagrou as suas energias e investimentos a criação de instrumentos económicos destinados a servir em grande parte territórios vizinhos: os portos de Lourenço Marques, Beira e, no futuro, Nacala, e os respectivos caminhos de ferro.

Esta rede de comunicações, convenientemente utilizada, trouxe rendimentos valiosos para as receitas provinciais e auxiliou e continua a auxiliar o equilíbrio da balança de pagamentos. O reverso da medalha, que precisa de ser corrigido com urgência, está na ainda fraca produtividade dos seus recursos naturais: na agricultura, na indústria e outras actividades afins.

O deficit da balança comercial atinge cifras que estão para além dos limites da segurança. Precisa de ser diminuído para cifras mais modestas, susceptíveis de não perturbar o progresso, se porventura falharem as parcelas das receitas dos invisíveis que hoje permitem um equilíbrio dos recursos, embora modesto.

Comércio externo Verifica-se este ano um agravamento da balança do comércio. Neste aspecto o ano de 1961 marcara nítida melhoria, com a redução considerável na balança comercial para l 172 085 contos (cifra corrigida). O déficit tinha ultrapassado a cifra incomportável de mais de l 500 000 coutos em 1960.

Julgou-se que o progresso continuaria e que gradualmente se viriam a obter melhores valores para o déficit. Mas as trocas de 1962 não corresponderam às espectativas, e o soldo negativo da balança do comércio elevou-se para l 292 293 contos, mais 120 208 contos do que em 1961.

Este infeliz regresso teve duas origens. Primeiro, as importações foram maiores, tanto em tonelagem como em valores. Importaram-se mais 399 346 t, correspondentes a mais 187 914 contos. Em segundo lugar, a exportação, embora tivesse subido, não acompanhou a importação, com apenas mais 67 706 contos. Os termos de troca também não foram de molde a favorecer o comércio da província, com redução acentuada nos preços unitários da exportação.

Estes elementos explicam o agravamento da balança do comércio externo, que se deduz facilmente do quadro que segue:

Importou-se muito maior volume de mercadorias, e de mercadorias pobres algumas, como o milho.

Foram quase 400 000 t a mais do que em 1961, entradas em 1962, o que elevou a importação total para l 152 468 t, ultrapassando pela primeira vez a casa do milhão.

Para os dois últimos anos a movimentação da tonelagem importada e exportada deduz-se do quadro seguinte:

O comércio total movimentou 2 133 1621, contra l 365 772 t em 1961 e ainda quantidades menores em 1960. À diferença é muito grande.

Houve nas exportações melhoria de 368 044 t, quase tanto como na importação, mas em valores as cifras do