Apesar das dificuldades em que vivem, muitos dos territórios do Extremo Oriente, as condições de Macau parecem ter melhorado sensivelmente em 1962.

Com efeito, as receitas ordinárias mantiveram-se durante muitos anos em cifra bastante baixa em relação até ao progresso verificado nas outras províncias ultramarinas, com a excepção de Cabo Verde, e em 1962 subiram para um nível que se pode comparar com o de outras.

O desenvolvimento económico de Macau parece ter sido uma das causas da melhoria de 89,6 por cento nas receitas ordinárias, cifra alta num meio financeiro restrito.

Há, em contraposição, o agravamento no déficit da balança do comércio externo, mas é difícil estimar a influência que esse agravamento pode ter na balança de pagamentos, dadas as condições peculiares das transacções na província.

Talvez que as próprias condições de instabilidade prevalecentes em territórios asiáticos tivessem concorrido para a melhoria verificada.

Macau representa na vida do Oriente um oásis de paz que acolhe no seu seio populações de todos os credos políticos e religiosos, onde vivem lado a lado pessoas que no exterior se combatem.

Esta calma permitida pela tolerância e autoridade portuguesas havia de produzir seus lógicos efeitos, e espera-se que a melhoria de condições verificadas em 1962 se mantenha nos anos próximos.

Comércio externo O saldo negativo do comércio externo subiu para 826 101 517 patacas. Este grande déficit, pelo menos na aparência, é devido ao aumento das importações, que, como adiante se notará, deriva também do acréscimo da actividade interna, dadas as condições especiais do emprego da população.

No quadro seguinte indicam-se as importações e exportações e os saldos negativos em certo número de anos:

Como se nota, a exportação tem aumentado quase continuamente nos últimos oito anos, e é irregular o movimento da importação, o que ocasiona oscilações de grande amplitude nos saldos.

O não haver dificuldades na balança de pagamentos parece ser milagre, dados os desequilíbrios.

O comércio de invisíveis e receitas de outra natureza, além dos subsídios concedidos pela metrópole, suprem as deficiências. Nas importações predominam as matérias-primas, que representam cerca de 61 por cento do total. E a própria natureza do emprego da população, o artesanato em relativamente grande escala, que obriga a esta grande utilização de matérias-primas.

No quadro a seguir dão-se as importações por classes pautais: