Apesar dos acontecimentos que perturbaram os problemas de África durante o ano de 1962, traduzidos em dificuldades económicas 'em muitos dos novos países, a vida financeira das províncias portuguesas prosseguiu dentro das normas, que as guiaram no passado. Não se pode afirmar que tudo decorreu como se o mundo africano não tivesse sofrido os abalos que o perturbaram e ainda perturbam, mas o exame pormenorizado da vida financeira e económica feito no relatório, que acaba de ser transcrito, mostra que as repercussões desses acontecimentos não conseguiram alterar a normalidade orçamental das províncias de além-mar. A metrópole continuou a auxiliar o desenvolvimento económico e social dos territórios ultramarinos.

Em 1962 foram concedidos subsídios reembolsáveis e empréstimos num montante de 598 300 contos, distribuídos na forma que segue:

contos

Moçambique. ..............200 000

Estes auxílios, além de promoverem a execução de variadas obras e melhoramentos de natureza social, indicados no relatório, contribuíram para o equilíbrio da balança de pagamentos em elevado grau nalgumas das províncias de além-mar. A comissão recomenda que os empréstimos e subsídios reembolsáveis sejam utilizados tanto quanto possível em empresas reprodutivas, e, em especial, naquelas que possam contribuir para a exportação ou produção de bens de consumo que substituam a importação. Todas as províncias ultramarinas, com excepção de Angola e S. Tomé e Príncipe, fecharam a sua balança do comércio com saldo negativo. Estes saldos agravaram-se em Cabo Verde, Guiné e Moçambique. Se forem excluídas a índia e Macau, o saldo negativo de todas as províncias ultramarinas eleva-se a 1 290 900 contos, devido principalmente ao desequilíbrio de Moçambique, que atingiu 1 292 300 contos.

A balança do comércio de todo o ultramar fechou com os saldos adiante mencionados:

Devem fazer-se esforços no sentido de reduzir os deficits do comércio externo do ultramar. Apesar de Moçambique suprir o volumoso desequilíbrio negativo da sua balança de comércio, que se agravou em 1962, por invisíveis provenientes de serviços prestados a territórios vizinhos, a comissão não pode deixar de recomendar, como imperiosa necessidade, a redução de tão elevado saldo negativo.

Para amortecer o seu efeito na balança de pagamentos da zona do escudo, haverá conveniência em aumentar as importações de outros territórios nacionais. Todas aã províncias ultramarinas fecharam a conta do ano económico de 1962 com saldos positivos.

Foram os seguintes:

Contos

A soma dos saldos positivos atingiu a cifra de 604 365 contos, que se pode comparar com a de 1961 (291 080 contos). Houve, assim, um aumento grande na soma dos saldos, que melhoraram, em relação a 1961, em todas as províncias, com excepção de Cabo Verde e Guiné. O acréscimo nos saldos foi muito pronunciado em Angola e Moçambique, mais 228 197 contos na primeira e 70 310 contos em Moçambique. Desenvolvimentos de natureza económica e social e a necessidade de desviar, para fins de defesa, maior somatório de meios financeiros requereram a continuação dos auxílios da metrópole já indicados.

As dívidas provinciais ultramarinas aumentaram por esse motivo, e eram as seguintes em 31 de Dezembro de 1962:

Milhares de contos