tem manifestado na defesa da lavoura e pela oportunidade do seu aviso prévio. Tenho dito.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

prontas e eficazes providências».

Vozes: - Muito bem!

gerais - como na esclarecida e prometedora exposição de S. Ex.ª o Ministro da Economia, parece que a crise agrícola nacional se circunscreve, ou, melhor, se acentua, no sector cerealífero, com honras especiais para os produtores de trigo.

É natural que esta minha desconfiança não passe de um infundado receio.

Exagero? E possível, mas se exagero há, não é de dimensões tais que envergonhe o desconfiado autor destas despretensiosas considerações.

A verdade é que aos clamores altissonantes dos que se dedicam ao cultivo do cereal bem se podem juntar os gemidos da lavoura da Beira, que represento nesta Assembleia.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

sejam filhos de gente casada e nascidos na mesma pátria.

É esta desigualdade de tratamento que, em boa parte, fomenta o êxodo rural, sentido nalguns concelhos do distrito da Guarda, talvez - digo talvez - com mais intensidade que em qualquer outra região do País.

Há aldeias em que, com raras, muito raras excepções, só crianças, velhos e inválidos se contam do género masculino. Ainda na semana passada me dizia um amigo, que na Guarda exerce uma profissão liberal, que das terras que trazia arrendadas já lhe haviam entregado seis propriedades e que não vê possibilidades de voltar a arrendá-las, mesmo a rendas baixas.

Diz o nosso colega muito ilustre Eng.º Carrilho que 40 por cento das nossas terras se encontram por cultivar, dada a falta de braços.

A fuga legal ou clandestina, mais clandestina que legal, para terras da França, tem levado os braços válidos dos nossos operários agrícolas.

E quem ousará condenar a ânsia de libertação da enxada, fonte de tribulações, de um baixíssimo nível de vida, a roçar pela miséria e pela fome próprias e dos agregados familiares que constituíram?

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Que mal fizeram à sociedade para cumprirem a pena vitalícia de viverem cheios de dificuldades de toda a ordem e condenados ainda a deixarem aos filhos a mesma herança que herdaram dos pais?

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - A enxada, como sinónimo de falta de abastança, de suor, de privações, de mal-estar familiar, confirmando o velho ditado popular: «Casa onde não há pão, todos ralham e ninguém tem razão». Nem só de pão vive o homem, é bem verdade, como verdade é que sem pão também não vive.

Talvez que a circunstância de ter vivido muito em contacto com essas desprotegidas gentes me leve ao exagero de tornar mais negras as tintas do negro quadro que representa o seu viver.

Em consciência posso afirmá-lo, disso estou convencido, mesmo porque quando, a más horas, tardiamente, algumas providências são tomadas, já não são os económicamente mais débeis que delas aproveitam.

Estes vendem os produtos que a terra lhes dá, em épocas certas, por necessidade imperiosa de satisfazerem os seus compromissos.

Para semear, em chegando o tempo, quer chova, quer faça vento, diz o nosso povo. Para vender, a época não