durante dois a quatro anos. Mas, dada a natureza do serviço, acontece que tais peças de deterioram mais cedo, pelo que terão do ser substituídas inteiramente à sua custa, dele, guarda florestal.

E, em boa verdade, são os guardas e os mestres florestais os maiores e mais directos credores da gratidão do País pela riqueza florestal; são eles os que velam pela sua conservação e defesa; os que mais se sacrificam a calcorrear montes e vales, em trabalho árduo de fiscalização, de capatazeamento e de direcção de sei viços; os que estão sempre prontos, a- toda a hora, dia e noite, com bom ou mau tempo, para acudir a incêndios ou quaisquer outros sinistros - sempre na primeira linha! Acontece até que eles, os menos remunerados servidores do Estado, se encontram frequentemente a dirigir pessoal jornaleiro e outro - mas a receberem muito menos, eles, os que dirigem, do que os que estão a ser dirigidos! Dos que estão a ser dirigidos na construção de edifícios, de pontões, pontes, postos de vigia, estradas, caminhos, etc.! Acresce a circunstância de que, não raro, esses servidores da floresta são obrigados a viver em locais completamente isolados, longe das povoações e do convívio social - o que, até, obriga os seus filhos a enormes percursos só para poderem frequentar a escola, modestamente vestidos e calçados, fracamente alimentados!

Daqui lanço um apelo para uma urgente revisão destas situações acabrunhantes para esses admiráveis e tão incompreendidos servidores do Estado!

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Sr. Presidente: perspectiva do maior interesso é sempre encontrar-se alguém que trabalha, que estuda, que se esforça, enfim, de qualquer maneira e mais ou menos intensamente, no sentido do seu erguimento na escala social - traduzida, tal perspectiva, pelo chamado «acesso aos postos imediatos». Ora, nos serviços florestais e aquícolas tal não acontece, praticamente, dada a exiguidade dos quadros, o seu não preenchimento integral e a não correspondência exacta, do ponto de vista legal, da proporcionalidade das várias classes dos elementos humanos que neles trabalham. Não há estímulo, pois.

E isto me faz trazer para aqui o que podemos ver em judicioso editorial do importante matutino O Século, inserto no dia 24 de Junho de 1963. Após considerar que a florestação é o sistema mais económico e eficiente de se conseguir a recuperação de terrenos de montanha, de segurar e proteger a terra e de obter, a par do equilíbrio físico, produções valorosas, aquele diário presta justiça aos esforços dos homens dos serviços florestais pelo que têm feito a favor não apenas da defesa dos solos, mas também da incrementação das riquezas que a floresta pode dar.

E lança, com números bem significativos, um brado de alarme perante o desinteresse da juventude pelo curso de engenheiro silvicultor. Mas imediatamente aponta as causas - que diz não serem privativas daquela profissão no Estado -, causas que são: largos anos de estudo e despesas que não encontram compensação nos exíguos vencimentos que o Estado atribui; outras exigências de maior ou menor monta que levam esses jovens a abandonar uma vida de conforto e outros prazeres legítimos em que foram nados e criados, e, por cima de tudo, neste caso especial de engenheiros silvicultores, a impossibilidade de fuga para empresas privadas que outros diplomados com cursos superiores procuram e encontram, na mira de mais altas remunerações e melhores regalias.

Diz O Século, naquele seu editorial:

O caso dos engenheiros silvicultores tom excepcional gravidade, porque pode retardar o incremento de um esforço já bem notável e de tão fortes repercussões na ocupação de trabalhadores, na criação de riqueza, na defesa e rio aproveitamento da terra o no volume da nossa exportação. É preciso examinar o problema e procurar resolvê-lo com urgência.

Claro, Sr. Presidente, cumpre-me dizer que não só os engenheiros silvicultores carecem da protecção do Estado. Dela carecem todos os que estão ligados à floresta, pela sua actividade, pela sua profissão.

Isto é: torna-se imperioso que se reveja o quadro do pessoal dos serviços florestais e aquícolas:

Na quantidade das suas unidades, porque tal quantidade é diminuta;

Nas suas quantidades relativas, incluindo a boa proporcionalidade do pessoal administrativo perante o pessoal técnico;

Nos vencimentos, pelo menos, dos serventuários das categorias mais baixas - principalmente e inadiàvelmente os guardas florestais;

Na outorga do regime de diuturnidades - benefício de que não gozam os «florestais», mas de que gozam outros servidores do Estado;

Vozes: - Muito bem!

O Orador:

Inclusão de todos os que servem a floresta, do fora dos seus quadros, nos benefícios da reforma e da assistência na doença.

Tenho dito.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Presidente: - Vai passar-se a

O Sr. Presidente: - Continua o debate sobre o aviso prévio do Sr. Deputado Amaral Neto acerca da crise agrícola nacional e das medidas tomadas para a enfrentar.

Tem a palavra o Sr. Deputado António Santos da Cunha.