Quebrado, assim, o vínculo que alimentava a fácil expansão da publicidade dos trabalhos Já Assembleia Nacional, por vazões nunca explicadas, que o saiba eu, certamente porque não tinham explicação, viveríamos como que segregados, quase a fazer crer que numa zona de silêncio, discutindo em segredo problemas da Nação, se não fora aquilo a que o grande jornalista Pedro Correia Marques chamou há dias o «quarto poder do Estado», a imprensa.

Mas, apesar da competência profissional e da boa vontade de quem procura informar bem os leitores, ou os ouvintes, e, por amabilidade, ultrapassar a tal tirania do espaço, muitas vezes essa tirania insuperável impede que quem lê ou ouve fique com a ideia precisa e o sentido exacto do que se disse ou pretendeu dizer.

Não será isso motivo para se deixar de agradecer.

Sr. Presidente: o ilustre Subsecretário de Estado da Presidência do Conselho, Sr. Dr. Paulo Rodrigues, nosso querido colega nesta Assembleia, em discurso notável proferido na sessão de abertura do II Encontro da Imprensa não Diária, anunciou estarem em estudo providências sobre o desenvolvimento dos meios da informação e a valorização do quantos a servem.

Não estamos habituados a ouvir prometer sem que se cumpra o prometido. Fazemos, por isso, votos por que nesse estudo colabore, a respectiva Corporação, que, através dos Grémios da Imprensa, diária e não diária, e do Sindicato Nacional dos Jornalistas, dará certamente sério contributo à estruturação de actividade considerada constitucionalmente como exercendo uma função pública.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - O problema é difícil e apresenta aspectos de sua delicadeza. Não me restam d Lívidas, todavia, de que da inteligência, autoridade e sentido político do esclarecido membro do Governo virá a sair a orientação precisa para que dos estudos em curso resulte um autêntico estatuto da imprensa, definidor e garante dos direitos e das obrigações daqueles a quem compete colaborar primacialmente na formação da opinião pública por meio de informação verdadeira e objectiva.

Vozes: - Muito bem!

regulamentação, o que tudo cria graves perturbações à vida económica de uma imprensa que deseja ser e continuar livre.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Os jornais portugueses, na sua generalidade, mantêm um nível de dignidade exemplar, cumprem com o seu dever de bem esclarecer e orientar a opinião pública nos problemas fundamentais da Nação, colaboram com o Governo na sua política de defesa intransigente da integridade geográfica e moral da Pátria, estimulam a confiança na justiça dos valores a acautelar contra a fúria dos inimigos e a tibieza dos amigos.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Não desejam certamente agradecimentos, pois quem serve o País não faz mais do que o seu dever, mas precisam de maior confiança na sua actividade crítica e informativa e menores entraves à sua actividade económica.

Sr. Presidente: tudo quanto acabo de dizer vem apenas a propósito, ou a despropósito, da realização no Porto, nos passados dias 21 e 22, do FE Encontro da Imprensa não Diária, que melhor se poderia designar por Imprensa Regional.

Este importante acontecimento, promovido pelo respectivo Grémio, teve o patrocínio do Secretariado Nacional da Informação, ao qual são devidas, por isso, honras e louvores. E, na verdade, digno de especial atenção o carinho e o sentido de oportunidade com que está a ser estimulada a actividade da chamada «pequena imprensa», que, pelo número dos seus leitores, que se estima em 2 milhões, e pelos serviços prestados ao País com a dedicação e o sacrifício dos seus proprietários e colaboradores, bem merece o qualificativo de «grande».

E quase centena e meia de jornais que se publicam periodicamente de norte a sul da metrópole, e oxalá o Grémio possa chamar a si, dentro de pouco tempo, os de todo o território português. É um pouco do concelho, da vila ou da cidade onde se publicam, da pequena pátria de muitos que, por razões várias, dela se tiveram de afastar, e que por essa imprensa podem sentir os seus problemas do dia a dia, do seu progresso e desenvolvimento, as manifestações do seu prestígio, a vida dos parentes, dos amigos, dos simples conhecidos, enfim, alimentar o amor ao torrão natal e sofrer a saudade, que nunca se afasta do coração dos Portugueses.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Bastaria isso para justificar a existência dos pequenos jornais da província.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Há que salientar, todavia, que nas conclusões do Encontro, em que estiveram presentes todos os jornais, com meia dúzia de excepções, ficou expresso o desejo da sua valorização colectiva, através de facilidades a que não pode deixar de se dar todo o aplauso, pela sua evidente justiça. Mas ressalta também, como primeira afirmação, votada por unanimidade, o propósito de continuarem a contribuir para a solução dos problemas nacionais, unidos à volta dos grandes ideais de Deus, da Pátria e da Família.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - E porque o voto saiu da alma de quantos estiveram presentes na sessão de encerramento, presidida pelo Sr. Dr. César Moreira Baptista, outro voto foi formulado: o de que o III Encontro da Imprensa não Diária