É natural que nos próximos anos um maior número de franceses procure Portugal. Contribuirá para isso o conhecimento ou saturação de outras regiões do Sul da Europa, o nosso baixo custo de vida e o aumento dos seus rendimentos individuais.

Alemães. - Também o «milagre alemão» apoiou uma expansão das correntes turísticas oriundas deste país.

Por exemplo, antes da segunda guerra mundial, mais concretamente em 1937, o tráfego turístico de fronteira assinalava, no total dos estrangeiros, em Itália, 12,4 por cento de alemães. Pois em 3961 eles elevaram-se a 25,5 por cento dos turistas que visitavam a Itália, com 30 por cento de ocupação, em dormidas, nos hotéis e pensões (cf. «Statistica del turismo», Bolletino Técnico Trimestrale de ll'Ento Nazionale Italiano por il Turismo n.ºs 49 e 50).

Por outro lado, os 732 000 alemães que em 1961 visitaram a França representaram 12 por cento do turismo gaulês (cf. Le Tourisme en France, 1961, ed. Comissariat General au Tourisme).

Mas os números relativos a outros países da Europa são igualmente ilustrativos. A Áustria recebeu, ainda em 1961, 3 201 522 alemães, ou seja mais 19,9 por cento do que no ano anterior; a Espanha 480 549. ou soja mais 46,5 por cento do que em 1960; a Noruega 71 000, ou seja mais 42 por cento do que no ano anterior: a Holanda mais 9,9 por cento do que em 1960. num total de 493 625; a Suíça 1 453 635, ou seja mais 15,8 por cento; a Jugoslávia 256 390, ou seja mais 12,3 por cento (cf. Le Tourisme dans les Pays de l'O. C. D. E., já citado).

Com pouco mais de 20 000 turistas alemães em 1961 e um acréscimo inferior a 32 por cento, relativamente a 1960, seria de esperar, dada a sedução dos Germanos pelo sol e pelo mar, que os índices de crescimento fossem mais elevados em Portugal nos anos próximos. Para isso poderia ainda contribuir o aeroporto de Faro e o desenvolvimento turístico do Algarve (cf. quanto ao planeamento do Algarve, o estudo do arquitecto Paulo Cunha, Plano do Valorização Turística do Algarve, publicado pelo Gabinete de Estudos e Planeamento Turístico do S. N. I.).

Ingleses. - No período de 1954-1962 parece que só a Espanha nos excedeu quanto à taxa média no crescimento do número de turistas ingleses (19 por cento para a Espanha, 16 por cento para Portugal).

O significado destes números é, porém, relativo se considerarmos a modéstia do ponto de partida.

Também o turismo inglês, pela média das suas permanências e despesa por turista, justifica os esforços que façamos para o intensificar.

Em números absolutos a nossa posição é hoje modestíssima. Recebemos, em 1961, menos de 34 000 britânicos, quando os números foram de 70 000 na Jugoslávia. 320 000 na Áustria., 690 000 na Suíça, 720 000 na França, 740 000 na Espanha e 1 600 000 (incluindo os excursionistas) na Itália.

A distribuição europeia do turismo britânico revela que ele oscila entre a montanha e a praia, os desportos de Inverno e as águas cálidas do Sul da Europa.

De resto, cerca de 26 milhões de ingleses deslocam-se anualmente para férias, mas no interior das suas ilhas, o que demonstra patriotismo e ... espírito de economia. Assim, a própria irregularidade do clima inglês poderá afectar o afluxo do velho globe-trotter ao continente.

Mas os números con tinuam a confirmar, nesta heterogeneidade de comportamentos, uma predilecção pelo sol e, pelo mar. Recentemente uma agência de viagens internacional salientava, que a Espanha tinha sido, no ano findo, o país mais popular entre os turistas britânicos, e Palma de Maiorea, visitada por mais de 300 000, tinha substituído Paris como o centro mais procurado pelos britânicos na Europa.

Escandinavos. - É ainda modestíssima a presença de escandinavos em Portugal. Os 5265 suecos que nos visitaram em 1961 representaram apenas um acréscimo de 0,5 por cento relativamente ao ano anterior. No entanto, já em 1961 a Espanha recebia 85 670 suecos, ou seja mais 21,3 por cento do que em 1960, número esse bastante suplantado pelos 100 000 suecos que estiveram no país vizinho em 1962.

No trabalho que tenho citado, Elementos Preparatórios de Um Plano de Desenvolvimento. Turístico para o Período de 1964-1968, aceitam-se possíveis índices de crescimento no afluxo de turistas dos vários países a Portugal, tentando assim estimar-se a sua evolução futura.

Creio revestir-se de interesse dar aqui conta desse cálculo, através do seguinte quadro:

Mas estaremos nós preparados para. um hipotético incremento nos afluxos turísticos? Disporemos de instrumentos externos que o desencadeiam e de infra-estruturas internas que o justifiquem e acolham?

Os meios de política turística desdobram-se habitualmente em aspectos internos (controle, auxílio e execução directa, investigação e ensino, etc.) e externos (propaganda, informação, etc.).

Concretizo, salientando dois conjuntos, cuja importância resulta não só das relações entre os elementos constitutivos, como ainda da posição funcional que um assume perante o outro: os serviços turísticos e os bens turísticos. Os serviços turísticos dependem das infra-estruturas materiais ou burocráticas em que se apoiam. Teremos, no primeiro caso, o exemplo dos transportes ou dos alojamentos e no segundo os serviços propriamente ditos, desde as agências de viagens aos guias-intérpretes. Ora será ainda todo este conjunto que afectará o êxito da política relacionada com os bens turísticos [política cultural, turismo artístico, histórico, científico ou docente, política, de espectáculos ou de diversões, política de negócios (exposições, feiras ou congressos), política balnearia ou, até, política desportiva].

Dentro desta orientação, passo a abordar, sucessivamente, os seguintes pontos: órgãos de política turística; meios de política turística; intercâmbio turístico entre