baué ou Malema, constituem cartazes iuvulgares e inolvidáveis.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - O parque da Gorongosa, o empreendimento de Vilanculos, os safaris, os hotéis do Lourenço Marques, da Beira e de João Belo, a excelente exploração das linhas da D. E. T. A., os serviços de táxis aéreos o voos não regulares, a experiência de Bilene, constituem já hoje valiosas infra-estruturas turísticas da África Oriental Portuguesa.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Mas, tal como Moçambique, também Angola se pode abonar com as suas riquezas cinegéticas, a exuberância da vegetação, a majestade das quedas de água, a sugestão éden iça da região da Gabela, a aprazível actividade humana de Nova Lisboa, a estranha sedução do deserto de Moçâmedes, o inesquecível espectáculo da Tundavala e toda a formosura de Sá da Bandeira.

E recordando ainda a Guiné, com o seu matiz de raças e folclore, a beleza de Peeixe ou o ineditismo dos Bijagós, Cabo Verde. S. Tomé ou as distantes terras portugueses da Ásia e Oceânia, surge naturalmente a pergunta:

Quando se disporão os Portugueses a conhecer melhor Portugal? Quando trocarão as suas viagens na Europa por uma visita ao Portugal de além-mar?

Não se pode dizer insignificante o número de portugueses que se deslocam ao estrangeiro. Já atrás salientei que em 1961 a balança do turismo acusou no débito um montante de 511 000 contos. O seguinte quadro indica, ainda para 1961, o número de. turistas portugueses que visitaram os países que no mesmo se assinalam ou aí utilizaram hotéis (cf. Le Tourisme dans les Pays de l'O. C. D. E., cit.):

Este reparo deve, aliás, ser extensivo às preferências nas visitas dos Portugueses do ultramar.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Convirá evitar o que &e passou com os Brasileiros. Tudo poderia levar a supor que os laços de história, raça- e linguagem constituíssem incentivo para que os Brasileiros visitassem Portugal. No entanto, a sua preferência por outras centros de turismo europeu, nomeadamente Paris, é uma realidade que já vem, pelo menos, do tempo em que o nosso Eça de Queirós escrevia.

Quando há anos se discutiu na Assembleia Nacional a lei de autorização do II Plano de Fomento, defendi a importância e oportunidade de se considerar também o planeamento do turismo. As realidades continuaram a dar-me razão e os serviços oficiais parece estarem agora mais atentos a este problema. A criação do Gabinete de Estudos e Planeamento Turístico, a cujo labor se ficam devendo já alguns trabalhos que tenho citado [Rapport d'Expertise. Plano de Desenvolvimento Turístico para II Período de 1964-1968, Plano de Desenvolvimento Turístico do Algarve (estudo preliminar) e Subsídios para Uma Análise da Oferta e da Procura], foi uma medida oportuna, pela importância de que se pode revestir o seu contributo. De igual modo, a instituição de um grupo de trabalho de turismo no Secretariado Técnico da Presidência do Conselho poderá completar, em certo sentido, os propósitos de planificação.

Sabe-se estar ainda em curso a elaboração de um plano de valorização da Madeira, a que se seguirão outras planos de aproveitamento turístico à escala regional, e a realização de um grande inventário turístico. Será de grande interesse a inventariação das características turísticas do território, considerando os pólos de atracção turística actuais e potenciais, as redes de comunicação e transportes, o equipamento de recepção e o equipamento termal, o equipamento de distracção e a possibilidade, com base nestes elementos, de se proceder a uma correcta divisão do território em regiões turísticas.

A importância dos preços não deve ser igualmente minimizada. Daí a vantagem em estudar a nossa capacidade de concorrência turística, comparando os preços da oferta turística portuguesa com a de outros países - custos de chegada à fronteira, de alojamento, de alimentação, de transportes no interior do País, de distracção, etc.

No decorrer desta intervenção tenho salientado alguns números relacionados com o turismo externo.

Creio também que o esforço de inventariação se deve alargar a um estudo circunstanciado deste turismo. Assente uma definição de turista e um período de análise, convirá elaborar estatísticas e interpretar os seus elementos.

Mas o turismo interno não pode igualmente ser descurado. Já atrás referi estudos realizados em França em que este importante aspecto também é considerado. Ora a programação do desenvolvimento turístico preocupar-se-á não só com os movimentos turísticos dos Portugueses entre as várias partes do território nacional (continente, ilhas adjacentes e ultramar), como com as deslocações dentro de cada te rritório.

Tudo isto nos permitirá, em suma, formular uma política turística nacional onde se definam os objectivos, se equacionem os meios actuais ou previstos, se afirme a importância do turismo para a economia (contribuição do turismo para o rendimento nacional, contribuição do turismo estrangeiro para a balança de pagamentos, investimentos em turismo, incidências no emprego, recursos fiscais provenientes do turismo e incidências gerais sobre a agricultura, indústrias e serviços).

Um exemplo do interesse votado pelo planeamento económico ao turismo reside no TV Plano francês (1962-1965).

Inserindo-se numa continuidade iniciada pelo I Plano (1946-1952-1953), cujos objectivos foram de reconstrução e renovação, e prosseguida pelo II Plano (1954-1957), distinguido pela produção de qualidade e competitiva, e III Plano (1958-1961), que se revelou numa expansão dentro do equilíbrio financeiro, o IV Plano francês é deliberadamente económico-social, dando uma especial priori-