O Orador: - O engenho do homem tem assim utilizado, nos locais mais famosos da velha Europa, as suas toalhas líquidas para. as associar às outras prodigalidades da Natureza, multiplicando a atracção turística.

E nós, que temos feito? Creio que muito pouco.

Os rios de Portugal têm o seu ex-libris mais maravilhoso nos próprios barcos que os sulcam. Os rabelos, os moliceiros, as fragatas, são a sugestão de um povo que alia a arte ao trabalho.

Mas já há anos o Sr. Presidente do Conselho se entristecia de ver vazio de presenças desportivas este belo estuário do Tejo.

Anuncia-se agora uma iniciativa na ligação de Lisboa à Costa do Sol. Outras se poderiam multiplicar ainda no estuário do Tejo, na ria de Aveiro e no aproveitamento turístico das barragens.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Era precisamente para este último aspecto que desejaria chamar as atenções. Já atrás referi o interesse pelas barragens da Electricité de France, no IV Plano Francês. Não vejo que o aproveitamento do Cávado ou do Zêzere tinha conduzido a uma exploração turística das belas represas criadas. Fixemo-nos, por exemplo, na Barragem de Santa Luzia, no concelho de Pampilhosa da Serra. 12 um dos locais mais belos de Portugal, onde uma gigantesca muralha de 75 III de altura fecha por completo a profunda garganta do Cabril do rio da Pampilhosa, dando origem a uma albufeira de 6 km de comprido.

«A grandiosidade da obra humana - na expressão do Prof. Amorim Girão -, por muito que avulte aos nossos olhos, não logra diminuir, entretanto, a imponência das cintas rochosas do Cabril.»

Ora aqui estaria um cenário adequado para as organizações sociais dos trabalhadores portugueses constituírem uma colónia de férias. Este seria o início de um belo pólo turístico.

Penso que o turismo interno e o turismo social devem ser orientados para estes locais esquecidos de Portugal, onde a beleza, o clima e a paz são o melhor antídoto para os elementos negativos que tão duramente afectam as nossas classes operárias.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Será errado persistir um localizações junto dos grandes centros, impondo-se antes que o turismo social se enquadre nos propósitos de desenvolvimento regional, tantas vezes enaltecidos nesta Assembleia.

Mas são os transportes aéreos um dos meios mais ligados à revolução turística moderna. Embora a sua presença pese fundamentalmente nas ligações intercontinentais, não podemos, por exemplo, esquecer que as principais linhas aéreas europeias servem mais de uma centena de cidades, em percursos de 264 000 km de extensão, tendo transportado já em 1957 cerca de 6,5 milhões de passageiros.

Mais: o desenvolvimento da aviação comercial abriu mesmo novas perspectivas, quebrando o isolamento interno do pequenos países, como a Islândia.

A Islândia não tem caminhos de ferro, as suas estradas são más e de um custo de construção proibitivo. A construção de pistas de aterragem afigurou-se, pelo contrário, económica, ao mesmo tempo que Se verificou ser fácil o recurso a hidroaviões que poderiam utilizar os fiordes. As localidades isoladas recebem hoje, por via aérea, tudo o que necessitam, inclusive tractores. Os produtos agrícolas c o gado são enviados para os mercados por avião. A Islândia possuía assim, em 1957, 25 linhas aéreas interiores e 17 linhas internacionais.

O tráfego dos principais 34 aeroportos dos países europeus da O. C. D. E. conheceu, por exemplo, em 1961, um acréscimo total no movimento de passageiros de 21 por cento relativamente ao ano anterior.

Talvez não deixe mesmo de ter interesse salientar aqui os aeroportos que nosso ano conheceram mais de 1 milhão de passageiros (segundo o serviço estatístico do aeroporto de Paris):

a) Os passageiros em trânsito só se contam uma vez.

c) Inclui os aeroportos de Orly e Le Bourget.

d) Inclui os aeroportos de Ciampino o Fiumicino.

e) Inclui os aeroportos de Broma e Arlanda.

Os voos não regulares, a que, aliás, já me referi a propósito da Espanha, de importância fundamental para o desenvolvimento do turismo, também conheceram neste período notável incremento. Só para as linhas aéreas transatlânticas dos países membros da I. A. T. A., o número de passageiros transportados nos dois sentidos por charters atingiu mais de 250 000, o que se traduziu num aumento de 58 por cento relativamente ao ano anterior de 1960.

A colaboração intereuropeia no sector dos transportes aéreos tem assumido, de resto, variadas expressões. Embora correndo o risco de uma referência não exaustiva e mesmo já desactualizada, poderia transcrever aqui, a tal propósito, o seguinte passo da obra Besoins et Moyens de 1'Europe:

Uma evolução da mesma ordem (cooperação internacional) teve lugar para os transportes aéreos graças a organismos como a Associação Internacional de Transportes Aéreos e o Centro Europeu de Investigações Aéreas. Sob os auspícios da Comunidade Económica Europeia, quatro companhias aéreas (Sabena, Alitália, Air-France e Lufthansa) criaram uma associação aérea para a Europa. Esta organização tem por fim realizar em comum a utilização e manutenção das instalações de terra e as representações comerciais. A Noruega, a Suécia e a Dinamarca criaram uma empresa única, a Scandinavian Airlines. Por sua vez esta Scandinavian Airlines e a Swissair concluíram um acordo para utilização conjunta das frotas de Caravelles, de Convair 800 e de DC, com o propósito de cada um destes tipos de