classe), cifrando-se em 24,3 por cento, com 14,5 por cento para os nacionais e 9,8 por cento para os estrangeiros, assinala, além da situação insatisfatória da exploração hoteleira, a importância do turismo interno.

Da preponderância de estrangeiros cos hotéis de luxo e 1.ª classe (20,9 por cento é o valor da sua taxa de ocupação) passa-se para a maioria de nacionais nos hotéis de 3.ª classe (cuja taxa de ocupação é de 20 por cento), com uma quase igualdade de valores de ocupação nos hotéis de 2.ª classe. No total de hotéis, as taxas de ocupação apuradas são semelhantes para os nacionais e para os estrangeiros, embora com uma leve superioridade destes.

Nas pensões verificamos uma preponderância flagrante de nacionais, cujas taxas de ocupação são bastante superiores às dos estrangeiros, com 4,4 por cento, para estes e 16,9 por cento para aqueles.

E qual o mês em que os estabelecimentos hoteleiros acusaram maior frequência?

Para o conjunto do continente e ilhas adjacentes foi Agosto, com cerca de 50 por cento de ocupação, dos quais 32 .por cento obtidos à custa de portugueses.

Mas, se repartirmos a análise entre o continente e a ilha da Madeira, já as conclusões são diversas. Enquanto para o continente o mês de ponta, em 1962, continua a ser Agosto, para a ilha da Madeira foi Fevereiro. O seguinte quadro é, a tal propósito, ilustrativo:

Esta panorâmica geral da indústria hoteleira da metrópole ficará mais completa se lhe juntarmos uma ou outra nota crítica e se nos preocuparmos com as necessidades futuras.

Quais os pontos merecedores de reparos na actual conjuntura?

Uma nota sobressai desde logo: o nosso bom equipamento hoteleiro concentra-se na região de Lisboa e em alguns pólos do litoral atlântico. O interior do País e mesmo o Algarve não dispõem de alojamentos satisfatórios em número e qualidade.

Recorro à lista de estabelecimentos publicada no Anuário de 1963 - Portugal, Pais de Turismo - e daí respigo três ou quatro exemplos:

Comecemos por Braga, velha metrópole dos arcebispos, a que os seus filhos mais devotados chamam a Roma portuguesa. Pois a cidade tem apenas dois hotéis, ambos de 3.ª categoria, com um total de 58 quartos, dos quais O apenas dispõem de casa de banho. E fácil fazer aí uma vida barata, se atendermos a que uma dormida em hotel pode custar apenas 22$, mas não creio que tais possibilidades satisfaçam os pergaminhos e aspirações da cidade.

O Sr. António Santos da Cunha: - Muito bem!

O Orador: - E nem a proximidade do Bom Jesus ou o apoio de Guimarães poderão ser invocados. Os três hotéis do Bom Jesus, todos de 3.ª classe, possuem, no seu conjunto, 11 quartos com casa de banho; em Guimarães dá-se conta de um único hotel, ainda de 3.ª classe, com 33 quartos, dos quais apenas um com casa de banho.

Desçamos a Évora, que nos guias turísticos figura como «cidade-museu de Portugal». O turista visitará aí o Templo de Diana (séculos II e III), a Catedral e Museu de Arte Sacra (séculos XII e XIV), a Igreja Real de S. Francisco (séculos XV e XVI), a Igreja-Panteão dos Loios (século XV), a Igreja de Santo Antão (século XVI), a Igreja de Nossa Senhora da Graça (século XVI), a ermida gótica de S. Brás, (século XV), a velha Universidade, as igrejas barrocas da Misericórdia, Santa Clara, Calvário, Colégio, Carmo, Santiago, Salvador, etc. E quando, cansado, procurar repouso, verificará, surpreendido ou talvez desesperado, que o Guia Turístico não lhe dá conta de qu alquer hotel.

Admitamos, numa terceira hipótese, que o turista percorre a rota dos nossos santuários marianos - Alcobaça, Nazaré, Batalha e Fátima ... -, que pretende pernoitar na capital do distrito, em Leiria. Pois ainda aqui não encontrará um hotel que de guarida ao grupo de que faz parte.

Mas esta insuficiência das capitais de distrito é ainda notória em Bragança (onde apenas se dá conta da Pousada de S. Bartolomeu, com 10 quartos), Vila Real (com 1 hotel de 3.ª classe, que dispõe de 3 quartos com casa de banho), Viseu e Setúbal (que nem sequer figuram na lista donde tiro estes elementos) ou Beja (1 hotel de 3.ª classe, com 30 quartos, dos quais nenhum dispõe de casa de banho privativa).

Cabe aqui uma palavra de louvor para as pousadas. Além da já citada de S. Bartolomeu em Bragança, ocorre-me mencionar a de Alijo (Barão de Forrester), S. Gonçalo (no Marão), Santo António de Serem (vale do Vouga), S. Lourenço (na serra da Estrela), S. Martinho de Alfeizerão, João Baptista das Berlengas, Castelo de Óbidos, Santa Luzia (Eivas), Santiago (Santiago do Cacem), S. Brás (S. Brás de Alportel), do Infante (em Sagres), de S. Teotónio (em Valença do Minho), da Ria (Torreira) e de S. Gens (em Serpa). Mas as pousadas foram concebidas e realizadas para um fim especial de que não convirá desviá-las. De resto, no seu conjunto, disporão de pouco mais de 150 quartos.