fego turístico, considerada u distância da ilha aos grandes centros do mercado turístico, repercutindo-se no custo dos transportes, e ainda o condicionalismo do aeroporto do Funchal com duas pistas, uma em cada ilha. Há ainda que anular a antipropaganda que representou a falta de um porto de abrigo em Porto Santo e os percalços marítimos de todos conhecidos, obrigando a estada forçada de turistas nesta ilha. Cite-se ainda, a este respeito, o Prof. Krapf:

Não é segredo dizer que a travessia marítima (Porto Santo-Madeira), por um braço de mar geralmente agitado, levou algumas agências de viagens a eliminar dos seus programas a visita à Madeira, em benefício das ilhas Canárias, acessíveis directamente pelo ar.

Essa política de tráfego aéreo tem de orientar-se no sentido da «liberalização», como aconselha b Prof. Krapf, que mais uma vez cito:

É de prever que uma grande parte dos turistas, sobretudo do turismo de grupo, procurarão, por razões de economia, viagens de charter e não utilizarão os serviços aéreos regulares. Eis porque nós, os peritos, recomendamos uma «política aérea liberal» susceptível de facilitar íi vinda de serviços charter. Observe-se que os turistas frequentadores destes voos não utilizam geralmente os serviços regulares, preferindo renunciar à viagem aos países que põem entraves ao serviço charter. O exemplo das ilhas Baleares, cujo êxito turístico prodigioso se apoia principalmente sobre o charlei, mostra claramente a utilidade de uma política aérea liberal.

Aliás, se quisermos ser modestos colegas, porque vizinhos das Canárias e do seu turismo, em face do seu porto franco, teremos de começar por fazer do nosso aeroporto, nos primeiros anos pelo menos, uma espécie de aeroporto franco, autorizando carreiras internacionais e voos de fretamento e excursão (charter) sem preocupações de reciprocidade, simplificando as formalidades de concessão e as despesas portuárias, que demoram e fazem por vezes desistir os interessados.

Vozes: - Muito bem!

considerar a necessidade de um pequeno bureau turístico, de um café-restaurante ou snack-bar junto à praia, a valorização paisagística dos seus moinhos de vento, a replantação de videiras, já que as suas uvas estão a diminuir progressivamente, e o estudo do valor termal das suas águas, porque o termalismo voltou a ser um precioso apoio do turismo.

É de efectuar o estudo, por técnicos especializados, da transformação do Porto Santo em estância termal.

Adentro do planeamento do tráfego aéreo, no que respeita ao turista americano, saltitante e apressado, querendo em cada viagem de férias passar curtos períodos em vários locais, haveria que considerar o triângulo turístico Algarve-Madeira-Canárias e regiões turísticas que podem apoiar-se mutuamente nesse género de turismo. Sugere-se, pois, o estudo da hipótese de ligações directas Madeira -Faro, como as que já há Porto Santo-Canárias.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - O tráfego aéreo Funchal-Porto Santo em excursões com pequena estada nesta ilha, em voos de charter, é de importância, se se seguir uma política de preços módicos.

Sr. Presidente: na sua crónica do último domingo, Leitão de Barros, o burilador requintado de filigranas jornalísticas, volta a falar da valorização do património arqueológico da Madeira e, em volta disso, faz sugestões de grande interesse. Com efeito, o edifício da antiga alfândega, com seu tecto manuelino e sua situação junto ao mar, a antiga fortaleza filipina do Castelo do Pico, a fortaleza de Santiago, adaptável a clube naval do Funchal - o que bem podia cometer-se à Junta Autónoma dos Portos do Funchal -, e a adaptação das famosas quintas da Madeira a pensões residenciais, eis motivos aliciantes de programação turística. Este clube naval, centro de pesca e marinha desportivas, constitui já um núcleo importante; deveria ter instalações de apoio no novo porto de abrigo de Porto Santo.

Há ainda que completar o arranjo da Praça do Município, de grande beleza arquitectónica, libertando as arcadas do Paço Episcopal, no lado sul. E as igrejas do Funchal? O que há a fazer na iluminação indirecta do seu exterior e dos seus interiores, dos seus valiosos azulejos e altares e dos formosos arabescos das naves da catedral! Impõe-se a instalação digna num dos vetustos edifícios da cidade do arquivo distrital, com seus preciosos documentos antigos, a valorização do Museu de História Natural, possuidor de um recheio e de um técnico de excepcional valor, a ampliação do aquário, que poderia exibir a fauna dos mares da Madeira. Este aquário, a situar numa zona turística como a das Quintas do Estado, a velha alfândega ou junto ao futuro clube naval. A valorização da Casa-Museu da Quinta das Cruzes e do Museu de Arte Antiga, onde podem admirar-se alguns valiosos quadros flamengos - tudo isto interessa ao turismo.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - E se nos voltamos para os aspectos culturais do turismo, porque ele deve servir o homem madeirense, elevando-lho o nível económico e espiritual, parece ser a hora de articular ao plano turístico a solução de alguns dos seus problemas educacionais, considerando a tendência descentralizadora usada em relação ao Funchal resultante da especificidade dos seus problemas e da sua insularidade. Consiste esta na centralização local coordenadora desvários serviços de educação e cultura, na ampliação do ensino infantil, na estrutura de quadros estáveis do corpo docente de ensino secundário, liceal e técnico, promovendo e facultando o estágio para professores como nos liceus normais, estágio controlado pelos órgãos superiores.