Acrescente-se a vantagem em alargar as isenções ou redução de encargos na importação de certos produtos para a alimentação de aves e gado bovino e outros destinados aos hotéis ou relacionados mais ou menos directamente com o turismo. Alguns são habitualmente importados do estrangeiro, porque de mais baixo preço e melhor qualidade (lagosta, peru, carneiro, etc.).

Interessava para defesa de divisas que fosse importado tanto quanto possível do continente português aquilo que a Madeira não produz em quantidade suficiente.

Refere o Sr. Dr. Nunes Barata que em 1961 o nosso turismo passivo correspondeu a cerca de 511 000 contos saídos do País. Centenas de milhares de portugueses viajam em cada ano, e, todavia, se muita gente no continente conhece Paris, muito pouca vai à Madeira. Excursões de navio, voos de tipo charter em série realizados pela T. A. P. a baixos preços nos meses de menor movimento turístico, excursões de turismo social, eis algumas sugestões para valorizar o nosso turismo interno, para o qual interessam sobretudo hotéis de 2.ª classe.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Concluo, Sr. Presidente, fazendo votos para que do Plano de desenvolvimento turístico da Madeira resulte: A planificação e coordenação económica da Madeira paralelamente ao estudo do seu planeamento turístico;

2) A construção e apetrechamento da hotéis a ritmo acelerado, tomando-se medidas de apoio complementares da legislação existente, e propaganda no estrangeiro acerca da Madeira, dessa legislação e dessas medidas. Que se considere o necessário equilíbrio entre hotéis de 1.ª classe e de turismo médio;

Vozes: - Muito bem!

O Orador: Que se estimule e subsidie a adaptação de «quintas» e a construção de apartamentos e residências turísticas, elementos importantes enquanto se não edificam novos hotéis;

4) Que se solucione o problema do jogo;

5) Que se instale o posto da Emissora Nacional, se encare a possibilidade da televisão na Madeira e se amplie a ligação telefónica directa entre a Madeira e o estrangeiro;

6) Que sejam aumentados os efectivos de Polícia de Segurança Pública, insuficientes em relação às necessidades turísticas;

7) Que seja definida uma política de liberalização de tráfego aéreo;

8) Que o Porto Santo seja considerado um complemento turístico da Madeira, e como tal enquadrado no seu plano de desenvolvimento turístico ;

9) Que seja dada a conveniente prioridade à Madeira nos investimentos do Plano de desenvolvimento turístico nacional;

10) Que sejam utilizados para fins turísticos alguns edifícios antigos e antigas fortalezas na posse do Estado, construindo-se um aquário e criando-se uma escola hoteleira;

11) Que sejam estudadas providências no sector educacional orientadas no sentido atrás exposto;

12) Que um conjunto de obras públicas atrás sugerido, a realizar aceleradamente, valorize o interior da ilha como o seu litoral, utilizando os elementos existentes e completando-os com outros novos;

13) Que seja estimulado o turismo interno no sentido de os Madeirenses poderem conhecer melhor o continente e os continentais melhor a Madeira.

E termino, Sr. Presidente, com uma frase que não é minha, mas de um homem que, não tendo nascido na Madeira, cantou a epopeia da sua gente e a beleza da sua paisagem:

É preciso que nos debrucemos enfim num gesto caloroso de solidariedade humana, de compreensão e enternecida simpatia sobre a Madeira, que moureja porfiadamente para ter mais terra o para que dessa terra venha brotar mais pão.

Já não há mais terra a arrotear, Sr. Presidente. Que do turismo brote pão para a população madeirense.

Tenho dito.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Moreira Longo: - Sr. Presidente: por me parecer que o problema do turismo em Moçambique é da maior acuidade, tencionava dedicar-lhe algumas palavras numa breve intervenção antes da ordem do dia.

O presente aviso prévio veio, porém, dar-me uma dupla oportunidade para me referir a alguns dos problemas directamente ligados ao turismo, referentes tanto à metrópole como a Moçambique.

É assunto que suscita o maior interesse de quantos acompanham a marcha do desenvolvimento do País e encontra, sem dúvida, a maior oportunidade.

De facto, sendo o turismo uma indústria tão importante, que numa grande parte dos países ocupa os principais lugares relativos aos valores das receitas arrecadadas, bem merece o turismo português, quer no continente, nas ilhas ou no ultramar, que lhe dediquemos a nossa maior atenção, dando-lhe o relevo que merece e o lugar a que tem jus, em face das enormes possibilidades que a Natureza nos oferece.

Antes, porém, de expor as minhas muito despretensiosas considerações que compõem esta minha intervenção, a que mais logicamente deverei chamar apontamento, desejo deixar aqui uma palavra de homenagem ao autor deste aviso prévio, o ilustre Deputado Sr. Dr. Nunes Barata; a quem esta Câmara muito deve dos seus bem estruturados trabalhos aqui apresentados.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Sr. Presidente: num país tão privilegiado como o nosso, onde a Natureza é tão pródiga que convida o Verão a vir passar o Inverno a Portugal, oferecendo-nos dias tão radiosos como os que apreciámos durante ,todo o mês de Janeiro, deitando por Fevereiro fora, num espectáculo maravilhoso de luz e de sol que causa a admiração e inveja de quantos nos visitam, há que tomar medidas urgentes e enérgicas no sentido de se aproveitarem mais e melhor os vastos recursos de que dispomos, dando uma arrancada sem par neste sector da vida portuguesa de tão grandes perspectivas para o nosso país.