O Sr. Costa Guimarães: - Depende da maneira como for estudada essa centralização.

O Orador: - As características complementares de um e outro distrito, a par da sua sequência paisagística, climatérica, monumental e folclórica, não são de molde a poderem ser encaradas autònomamente no ponto de vista turístico.

O Sr. Alberto de Meireles: - V. Ex.ª dá-me licença?

O Orador: - Faça obséquio.

O Sr. Alberto de Meireles: - As considerações que V. Ex.ª está a fazer no sentido da planificação, não na base distrital, mas regional, parece, na lógica do pensamento de V. Ex.ª, que deveriam levar à coordenação, não na base da extinta província do Minho, mas da região de Entre Douro e Minho.

O Sr. António Santos da Cunha: - Mas essa província não foi extinta.

O Sr. Alberto de Meireles: - Não terá sido como província, mas, uma vez extinto o órgão, ficou sem viabilidade.

Como não tem órgão, não existe.

Eu disseque a lógica de V. Ex.ª levava a que essa planificação fosse regional, porque só considero uma base capaz de turismo regional aquela que assente, não na província do Minho, mas tenha em conta uma mais ampla região, chamada Entre Douro e Minho. É que, tratando-se de turismo aéreo, há um ponto de acesso único, que é o aeroporto do Porto, que serve toda a região; e também o porto de Leixões, que é o único porto a considerar. O tour turístico do Minho é uma realidade, mas o turista de massa há-de partir do Porto para os circuitos no Entre Douro e Minho.

O Orador: - O facto de o aeroporto de Pedras Rubras e o porto de Leixões servirem também o Minho não implica que seja necessário abranger o Porto nessa região. Aliás, Pedras Rubras e Leixões servem o Alto Douro e não pode dizer-se que o Porto seja região turística do Alto Douro.

O Sr. Alberto de Meireles: - Tenho alguma experiência da organização e orientação de grupos turísticos com base no Porto. Tratava-se de visitar a região demarcada no Entre Douro e Minho, e o tour passava por Braga, Guimarães e Esposende, ou Viana, Monção, Barcelos, Amarante, etc., através da região demarcada, e em alguns casos para seguimento posterior para a região do Alto Douro, isto é, para lá do Marão.

O Orador: - Mas esse turista tanto pode tomar como ponto de partida o Porto, como Braga, se tivesse um hotel bom.

O Sr. António Santos da Cunha: - Muitas vezes para se ir para o Porto passa-se por Braga!

O Sr. Sousa Rosal: - Estou realmente impressionado com o sabor da controvérsia...

O Orador: - Controvérsia local!

O Sr. Sousa Rosal: - .... dando a impressão de que Portugal é tão grande que temos grandes dificuldades quando temos de ir de uma terra para outra. E permita-me V. Ex.ª, Sr. Deputado Folhadela de Oliveira, que conte aqui um caso, vivido a propósito, que se reveste de certos aspectos anedóticos.

Quando saí da Escola do Exército, uma das coisas que, como é hábito, se diziam aos alunos era que era necessário entregar uma declaração indicando três unidades onde desejassem ser colocados. E um dos meus camaradas, na sua declaração, dizia o seguinte: que não escolhia unidade para a sua colocação, porque Portugal é tão pequenino que onde quer que o colocassem estava sempre ao pé da família.

O Sr. Manuel João Correia: - Não é tão pequenino como V. Ex.ª diz.

O Sr. Sousa Rosal: - Não estou a falar de Portugal ultramarino.

O Orador: - No caso particular que referi tudo se articula para a junção num só plano das estruturas provinciais.

Apreciado como uma realidade, que potencial de exploração turística encerra o Minho!

Com mais de 60 km de litoral, onde surgem as praias de Apúlia, Ofir, Esposende, Cabedelo, Âncora, Moledo e Caminha, mas a clamar pela tão falada estrada marginal que dê publicidade à sequência do seu maravilhoso areal, todo ele aproveitável.

Possuidor de monumentos de que, por respeito à brevidade, apenas destaco o castelo, paços ducais e Largo da Oliveira, em Guimarães, Sé Primacial, Paço, Biblioteca e Capela de S. Frutuoso, em Braga, Misericórdia, matriz e Câmara, de Viana, matriz e forte da Insua, em Caminha, a praça fortificada de Valença, o tão esquecido Palácio da Brejoeira, a citânia de Briteiros, os castros de Sabroso e Santa Luzia, as pontes de Amares, Ponte de Lima e Lagoncinha, a cidadela de Barcelos, os seus numerosos conventos, nomeadamente de Vilar de Frades, Fiães, Refojos e Tibães, essa maravilhosa jóia romana que é o Mosteiro de Arnoso e que aguarda, já lá vão mais de vinte anos, a construção de 1 km de estrada para poder ser visto ...

Terras de esfuziante alegria, com a cor e a música sempre de mãos dadas, seja nos vistosos trajos ou nas maiores romarias de Portugal: o S. João, de Braga, e a Senhora da Agonia, em Viana do Castelo.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - A Arquidiocese Primaz, onde o peso do factor religioso se sente presente na rara quantidade dos seus templos e no fervor com que a cidade de Braga acompanha a pompa litúrgica da sua Semana Santa.

Região tão privilegiada que até a mão do homem, ao criar-lhe riqueza, lhe somou mais encantos, pondo junto das suas inolvidáveis paisagens montanhosas as albufeiras do Ermal e as do Cávado-Rabagão.

Cheia de coisas simples que tanto agradam aos visitantes estrangeiros, desde a modesta capelinha votiva, ao seu característico artesanato, ou às garridas das feiras de Barcelos e Famalicão.