O Sr. Gosta Guimarães: - Que elementos tão valiosos e tão mal aproveitados!

O Orador: - Com invulgar número de casas solarengas, tão portuguesas na sua traça de antanho, espalhadas nas terras de Basto ou na bucólica ribeira de Lima.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Tanto haveria que dizer das possibilidades de aproveitamento dos rios que o sulcam, fomentando reservas de pesca da truta e do salmão!

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Rico em estâncias termais, o Minho possui o Gerês, Caldelas, Taipas, Vizela, Eirogo, Monção e Melgaço.

Quem poderá ficar indiferente à beleza do Bom Jesus, Sameiro, Penha, Santa Luzia, serras de Arga, Geres, Cabreira e Peneda?

O Minho, 4914 km2 repletos de história e de sabor, romântico nos seus remansosos riachos, nas suas veigas sempre verdes, na tradição da culinária e do vinho característico, da hospitalidade das gentes, carece de protecção imediata.

Apoio urgente, traduzido no auxílio à construção de hotéis, pois sómente os de Santa Luzia, Ofir, Esposende e a moderna pousada de Valença e um ou outro mais se situam em nível aceitável. Consta ter o S. N. I. adquirido, anos atrás, sobranceira à barragem da Caniçada, uma residência para adaptação a pousada. Para que se perde tempo? Por que se lhe não dá o destino para que foi comprada?

O Sr. Gosta Guimarães: - Muito bem!

O Orador: - Necessita a região minhota de que sejam melhoradas as suas estradas. Por brevidade, direi que mais de metade do itinerário internacional Valença-Porto é constituído por via estreita, de mau pavimento e perigoso traçado, e os 45 km da estrada Porto-Braga são verdadeiramente esgotantes e sobressaltados para quem os percorre.

Tem toda a província duas piscinas públicas (em Braga e nas Taipas), uma semipública (Ofir) e duas particulares pertencentes a hotéis (Viana e Esposende).

E se em toda a parte é proverbial a boa mesa do Minho, convém ter presente que só depois de equipado com restaurantes condignos é que pode interessar turìsticamente.

A defesa do seu artesanato é outra das medidas de valorização regional. Instalou a Câmara Municipal de Barcelos o seu Museu de Cerâmica. Bom seria que, como sugere o Sr. Deputado Nunes. Barata, essa medida fosse acolhida noutros meios com arreigada tradição de arte popular, preenchendo lacunas que inexplicàvelmente se arrastam.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Os problemas de alojamento, alimentação, rede de estradas e defesa do artesanato são os que mais afectam àquela região. Solucionados eles, poderemos encarar com a maior confiança o futuro turístico de uma província de privilegiadas características como é o Minho.

A Natureza e o passado legaram-nos fabulosa herança. Saibamos merecê-la, aproveitando-a - pois cumpriremos o nosso dever.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

é razão segura do reforço da solidariedade internacional e da mais frutuosa convivência o colaboração entre povos.

Entendido no aspecto económico ou sobrevisto no plano das !relações humanas, o turismo é actividade primacial no processus administrativo e realizador de todo um estado, que, pelas vias mais amplas, pretenda assegurar o bem público, ao mesmo tempo que, pelo contacto populacional, concretiza em acto a suprema aspiração da humanidade, que, escrita no calendário do tempo, dá pelo nome de: paz ou harmonia universal!

Um turismo bem equacionado, convenientemente proporcionado nas suas múltiplas dimensões, é o veículo mais directo que, em forma de lição, um povo dirige à inteligência e compreensão dos outros povos. Ele lhes revela, sob forma amena e recreativa, o inesgotável manancial das suas virtualidades paisagísticas e humanas.

O património espiritual e cultural das nações, o que as caracteriza ou individualiza e é sortilégio de realizações humanas, isso tudo se expande num dom que se entrega e as mais das vezes se alberga no entendimento, na sensibilidade e na alma de quem, escorreito de raciocínio e nutrido de boas intenções, se diz vir por bem!

O conhecimento directo do mundo português pelos que nos visitam constituirá, mais que qualquer outro, um abono, o melhor aval da nossa verdade, da nossa insofismável autenticidade!

O nível crescente do caudal turístico exige de todos nós - entidades públicas e privadas - um correspondente assomo de energias e dispêndios, um especial acervo de sagacidade e visão, que seria estulto erro, nesta hora exacta que é a nossa, não saber mobilizar.

Um turismo bem organizado, em nação fadada pela Natureza, é o maior tesouro que um país pode almejar.

Com rara incidência no circuito comercial de um povo, ele desenvolve consequências de larga projecção, em diversos sectores e múltiplas actividades, enriquecendo por várias formas o produto nacional.

A verba de 1 450 000 contos que as receitas turísticas de 1962 oferecem é índice mais que seguro para organizarmos o nosso turismo sob a forma industrial, com largas perspectivas num futuro-próximo.

A receita média por turista, que, de 1961 a 1962, subiu de 2370$ para 3540$, é a melhor garantia do natural optimismo que a todos ganha, como ainda o reforça a taxa média de crescimento anual do surto turístico, que no período de 1953-1962 foi da ordem dos 12 por cento.

O Estado, os municípios e os diversos órgãos de turismo hão-de solidarizar-se, mãos dadas numa acção comum em