Ano de 1962:

Em quatro anos o movimento ultrapassou largamente os 2 milhões, e não estarei longe da verdade se disser que neste fluxo reside principalmente a grande entrada dos "invisíveis" na província, que, de certo modo, neutralizam o enorme e crónico déficit da balança comercial da província.

É assim manifesto o interesse no desenvolvimento do turismo em Macau, não só pela riqueza que se cria, como ainda pelas suas benéficas influências nas mais diversas formas de actividade humana, movimentando e desenvolvendo todos os seus sectores.

Ao Centro de Informação e Turismo caberá, em grande parte, dar execução a quanto ficou dito e ao Governo competirá facultar-lhe os meios necessários para que a sua acção resulte, para bem de Macau.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Armando Perdigão: - Sr. Presidente: é com satisfação especial que felicito o Deputado Dr. Nunes Barata pelo exaustivo, metódico e oportuno trabalho que trouxe em hora acertadíssima a esta Casa.

Tão completa foi a intervenção do ilustre Deputado avisante que pràticamente nada ficou por abordar em tão complexa matéria. Todavia, porque pertenço a uma região incontestàvelmente rica de potencialidades turísticas, considero um dever indefectível deixar aqui o meu modesto, mas esperançado, depoimento.

Com ele pretendo chamar a atenção do Governo para alguns aspectos cuja importância nunca será ocioso exaltar.

Uma decidida política de fomento turístico naturalmente que deverá ser precedida dos necessários planos de acção. Felizmente, o estudo preliminar do Plano de valorização turística do Algarve e os elementos preparatórios de um plano de desenvolvimento turístico para o período de 1964-1968 já nos dão o aviso concreto de que o Governo vai no bom caminho da pla nificação.

Mas não bastará planificar para o turismo. Temos de nos convencer que, dada a heterogeneidade dos factores intervenientes, muitas forças deverão ser ajustadas e conjugadas para o mesmo canal comum. Assim, parece evidente que, sendo a valorização turística um capítulo da valorização integral, se deverá desde já elaborar o plano para esta valorização, de modo a tornar-se possível o desenvolvimento harmónico de todos os sectores em causa.

Sabendo-se ser Lisboa o centro mais importante de acorrência de visitantes e estando o nosso maravilhoso Algarve em vias de constituir privilegiada zona de turismo, mostra-se que a separar aqueles dois centros de polarização turística fica o nosso Alentejo.

Esta província, que é atravessada por três estradas internacionais, tem no Cala um dos mais movimentados pontos de passagem turística do País por via terrestre.

Acontece que o Alentejo pode oferecer ao visitante estrangeiro o que ele mais aprecia: excepcional variedade de temas, todos eles cheios de vínculos próprios e dotados de uma personalidade inconfundível.

Atente-se ainda no elevado grau de luminosidade que caracteriza a maioria dos seus dias; na grande variedade da sua paisagem, aqui montanhosa, ali planície imensa; no inusitado da sua vegetação; na riqueza das suas obras de arte religiosa, profana e militar; na modelar limpeza das suas belas aldeias, vilas e cidades, que já em 1898 Eça de Queirós referia assim: "talvez a inverosímil limpeza do Alentejo, superior à da Holanda, me tivesse habituado mal"; no civismo das suas gentes; no trajo, nas canções, no artesanato, nos costumes e na

ruralidade, tudo carregado ainda de velhas tradições arábicas.

A pesca e a caça, sobretudo esta, têm no Alentejo reais possibilidades, e bem poderão contribuir para o fomento do turismo de Inverno. A revisão da lei, de uma e de outra, impõe-se, em bases turístico-desportivas actualizadas.

Marvão, Castelo de Vide, Portalegre e a sua moldura serrana, Estremoz, Vila Viçosa, Évora, Monsaraz, Alvito, Serpa e tantas outras são verdadeiras pedras preciosas dessa longa cadeia de circuitos turísticos que jazem inexploradas na imensa província.

O Sr. Pinto de Mesquita: - Muito bem!

O Orador: - E só para nos acercarmos de uma destas preciosidades, quanta sensação nova, quanta emoção inédita nos chega sempre pelos caminhos fora!

Só por si, Monsaraz, uma das mais ignoradas e maravilhosas vilas de que há conhecimento, merece, toda ela, a classificação de monumento nacional de primeira grandeza.

Évora, que pode considerar-se o centro geográfico da vasta província transtagana, não carece de exaltação justificativa do seu elevado interesse turístico. Bem andou o S. N. I. ao elegê-la para a sala de visitas no próximo Abril em Portugal, e àquele esforçado organismo devo endereçar, por isso, uma palavra de vivo reconhecimento.

Será bom, no entanto, fazer dispersar a ideia falsa e bastante em voga de que Évora deve ser visitada apenas pelos seus monumentos, o que equivale a uma subestimação de muitos dos seus méritos. Na realidade, ela valoriza-se para além dos encantos monumentais, pela harmoniosa convivência entre os seus inúmeros temas arquitectónicos, eruditos ou populares, pela infinita variedade destes, pelas páginas de história pátria que se exalam ainda das suas paredes e ruas, testemunhando que, apesar de longínquos, os caldeamentos dos vários povos e civilizações ainda ali exibem as marcas imperecíveis que se respeitaram no passado e se veneram no presente.

Esta cidade, que é um autêntico museu de arte e de história ao ar livre, honrando o País, merece incontestàvelmente um lugar destacado e cimeiro, no plano turístico para o Sul do território metropolitano.

Vozes: - Muito bem!

O Sr. Gonçalves Rapazote: - Sul... e Norte!

O Orador: - Pelas razões aduzidas, considero o turismo alentejano inseparável e complementar do algarvio, con-