O Orador: - Como disse, os caminhos de Braga estiveram sempre à vista de toda a gente, e mais tarde Salazar encontrou esses caminhos para ir lá dizer solenemente um dia que Braga era «a cidade santa da Revolução Nacional» e, ainda mais tarde, afirmar que Braga era a «sua fiel e amiga cidade».

São os solares, que armas nobiliárquicas enfeitam, e são as casas pequeninas e humildes dos camponeses, caiadas de branco; são, depois, as feiras, esse espectáculo que só por si constitui um cartaz, como esse admirável mercado da quinta-feira em Barcelos, à espera de uma mão sapiente que lhe lime algumas arestas, onde mais de uma vez se me têm deparado grupos de estrangeiros perdidos de encanto perante uma bela junta de gado que uma moçoila sadia segura nas suas mãos fortes; são as romarias que na Primavera e no Verão fazem que o Minho seja todo ele uma festa constante, e que julgo - é possível que esteja enganado, pois, de tanto que tenho lido e ouvido, já não sei se tenho razão - não temos nada de tão característico e rico em folclore que se lhe possa opor.

Quererei eu com as minhas considerações desmerecer das belezas da nossa província do Algarve, ou da necessidade de apetrechar turisticamente aquela nossa província de praias acolhedoras e maravilhosas? Longe de mim tal intento! O Algarve é uma região que merece a atenção e carinho de quem se debruça sobre o problema turístico neste país. Mas o que eu quero e reclamo, e faço-o em nome de uma região que vê postergados os seus direitos, e com os dela os do País que assim põe de parte o seu mais rico património turístico, é que Portugal continental seja um todo turístico, que como tal tem e deve ser considerado, e ainda que se na verdade grandes empresas particulares estão interessadas, como parece ser certo, numa programação turística do Sul do País, deve-se dar a estas, e sem demora, todas as facilidades, de modo que o Estado possa assim reservar os meios de que dispõe para incentivar a cobertura turística onde, pelo visto, a iniciativa particular não aparece tão pressurosa. Daqui não há que fugir. Ao Estado compete auxiliar as regiões menos favorecidas, e não ir atrás da corrente das coisas que se apresentem fáceis.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Sr. Presidente: há que começar por estabelecer uma rede de estradas que permita a rápida e cómoda comunicação entre as diferentes regiões do País. É velho e revelho que sem estradas não há possibilidades de fazer turismo. E é também sabido que cada vez o turismo é menos parado, menos estático, ao contrário do que parece e pensam os meios responsáveis.

Ao falar de estradas, quero enaltecer o que se tem feito na estrada Lisboa-Porto, que na verdade, por este caminho, dentro de pouco ficará em condições de poder servir ao fim que temos em vista, e pedir a especial atenção do Sr. Ministro das Obras Públicas para a urgente e inadiável necessidade de reestruturar a estrada Porto-Braga, que tem troços verdadeiramente impróprios para o grande trânsito que a atravessa.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Trata-se de uma das estradas de mais movimento do País, servindo por igual, além de Vila Nova de Famalicão, três cidades de importância, todas elas de grande interesse turístico e económico: Braga, Guimarães e Barcelos. Julgo que em capítulo de estradas nada de mais proveitoso pode ser feito que ao mesmo tempo sirva tantas povoações e tantos interesses como o arranjo dessa verdadeira espinha dorsal do trânsito no Baixo Minho. A alta compreensão do ilustre Ministro e do Sr. Presidente da Junta Autónoma de Estradas entrego o assunto, na certeza de que não será esquecido, como se impõe, do que são vivo testemunnho os quase diários acidentes que ali se verificam. Sem estradas e sem hotéis não pode haver turismo.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Quanto a hotéis, quereria dizer, e julgo que como eu pensa o Secretariado Nacional da Informação, Cultura Popular e Turismo, que se torna necessário construir, a não ser num ou noutro caso, hotéis baratos. Construções que vão além de 80 000$ por média de quarto devem ser postas de parte, pois o nosso turismo não se compadece com sumptuosas edificações, que, consequentemente, obrigam a diárias pesadas e, assim, depenam o turista, que fica sem dinheiro para distribuir por outros sectores da indústria e do comércio, como é de desejar. A construção de unidades hoteleiras género ligeiro, mas de aspecto agradável, é o que se deve fomentar.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - No Minho, a não ser à beira-mar, pouco ou nada temos que preste. Nomeadamente Braga, Guimarães e Barcelos, precisam de ser suficientemente equipadas.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

repeti-lo, e a agradecê-lo, colocou nas mãos da Mesa da Confraria que rege a estância os elementos necessários a que esta resolvesse sem demora o assunto, que neste momento devia estar já solucionado, ou seja estar em eficiente funcionamento o hotel que a cidade deseja e a assembleia geral dos irmãos da Confraria, na sua quase unanimidade, exigiu fosse construído. Por seu lado, a autoridade eclesiástica, compreensiva para com os interesses em jogo, não só autorizou, como incentivou, a realização da obra.

O Sr. Pinto de Mesquita: - Muito obrigado a V. Ex.ª pela informação, que me obriga a rectificar o comentário que aqui fiz há dias.

O Orador: -Talvez o comentário ainda tenha a sua oportunidade.