concessão do mesmo. Estou certo, pois, de que o assunto está em vias de ter rápida solução, pois está em boas mãos e devidamente equacionado.

O Sr. Pinto de Mesquita: - V. Ex.ª dá-me licença?

O Orador: - Faça obséquio.

O Sr. Pinto de Mesquita: - Estando tão bem informado sobro os projectos regionais, para Guimarães não está previsto nada no género?

O Orador: - Tanto quanto sei, não há nada de imediato previsto para Guimarães. Eu gostaria de fazer aqui uma afirmação que me tem aflorado à boca desde o princípio deste debate. O Estado não pode transformar-se em hoteleiro. São as terras que têm de resolver o problema com a ajuda, o interesse e a protecção do Estado, Guimarães, que é uma cidade bairrista com forças morais e económicas de potência indiscutível, estou certo de que não se deixará mais uma vez ficar atrás de Braga.

O Sr. Gosta Guimarães: -Não posso deixar de agradecer a V. Ex.ª as referências feitas à minha terra e às suas gentes. Quero acrescentar, dando satisfação à pergunta do Sr. Deputado Pinto de Mesquita, que já há dois anos aqui levantei o problema da necessidade da construção de um hotel, para cuja efectivação deverá contribuir o interesse e a iniciativa de todo o concelho, pois, na verdade, não é exclusivamente ao Estado que a iniciativa deve competir. Por isso apoio as considerações que V. Ex.ª acaba de fazer e daqui apelo para os meus conterrâneos para que essa construção possa ser uma realidade a curto prazo.

O Orador: - É o que se impõe, para bem de todos nós e do turismo nacional.

Sr. Presidente: não quero, dado o melindre político do problema - e eu sou político -, tratar aqui em detalhe da maneira de se estruturar o turismo no meu Minho, mas não deixarei de dizer que o Minho, turìsticamente, é só uma região e que entendo que só poderá o mesmo ser encarado a sério, e os direitos da região serem devidamente respeitados, se um só organismo fizer a tutela dos interesses em causa, planificar as realizações e ordenar toda a propaganda.

Abandonemos de vez bairrismos estreitos. Atiremos a baixo capelinhas mais ou menos enfeitadas ao gosto de cada um e vamos pelo caminho largo da colaboração franca e leal. Construir um órgão federativo, que poderá ter a sua sede a espaços, nas diferentes cidades da região seria, para mim, uma maneira de resolver o que tem que o ser quanto antes a bem de todos. Há problemas comuns, e esses são os importantes a resolver, que só desta maneira o serão.

O Sr. Alberto de Meireles: - V. Ex.ª dá-me licença?

O Orador: - Faz favor.

O Sr. Alberto de Meireles: - Era para dizer a V. Ex.ª outra vez que estou de acordo, mas a conclusão ...

O Orador: - Se é para falar dos caminhos de Braga, devo dizer a V. Ex.ª que o tempo é pouco para voltarmos a esse assunto.

O Sr. Alberto de Meireles: - Não era para falar nos caminhos de Braga, mas, já que V. Ex.ª falou nisso, eu digo que ouvi a sua explicação com muito interesse sobre o caminho de Roma que levava a Braga, a Roma portuguesa. Mas para se lá chegar era certamente preciso ter boca. Lembra-se V. Ex.ª de que sem ter boca não se chega a Roma.

Mas os caminhos de Braga são principalmente sobrenaturais, e eu diria que eles levam ao céu ...

Mas as considerações do Sr. Deputado são muito importantes, porque conduzem à planificação regional do turismo de Entre Douro e Minho, como há dias preconizei.

O Orador: - Quanto aos caminhos de Braga e quanto à boca direi a V. Ex.ª que tenho medo das bocas maliciosas, como diz o povo.

Estou a lembrar-me de duas santas senhoras de uma família respeitável e velhíssima do nosso Minho que, se ouvissem falar de determinada maneira como eu ouvi, exclamariam: «se o mano António ou o mano Francisco ouvissem, o que diriam!» e deitavam pimenta na língua do menino da família, da tal velha e nobre família de que são hoje das mais velhas representantes.

O Sr. Alberto de Meireles: - Essas encontram Braga no caminho do céu ...

O Sr. Costa Guimarães: - Gostaria de que V. Ex.ª me explicasse como enquadra o seu pensamento no espírito da Lei n.º 2080, para que não haja centralização a sobrepor-se a outra superior.

O Orador: - Não estamos aqui para fazer uma lei, mas, para responder a V. Ex.ª, direi: se o Código Administrativo prevê a criação de federações de municípios, por que não se há-de neste caso criar uma federação?

O Sr. Martins da Cruz: - Se for preciso, faz-se uma lei.

O Sr. Costa Guimarães: - Se bem entendo, V. Ex.ª pugna por uma federação de regiões.

O Orador: - Não gostaria, confesso, de ver morrer os pequenos órgãos de turismo locais, até porque a tarefa é grande e devemos procurar empenhar nela o maior número. Mas entendo premente, como disse, encontrar-se uma forma que regionalize o turismo em todo o Minho.

Sugiro que os Deputados pelos círculos de Braga e Viana, em reunião conjunta, estudem o assunto, que ponham todo o seu prestígio na solução do mesmo, e quem sabe se, concluídos os estudos e consequentes diligências que estou pedindo, não poderíamos, o que seria na ver-