O Orador: - Neste ponto teremos mesmo de fazer um sério apelo à nossa consciência no sentido de admitirmos como indispensável ao bom êxito de uma futura e ampla resolução do problema, considerado na sim totalidade, o facto de «esta fase da política de turismo já esboçada se investir mais onde se prove ser maior o rendimento. É que a dispersão absoluta prejudicaria os objectivos gerais em vista, ...

O Sr. Agostinho Cardoso: - Muito bem!

O Orador: - ... parecendo favorecê-los de entrada, pelo que insisto na conveniência de julgarmos a questão à luz do puro interesse nacional.

O Sr. Agostinho Cardoso: -Muito bem!

O Orador: - É dentro deste quadro de mobilização de recursos e valores que vou tentar inscrever, com a indispensável objectividade, a posição dos Açores. E não é isento de importância o facto de me querer ocupar do arquipélago, e não isoladamente das ilhas de S. Miguel e de Santa Maria, pois considero os Açores no seu conjunto para o efeito de constituírem uma zona turística, embora dividida em três regiões, correspondentes à actual divisão administrativa por distritos.

Para cada região haveria uma reduzida comissão, dotada de autoridade e de meios de acção suficientes, dentro do possível.

Tenho pouca fé nas comissões de muitos membros e nunca esqueço as observações de veia polémica contra elas feita pelo velho e famoso paladino da autonomia micaelense Dr. Mon'Alverne Sequeira ao advertir o mundo oficial de que deveria obrigar a máquina burocrática a utilizar sem demora os relatórios que lhe fossem remetidos. Acima dessas comissões, um delegado dos serviços centrais de turismo, com os necessários poderes de inspecção; coordenação e informação, à semelhança do que foi previsto para o Algarve. Opto pela existência de um delegado dos serviços centrais, em vez de um órgão de coordenação. Os especiais condicionalismos em que terão de desenvolver-se as actividades turísticas no arquipélago assim o exigem, e até a experiência nos diz que onde muitos ou todos mandam não manda nenhum. É evidente que o referido delegado, unia vez em exercício, daria conta da sua actuação aos serviços centrais, que teriam, como é óbvio, o direito de inspecção directa e superior.

Desde logo se trataria de escolher em cada região os locais mais apropriados para o desenvolvimento turístico, encaminhando para eles todos os esforços, de modo a criar as condições de atracção mais aconselhadas.

Ao mesmo tempo que se prepararia tudo para o crescimento do turismo de passagem, ir-se-ia estudando, dentro dós regimes climáticos conhecidos e segundo as estações do ano, as bases para um turismo de permanência a sério.

Os Açores, dadas as dificuldades por que está passando a sua economia, bem precisam de que se lhes acuda com a estruturação de um turismo progressivo.

Vozes: -Muito bem!

O Orador: - Ao tratar das «incidências do turismo», na sua comunicação «Problemas da recepção turística nacional», apresentada ao I Colóquio Nacional de Turismo, o Prof. Doutor João Faria Lapa observa que «o turismo pode constituir um dos elementos infra-estruturais dos pólos de crescimento regional, pois que é estimulante de grande número de actividades locais, desde a hospedagem e restauração até aos transportes, à exploração de atractivos naturais, às indústrias de produtos regionais» - ou seja, o benéfico estimulante de que os Açores carecem, não só para absorver os braços inactivos, como aqueles que se preparam para trabalhar em terras estranhas, destinando-se a fecundar o solo alheio, em vez de enriquecerem o solo pátrio.

Não vou enumerar aqui as obras de interesse turístico já realizadas no arquipélago, enfare as quais avultam as respeitantes à ilha de S. Miguel. Mas julgo interessante referir que as ajudas referidas do Fundo de Turismo se elevam até agora, e a ormular» - confiamos no dinamismo e no esclarecido critério do Dr. Paulo Rodrigues, aguardamos a sua provável visita àquelas ilhas, que saberão louvar-lhe gratìssimamente a deferência, e temos fé na actuação de todo o Governo, pois em matéria de comunicações, designadamente, muito haverá ainda a fazer, quer relativamente à construção e melhoria de portos de mar, quer no que diz respeito à construção de novos aeroportos.

O Sr. Gamboa de Vasconcelos: -Muito bem!

O Orador: - Já disse, nem só uma vez, nesta Assembleia que as populações das ilhas dos Açores precisam tanto de portos como do ar que respiram. Essa necessidade evidencia-se de forma clamorosa quando aqueles pequenos espaços de terra, rodeados de mar e no meio do mar, têm de suportar os arrebatamentos do tempo. Toda a atenção prestada ao sistema de comunicações não será demasiada. Por isso, os Açores carecem de possuir portos capazes nas diferentes ilhas e aeroportos também, uns e outros nas dimensões aconselhadas, técnica e economicamente. E desejaria que tudo isto se fizesse de um dia para o outro, mas, exactamente porque não pode ser assim, penso que o melhor seria começar a rever o problema, de modo a intensificar, como for possível, a sua satisfatória resolução.

No que se refere à construção de aeroportos, o Sr. Deputado Nunes Barata, nas conclusões do seu aviso prévio, foi bem explícito ao requerer a construção do novo aeroporto de Lisboa e quanto à criação de uma rede de .aeródromos na metrópole, mas nada disse sobre a construção de novos aeródromos nos Açores,- pelo que, se o ilustre Deputado me desse licença, eu completaria, nesta parte, as suas conclusões, inserindo nelas a necessidade turística e, antes disso, profunda e indiscutivelmente humana de se estabelecer nas ilhas dos Açores uma rede de aeropor-