Dada a sua proximidade de Braga, ali está a capital do distrito, com o seu ex-líbris que é a Sé Patriarcal, a simbolizar os seus preciosos monumentos. O Bom Jesus, o Sameiro, a Falperra, representam um triângulo turístico do mais alto valor e que seria um crime desperdiçar.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Finalmente, as Termas do Eirogo, situadas numa zona fértil, é daquelas que se encontram em situação privilegiada, apenas a 3 km de Barcelos, 14 km de Esposende, 18 km de Braga, 30 km de Viana do Castelo, 42 km de Guimarães e 50 km do Porto. Dispondo de bom clima, está ainda protegida dos ventos por à sua volta predominar o pinhal. A seu lado, altivo, o monte do Facho, donde se desfruta um panorama de sonho, sendo de lamentar que não exista uma estrada que faculte o acesso por automóvel.

Vozes: -Muito bem, muito bem!

O Orador: - A valorização desta estância, com o mar e praia a 14 km e o Cávado apenas a 3 km, local excelente para a prática da pesca, tinha o maior interesse para Barcelos, até porque as águas são, no género, das que se impõem pela sua acção terapêutica.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Está a estância carecida, sobretudo, de modernização das suas instalações balneares e da construção de um hotel, que viria beneficiar II cidade. E esta, com o seu passado histórico e as suas inconfundíveis belezas naturais, muito tem para oferecer ao olhar dos seus visitantes.

O incomparável monte da Franqueira, que se torna mister valorizar, com a sua ermida, o Convento do Bom Jesus do Monte e as ruínas do Castelo de Faria; as ruínas dos paços dos condes-duques de Barcelos, do século XIV, e a matriz; a Torre da Porta Nova, do século XIV; o Mosteiro do Senhor da Cruz, os seus velhos solares, o rio Cávado, com a beleza das suas margens, a sua feira semanal, das mais importantes do Minho, etc., colocam, sem dúvida, Barcelos numa posição de grande realce do ponto de vista turístico.

Vozes: - Muito bem !

O Orador: - Sr. Presidente: se tudo o que acabo de descrever corresponde apenas a uma pálida visão do que a realidade nos faculta, o que bem demonstra o interesse turístico indiscutível da região, o turismo está comprometido desde que carecem as possibilidades de alojamento dos turistas.

Graças ao Regime, que, sob o superior comando do Sr. Presidente do Conselho, nos tem proporcionado a ordem, a paz e a tranquilidade, a par da beleza da nossa paisagem e da suavidade dos nossos costumes, Portugal ainda pode ser apontado como um oásis nesta Europa e neste Mundo inquieto, como recanto propício ao descanso e à, calma.

Façamos mais um esforço para elevar substancialmente o número e a qualidade dos alojamentos, não pela construção de hotéis luxuosos, mas sóbrios e de preços acessíveis a nacionais e estrangeiros.

Vozes: - Muito bem !

O Orador: - Em todo o distrito de Braga existem somente 22 hotéis, dos mais luxuosos aos mais modestos, dispondo apenas de 1030 quartos, dos quais um número reduzidíssimo com quarto de banho privativo, com capacidade para 1642 hóspedes, sendo insuficientes as pensões aceitáveis e deficientes as instalações de alguns desses 22 hotéis.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - O problema que se suscita no distrito é grave. Já aqui foi referido por alguns dos meus colegas o que se passa em Braga (três pequenos hotéis), Bom Jesus (três hotéis insuficientes), Guimarães (dois hotéis insuficientes) e Barcelos, onde não há um hotel, nem tão-pouco uma estalagem.

No Gerês, dado o grande movimento das termas, impunha-se uma urgente modernização dos hotéis e pensões existentes e a construção de novas unidades hoteleiras. Convém acentuar neste caso concreto que a situação foi agravada pelos incêndios de dois hotéis, ocorridos no Verão de 1962, cujas ruínas continuam a dar um ar de desolação à única avenida das Termas.

O Sr. António Santos da Cunha: -Muito bem!

O Orador: - Estou convencido de que nesta notável estância termal estaria destinada a pleno sucesso a construção de um hotel de montanha, situado na encosta da serra, em local a estudar, cujo acesso poderia ser feito através da instalação de um funicular.

O Sr. Costa Guimarães: - Muito bem!

O Orador: - A contínua evolução sofrida pelo turismo não se compadece com a falta de condições que permitam uma estada com a indispensável comodidade.

Portugal também foi dotado por Deus com sol radioso e com praias magníficas, com serras admiráveis e inéditas paisagens. Saibamos nós aproveitar da melhor maneira todas estas dádivas da Natureza.

Tenho dito.

Vozes: - Muito bem, muito bem !

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. José Alberto de Carvalho: - Sr. Presidente: ao intervir no debate começo por felicitar o seu autor não só pela iniciativa que teve em apresentar este aviso prévio, como ainda pela forma como estudou o assunto e o apresentou na sua efectivação. Estamos todos mais elucidados e temos, por isso, também, a oportunidade de apresentar o nosso ponto de vista.

Representa a indústria de turismo, nos dias de hoje, razão de estudo sério e cuidado, no desejo de ser esquematizada uma política de turismo nacional com vista ao mais rendoso aproveitamento das diferentes correntes.

Li, algures, que por turismo poderíamos entender: «termo novo que se define por conjunto de medidas e disposições atinentes a tirar o máximo proveito económico do gosto das viagens».

Esta definição exprime um conceito velho que foi buscar as suas raízes ao estudo da vida dos povos desde a antiguidade, onde o limitado dos interesses se circunscrevia ao ambiente e às possibilidades de fazer dele a fonte dos meios de sobrevivência. Nesse período da vida o homem era ainda um ser em luta pela própria sobrevivência, curioso, no sentido animal, de mundos desconhecidos,