na medida possível com tudo quanto directa ou indirectamente os afecte. Sem essa coordenação -aqui, tal como no sector da lavoura, a nível do Conselho de Ministros -, todo o esforço se verificará tíbio e inoperante.

É que as implicações dos serviços públicos - do Estado e câmaras municipais - e das iniciativas particulares, uns com os outros, e até dentro das suas respectivas compartimentações, criam uma rede tal de complicações que bem preciso é mão forte e esclarecida para resolver e, se preciso, até para cortar as dificuldades.

Na vida real interferências dessas ultrapassam tudo quanto se possa prevenir. E, assim, carecem de se ver rapidamente resolvidos os problemas delas emergentes, quantas vezes aparentemente insignificantes, mas que muito podem contribuir para travar e até tolher um esperançoso fluxo turístico. É que o turista corrente, tal como o capitalista vulgar, por desconfiado, é de sua natureza normal deveras impressionava!

Não pode por isso deixar de ser acolhida com o devido aplauso a directriz anunciada de um mais efectivo comando central deste sector governativo. A efectividade da sua acção, imediatamente subordinada à Presidência do Conselho, através de um membro do Governo em condições de poder utilizar poderes delegados, representa, sob as fórmulas políticas vigentes, o mais garantido penhor do máximo de coordenação.

Melhor até do que um Ministro titular com assento em Conselho de Ministros, parece-nos, para o actual caso português, que talvez esta fórmula seja a mais consentânea para o reclamado efeito.

Definida esta potenciação orgânica, vejamos as directrizes imediatas que o Governo se propõe imprimir ao nosso turismo.

Tendem elas a favorecer de entrada a respectiva efectivação no Algarve e na Madeira. Para o efeito, já vão a caminho de conclusão os respectivos aeroportos, além da construção subsidiada pelo Estado de numerosos hotéis. O aeroporto algarvio, além de meio indispensável ao advento para ele banhadas, pois que na orla marítima do Sul da Europa se vai precisamente encontrar a maior oferenda desse calor e luz. Ora o nosso Algarve é de todas as nossas regiões aquela que se pode ter por caracteristicamente mediterrânica - assim bem nos ensinou o Prof. Orlando Ribeiro. Dessa característica beneficiam ainda, até certo ponto, as costas reduzidas de Cascais à barra do Tejo, da Caparica, da Arrábida, de Tróia, ou sejam os segmentos da costa inflectindo a leste. Todo o seu resto é nitidamente atlântico, sem abrigo aos ventos predominantes do norte e com águas sensivelmente mais frias.

O facto de se começar pelo Algarve não julgo que traga de futuro prejuízo sensível ao turismo do Norte, embora de entrada possa acarretar-lhe apreciável desnível contra. Explico: sabido que o móbil actuante do turismo é o gosto fundamental do homem pela novidade, tanto bastará para excitar o turista de prolongada permanência a distrair esta com digressões pelo País. Sobretudo se o facto ocorre em períodos de excessivo calor na costa voltada ao Sul.

Dirigir-se-á então, naturalmente, aos centros urbanos e monumentais e, para além destes, aos pontos pitorescos que em país pequeno, como o nosso, mas, compartimentado a valer, são de maravilha ver-se. Tão variadas e sucessivas surpresas não deixarão de influir contagiosamente para que novos visitantes se proponham a percorrer o País.

O que se torna preciso é que progressiva, coordenada e criteriosamente por todo ele se vá levando a efeito u construção de novos hotéis, pousadas e estalagens, em termos a dar-se satisfação àquelas novas peregrinações turísticas. É como numa batalha em que o comando destina uma força de manobra e choque para actuar num ponto crucial e decidir do empenhamento. Mas para que tal resulte é necessário que o dispositivo, na sua generalidade, se mantenha suficientemente apoiado para não ceder localmente a ponto de comprometer o conjunto.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Orientado que venha a ser desta forma temperada, não vejo motivo para dar lugar a receios graves, pelo contrário, a iniciativa governamental de dirigir inicialmente para o Algarve o principal peso da sua acção em prol do turismo, receios que, aliás, encontraram no decurso do debate frequentemente eco nesta tribuna.

Na linha deste raciocínio deixou o Dr. Nunes Barata aqui exarado que:

O Europeu, nomeadamente o homem do Norte, tem nostalgia do sol, do calor, do céu azul, das praias de areia cintilante e de águas límpidas.

Vozes: - Muito bem!

Kennst du das Land wo die Citronen blühn, in dunkeln Laub die Gol-Orangen glühn...

seja

Conheces tu a terra onde os limoeiros florescem, Na folhagem escura destacam as laranjas de oiro,

Para aí, para aí, eu quero, meu Amor, ir contigo!

Nesta tentação pelos vergéis mediterrânicos cheios de sol se inclui nas duas subsequentes estâncias da poesia primeiro o gosto pelos correspondentes edifícios - as casas -, isto é, pelas cidades, os monumentos e a civiliza-