cão urbana, segundo as montanhas e os seus encantamentos.

E, assim, ao repto dos Nórdicos -condensado no curto poema -, como poder corresponder-lhes?

Quero, particularmente, figurar a propósito o Norte do País, encabeçado sobremaneira pela cidade do Porto, como foz, ponto de partida do rio "Douro, e na costa, ponto de primazia das escaleiras do anfiteatro por que o Minho vem descendo das serras para o mar.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Os dois braços emanados da cidade, a comandar os grandes caminhos do Minho e do Douro, ainda com um aceno amigo para Aveiro e sua ria.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Vejamos, pelo que respeita no Minho.

A densidade e bom estado das suas vias permitem que o turista vertiginoso, num dia de Verão, possa realizar uma volta por Viana, vale do Minho, Monção, regressando por qualquer das Pontes (do Lima ou da Barca), por Braga ? Guimarães, ao Porto.

Nesta volta poderá ter- uma prova por pronta impregnação dos variados verdes que predominam na paisagem, aleira dos tons violáceos ou brônzeos das serras. Isto acrescentado das sabidas fartas refeições em qualquer das urbes ou vilas atravessadas no trajecto. Um peregrino mais degustativo das coisas a ver terá ensejo de se demorar uns dias, dormindo no Hotel de Santa Luzia, depois na Pousada de Valença.

Neste particular, cumpre que Braga e Guimarães, com os seus maravilhosos Montes do Bom Jesus e Penha, se vejam beneficiadas com hotéis a nível do turista europeu médio.

Vozes: - Muito bom!

O Orador: - A propósito da estância de Santa Luzia, em Viana, onde o Estado fez o sacrifício de promover a renovação de um hotel ao nível do local -um dos três ou quatro pontos com vista mais integralmente bela no Mundo, segundo o Geugrafical Magazine -, a propósito, dizíamos, de Santa Luzia, tem-se verificado desde há uns bons vinte anos um dos casos mais nítidos de impotência por descoordenação invencível. O caso é deste fenómeno um verdadeiro teste.

É óbvio que numa estância deitas, para a sua frequência prolongada ou repetida, são hoje indispensáveis atractivos de espécie vária, particularmente desportivos. Não se podo estar sempre a ver a vista. como em todo o fenómeno vital e psíquico, a alternância é de rigor. Um golf, além dos campos de ténis que suponho já tem, seria ouro sobre azul. As proximidades suavemente onduladas prestam-se admiravelmente a tal permitindo atraente variedade ao campo, sem que os jogadores houvessem de cansar-se demasiado, subindo ou descendo. Existe próximo água em abundância para os greens. Ao lado, os serviços florestais ordenam uma florescente mata em formação e pouco lhes custaria o arranjo e conservação do jogo. Não obstante todo este projecto, de há tanto futurado, tem sido sonho inane, dado que perto funciona dependência do Ministério do Exército- uma carreira de tiro!

E já que de Viana falo, só cumpre louvar o critério e bom gosto com que o seu Município tem contribuído para manter e valorizar o muito que na cidade há de edifícios religiosos e civis, além do pitoresco das estreitas ruas, conjunto herdado na sua idade de ouro dos séculos XVI e XVII.

Esta feliz reacção mantenedora ficou-se devendo em grande parte ao fino espírito do falecido Dr. Rocha Paris, membro que foi desta Câmara, aliás em concordância com a tradicional vocação e geral apoio da gente daquela cidade.

E já que estamos em Viana, não posso lembrar sem horror que muito a sério se pensou a nível de um sector ministeria l em demolir o castelo da barra em sacrifício utilitário à doca e aos estaleiros.

A propósito de coisas destas, nunca esquecerei o que ouvi a certo categorizado historiador de arte francês, cujo nome me não ocorre, numa conferência na Universidade do Porto, versando sobre a cidade de Veneza. Espirituosamente, esse conferente louvava os Portugueses por terem contribuído com as suas descobertas para a estagnação económica daquele empório de arte, que assim pôde, dormente, conservar-se como congelado quase intacto até hoje.

Ainda quanto à Viana turística, é de lembrar ao seu Município a urgência de organizar para visita, como museu, o recheio, principalmente de cerâmica nacional, constituindo porventura a melhor colecção do País. que lhe foi deixado com esse destino pelo falecido Espregueira de Oliveira (sempre há-de haver Espregueiras em Viana!), colecção realizada por seu pai - Dr. Manuel de Oliveira -, que, com José de Queirós, muito contribuiu para o conhecimento e que tão longe tem levado a fatalidade do aperto do espaço em que só localiza a cidade e onde a sua vida económico-portuária intensa é força passar-se! Ao abrupto rio Douro junta-se o cavado dos vales afluentes, de onde o casario houve de estender-se para os cabeços da Sé e da Vitória.

Foram necessidades de menos íngremes e tortas ligações entre a Ribeira e a cidade alta que determinaram as novas ruas longitudinais de S. João e Mouzinho da Silveira para a Praça de D. Pedro, prolongadas depois, pelas de Sá da Bandeira e do Almada, fora do primitivo perímetro das muralhas fernandinas, para Santo Ovídio esta, para Aguardente, pela de Santa Catarina, aquela. Da origem medieval da cidade, restam-nos, com a Sé, os panos extremos ocidental e oriental das ditas muralhas, pano este último já devidamente reintegrado após o desmoronamento de há poucos anos. Por esta obra de custosa reintegração, podemos confessar-nos, os Portuenses, profundamente gratos aos serviços e monumentos nacionais e ao ilustre Ministro de que eles dependem.

Vozes: - Muito bem!