que para o efeito poderá mobilizar algumas das suas composições de automotora.», melhor hoje ajustadas a tal serviço.

As belezas do vale superior do Douro já desta tribuna as descreveu com impressionante brilho, o repetimos, o Sr. Deputado Rapazote..

Não voltemos a esse Alto Douro triangulado, literariamente fulo. por Junqueiro, Aquilino e Torga. Basta-nos o Douro da Régua; melhor, do Corgo para, baixo.

A propósito do panorama de entre Baião e Cinfães-Resende, nunca me esquecerei de um francês, meu companheiro de viagem, por 1914, que, de comboio, já se vê, depois de passar o túnel do Juncai, à vista do Douro, na Pala, com grossa- corrente ainda primaveril, exclamou incontinente: «Oh! Le beau fleuve!» E eu, que já tinha na altura- descido o Reno, compreendi-o bem! E com efeito entra-se dali naquela espécie de gargalo granítico, sulco aberto entre, as serras do Marão e Alontemuro, que com os mananciais da sua água promovem a vindência que Eça descreveu ab utroque elemento humano na paisagem, com as pinceladas brancas de inúmeros casais, com as linhas niveladas dos socalcos, com o vidoame plantado a rigor no seu compasso.

Não constituirá isto um exemplo empolgante de geografia humana digno de ser mostrado aos estrangeiros em prestígio recíproco com a da prova do vinho aí criado?

E a tudo preside o promontório do monte de S. Mamede, que, como afloramento granítico, perdura mais alto, fechando a leste a panorâmica, lista do noroeste é dominada de longe pelo Marão das negras fragas da Ermida.

Indispensável esforço de coordenação turística ainda aqui com a criação de mais pousadas, parques de turismo, etc, e a que o próprio caminho de ferro tem de ser convocado. As condições orográficas impõem que este continue a ser, não obstante as estradas de ambos os lados, o meio mais adequado para o ingresso no vale do Alto Douro e dá correspondente saída para Espanha. É que aquelas estradas, cheias de curvas, determinadas pela orografia, têm de ter um desenvolvimento excessivamente incómodo. Ora, já vai sendo tempo, a bem do interesse público, de vencer a indolência que tal situação, a de um meio exclusivo de facto, tende a criar na C. P.

E aqui cortamos as nossas divagações.

Sr. Presidente: pedimos perdão da variedade, quase incongruente, do que fomos expondo. Tratando-se de turismo, tal não repugna à matéria que tem precisamente na busca da variedade o seu elemento dinâmico. E nessa busca, o acicate da curiosidade, a surpresa da descoberta, a candura, da fantasia, na zona mais ou menos indecisa de filtre o real e o sonho, constituem lição que, quanto a

turismo, nos foi legada pelo turista-mor do reino, o nosso Fernão Mendes Pinto.

E evocando patrono tal, termino.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Pinto Bull: - Sr. Presidente, Srs. Deputados: tenho para mim que a matéria deste debate sobre o turismo nacional está praticamente esgotada, não só com o interessante trabalho apresentado pelo nosso ilustre colega Dr. Nunes Barata, mas também com as valiosas intervenções posteriormente feitas por outros Srs. Deputados.

Não devia por isso solicitar a palavra para nele tomar parte se não fosse o firme desejo que agora concretizo de felicitar aquele nosso ilustre colega pelo seu completo e exaustivo trabalho e ainda para manifestar a minha grande satisfação pela maneira objectiva como o aviso prévio foi apresentado e a forma entusiástica como vem decorrendo o debate tão bem conduzido por V. Ex.ª

Para mais há que assinalar a feliz coincidência de em parti se terem processado paralelamente os debates em curso nesta Assembleia com as reuniões de trabalho entre o Ministro de Informação e Turismo de Espanha e os representantes do Governo Português, chefiados pelo nosso colega e actual Subsecretário de Estado da Presidência do Conselho, Dr. Paulo Rodrigues, sobre problemas de turismo e informação, particularidade que realço com simpatia, por me parecer que é garantia segura de que, hoje mais do que nunca, se está dedicando grande atenção e interesse a este importante sector da nossa economia.

Por outro lado, o facto de o aviso prévio ter sido efectivado como sendo de âmbito nacional e dado o lugar que as províncias ultramarinas ocupam ou podem vir a ocupar na problemática turística do nosso país, entusiasmei-me a entrar neste oportuno debate, esperançado em que as minhas modestas achegas poderiam contribuir para o esclarecimento da posição a que o nosso ultramar tem jus

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Assim, neste rápido apontamento com que me proponho apoiar o aviso prévio do nosso colega Dr. Nunes Barata, procurarei distinguir, para melhor arrumação dos meus pontos de vista, o turismo nacional em duas partes: o turismo metropolitano e o turismo ultramarino, abordando separadamente neste último grupo, em rápida análise, o turismo no ultramar português em geral e as perspectivas do turismo na província portuguesa da Guiné, em particular.

Para tanto, começarei por me referir à estruturação dos serviços que interferem neste importante e vasto sector da economia nacional e a coordenação que existe ou devia existir entre o turismo metropolitano e o ultramarino para uma acção de conjunto mais eficiente e para se evitarem dispersões de energias e de dinheiros em estudos e planeamentos semelhantes e que muitas vezes se sobrepõem, quando todos nós conhecemos a exiguidade quantitativa e qualitativa de elementos capazes e conhecedores da problemática turística.

Portanto, em relação à metrópole e às ilhas adjacentes constata-se que os importantes serviços de turismo estão integrados no Secretariado Nacional da Informação, onde constituem a Direcção dos Serviços de Turismo, dividida em duas repartições - a do Turismo Geral e a da Indústria Hoteleira.