Uma rápida análise da estruturação geral dos serviços de turismo no referido Secretariado mostra que, por melhor boa vontade e competência profissional dos funcionários que ali prestam serviço, dificilmente poderá atingir-se o objectivo que o desenvolvimento turístico do País exige, com um quadro de pessoal tão reduzido, em comparação com o que se passa noutros países da Europa.

Esta circunstância impede que sejam alcançados os objectivos necessários para uma eficaz coordenação e uma pronta intervenção do S. N. I. nas actividades dos órgãos locais de turismo, bem como para uma fiscalização mais aturada e eficiente junto das agências de viagem, empresas transportadoras e organizadoras de excursões, na orientação da actividade dos vendedores de artigos regionais e ainda na preparação técnico-linguística dos guias-intérpretes.

Mas embora existam estas deficiências, que a incompleta estruturação dos serviços acarreta, agravadas com o reduzidíssimo quadro de pessoal em exercício, não quero deixar de fazer justiça realçando o bom trabalho que o S. N. I. vem efectuando em prol do turismo nacional, mercê de estudos sérios e metódicos e de uma publicidade bem orientada, merecendo destaque alguns valiosos trabalhos ultimamente publicados pelo seu Gabinete de Estudos e Planeamento.

No que toca à propaganda turística no estrangeiro é digno de louvor o esforço que se vem fazendo no sentido de se melhorar este sector da actividade do S. N. I. através das Casas de Portugal e dos centros de informação espalhados por várias capitais da Europa e da América.

Por conhecimento directo durante as minhas estadas em Nova Iorque, Paris e Genebra, apraz-me esclarecer que os responsáveis pela nossa propaganda turística naquelas cidades têm sabido cumprir com o importante papel que lhes cabe e não tenho dúvidas em afirmar que o aumento substancial ultimamente verificado no número do turistas americanos que visitaram o País se deve em parte à boa e meticulosa propaganda que o pessoal da Casa de Portugal em Nova Iorque e os agentes diplomáticos e consulares nos Estados Unidos vêm fazendo do nosso país.

Ainda dentro do turismo metropolitano procurarei distinguir, nos seus aspectos fundamentais, o turismo interno e o turismo externo ou internacional.

Quanto ao primeiro, não me foi possível obter elementos que me permitam tirar conclusões seguras acerca do seu desenvolvimento. Entretanto, tudo me leva a crer que não se verifica entre nós aquela corrente turística que normalmente constatamos nalguns países, nos quais certas cidades ou regiões, graças à sua riqueza histórica, artística ou arquitectónica, se transformam em verdadeiros pólos de desenvolvimento turístico, registando uma afluência- de nacionais em todas as quadras do ano, facto que concorro para nelas criar verdadeiros centros turísticos.

Merece contudo ser registado o fenómeno que anualmente se verifica com o movimento temporário de uma grande parte da população que deixa as suas terras a caminho do litoral durante o Verão para aproveitar alguns dias de merecidas férias no ambiente alegre e reconfortante das praias, constituindo aquilo que vulgarmente se chama o turismo de férias.

No que respeita ao turismo externo ou internacional, desde que passou a constituir uma verdadeira indústria o um meio eficaz para se obterem divisas de forma a se equilibrarem as balanças de pagamento de certos países, passou a- ser considerado como uma indústria de exportação de. grande relevância e com reflexos palpáveis na valorização social e económica das populações.

Na verdade, hoje em dia qualquer país que possua condições naturais ou artificiais que o tornem um pólo de desenvolvimento turístico transforma-se rapidamente num verdadeiro centro de desenvolvimento económico com todas as implicações atractivas do urbanismo, criando-se à sua volta um centro de fomento agrícola, comercial e de artesanato.

Esta condição tem levado os países europeus a intensificarem o desenvolvimento turístico nacional, o para se aquilatar o que foi esta arrancada nalguns países é interessante analisar o quadro seguinte e comparar esses dados com os números referentes ao nosso país em igual período:

Compulsando outros elementos que a estatística nos fornece, verificamos que o aumento de turistas entrados nos anos de 1950 e 1961 foi de:

Percentagem

Para se avaliar a importância do turismo no equilíbrio da balança de pagamentos hasta atentar no que se passa na vizinha Espanha., onde no ano de 1962 as exportações somaram perto de 750 milhões de dólares, tendo o turismo totalizado no mesmo período uma rentabilidade de cerca de 475 milhões de dólares. Estos números são bom elucidativos.

Entre nós não só pode dizer que o turismo não sofreu qualquer melhoria, porquanto nos últimos dez anos verificou-se um aumento sensível e gradual, conforme se constata no quadro demonstrativo seguinte e que mostra ter triplicado o movimento do turistas entrados no País de 1952 a 1961: