província sem praias e resolver-se-ia assim o turismo interno.

Quanto ao turismo externo, far-se-ia convergir para Varela e Bubaque, ciadas as suas reais condições de atracção para o turista mais exigente.

Mas terá a Guiné condições para receber turistas nacionais e estrangeiros, garantindo-lhes os meios necessários para uma agradável estada, sem descurar a questão dos transportes?

Creio que sim, desde que os homens de boa vontade decidam fazer alguma coisa pela portuguesíssima província da Guiné.

Reportar-me-ei apenas a dois pontos capitais para tornar possível a concretização do turismo na Guiné:

O equipamento hoteleiro da província não oferece garantias seguras para o alojamento de um número de turistas que exceda algumas dezenas.

Bissau tem quatro hotéis, sendo um deles de categoria média. Torna-se, contudo, necessário pensar desde já na construção de um bom hotel, com uns 40 a 50 quartos na sua maioria com casa de banho e com os demais requisitos que modernamente se exigem a esses estabelecimentos.

Não deve sor possível encontrar quem só abalance a tão grande quão dispendiosa obra. Afigura-se-me, pois, que haveria que lançar mão do uma sociedade hoteleira em que comparticipassem capitais metropolitanos e guineenses e que recebesse o auxílio do tal fundo do turismo, se é que existe para o ultramar, e um financiamento inicial do Banco de Fomento Nacional, sempre pronto a ajudar iniciativas que visem contribuir para o desenvolvimento das nossas províncias de além-mar.

Sei que o assunto merecerá igualmente todo o apoio do Sr. Ministro do Ultramar e do próprio governador da província, sempre interessados em apoiar projectos sérios e objectivos para o fomento do ultramar.

Não se pode fazer turismo sem haver a garantia dos transportes, e embora a Guiné esteja regularmente servida por carreiras marítimas regulares duas vezes por mês mantidas pela Sociedade Geral, além dos barcos de carga que ali vão carregar produtos e que sempre levam meia dúzia de passageiros, e por carreiras Tenho a certeza de que se algo de proveitoso sair deste interessante debate sobre o turismo nacional, como todos nós esperamos, a Guiné poderá começar a planificar uma nova infra-estrutura para pôr em prática logo que se veja livre do malfadado terrorismo que veio prejudicar, e está prejudicando, o intenso desenvolvimento que a província vinha sentindo.

Estou certo de que então não faltarão passageiros para garantir todas as frequências que a T. A. P. vier a estabelecer.

Antes de terminar quero referir-me ainda à necessidade e às vantagens político-sociais dos cruzeiros e das viagens de estudantes universitários às nossas províncias do ultra mar e, quanto aos últimos, às cidades estrangeiras onde existam fortes núcleos de portugueses.

Sou do opinião que se devia incrementar esta forma de contacto entre portugueses espalhados pelo Mundo.

Sem me querer tornar fastidioso, referir-me-ei rapidamente a três acontecimentos nos quais fui comparticipante e que me têm proporcionado gratas lembranças.

O primeiro data de 1935, mas nem por isso está menos vivo no meu espírito.

Passou-se, na velha e histórica cidade de Bolama, hoje meia abandonada e decadente, vai para 30 anos, mas ainda hoje, sempre que tenho o prazer de me encontrar com o Prof. Marcelo Caetano, grande figura do direito e da administração ultramarina, lembro-me com simpatia do primeiro cruzeiro às províncias ultramarinas, sob a orientação daquele ilustre mestre, e que encheu de entusiasmo a população da Guiné durante a curta, mas aprazível, passagem por aquela província.

O segundo episódio passou-se em 1959, na interessante cidade de Silva Porto, em Angola, junto à embala do grande sertanejo que deu o nome à cidade.

Num momento de entusiasmo, ou de fervor patriótico, um finalista de Medicina que fazia parte da caravana universitária que estava percorrendo Angola afirmava-me que estava maravilhado com a grande obra realizada naquela província e que se sentia na obrigação de contribuir para a consolidação de tão grande esforço, razão por que logo que terminasse o seu curso tencionava regressar à província para ali se fixar o colaborar na grande obra que se vinha realizando.

Oxalá que esse jovem médico tenha encontrado facilidades para pôr em prática o seu desejo.

O terceiro acontecimento teve lugar em Nova Iorque no ano de 1962, quando o Orfeão Académico de Coimbra, numa embaixada feliz, visitou algumas cidades da América do Norte, acontecimento que tive o grato prazer de reviver anteontem ao ,encontrar nos Passos Perdidos desta Assembleia o presidente daquele Orfeão.

Não calcula o jovem doutor, que em boa hora teve a feliz ideia de me falar, a satisfação que me deu ao fazer-me reviver o nosso primeiro encontro e possibilitar-me a comparação de dois momentos não muito distantes, mas tão diferentes. É que o primeiro encontro com esse grupo de académicos teve lugar em Nova Iorque, na confusa torre