O Orador: - No quadro IV comparam-se os custos médios da produção hídrica de Carrapatelo com a de eventuais meios térmicos de substituição para a taxa de juro de 7 por cento.

Em curto prazo o custo de energia de Carrapatelo estabilizará em valores iguais ou inferiores a $14 por killowatt-hora.

A produção térmicja de substituição indicada é inferior à hidráulica por se ter admitido que aquela só funcionaria para abastecer consumos permanentes. Para um custo da térmica de 4500$ por kilowatt útil, limite que nos primeiros grupos vai ser excedido, e para o fuel-oil ao preço actual de 900$ a tonelada, o valor médio da produção térmica no período considerado, 1969-1973, seria superior a $80 por kilowatt-hora, se o fuel-oil viesse a ser fornecido ao preço especial de 600$ a tonelada, essa média nunca seria inferior a $23 por kilowatt-hora.

O Sr. Sousa Meneses: - V. Ex.ª dá-me licença?

O Orador: - Faça favor.

O Sr. Sousa Meneses: - Poderá V. Ex.ª informar-me porque é que se está a seguir esse caminho?

O Orador: - O Sr. Ministro da Economia é capaz de responder melhor do que eu. Dificuldades actuais de investimento podem estar na base desta orientação.

O Sr. Sousa Meneses: - Não parece haver justificação económica ao seguir-se esse caminho.

O Orador: - Se V. Ex.ª continuar a ouvir-me verá que à frente digo o que pensam os Franceses sobro a matéria.

O Sr. Sousa Meneses: - Sou leigo na matéria. Penso, todavia que antes de se seguir por essa via se deviam, esgotar primeiro todas as possibilidades de aproveitamentos hídricos.

O Orador: - V. Ex.ª tem razão. A frente defendo a conjugação que V. Ex.ª preconiza.

Os combustíveis ultramarinos poderão ajudar o abastecimento da metrópole, mas. além da vulnerabilidade dos transportes em épocas anormais, haverá que medir o que poderá oferecer maiores vantagens, se queimá-los, em substituição de hidroelectricidade, se exportá-los, com real interesse para a balança comercial do País.

No período de 1965-1970 só está ainda prevista uma central hidroeléctrica, mas. como a junção desta à ampliação térmica, já referida é insuficiente, haverá que decidir a curto prazo sobre a escolha das novas fontes produtoras.

Em termos de economia, energética, um aproveitamento hidroeléctrico pode ser substituído por uma dada potência térmica a que pode corresponder um investimento menor, mas as economias de exploração, principalmente no que respeita a gastos de combustíveis proporcionados pelas centrais hídricas, justificam em muitos casos a realização de u m sobreinvestimento inicial, que aliás, é feito em escudos, e para nós ainda há vários aproveitamentos hidroeléctricos que estão nessas condições.

Ao ampliar o sistema produtor interessa determinar quais as fontes que conduzirão ao mínimo custo de kilowatt-hora quando integradas no sistema já existente e de entre elas escolher as de mais benéficos reflexos na economia global da Nação.

A este respeito os especialistas franceses consideram que mesmo num país rico em combustíveis como a França todo o adiamento na realização de um aproveitamento hídrico considerado rentável e útil é de considerar como uma perda para a economia nacional.

E isto porque para além dos benefícios directos da produção de electricidade outros há também muito importantes e de progresso regional.

As centrais térmicas situam-se junto dos grandes centros populacionais, de que são elemento perturbador, ao passo que as hidráulicas se localizam em regiões subdesenvolvidas, que muito ganham com a sua realização. Estas obras são sempre acompanhadas de novas escolas, abastecimento de água às aldeias vizinhas, electrificações, melhoria das comunicações, assistência médica e hospitais, valorização dos produtos locais, criação de novas actividades, tais como oficinas, serrações, etc.

Dentro de um programa hidráulico térmico equilibrado estarão quase totalmente aproveitados dentro de vinte anos os nossos recursos hidráulicos de interesse económico e nessa altura apenas restará o recurso à ampliação da produção térmica, a clássica ou a nuclear. À medida que for aumentando a componente térmica do nosso sistema, e antes disso já se verificava a conveniência de ir instalando potência térmica, passaremos a dispor de menos excedentes (de baixo preço, de energia eléctrica) para alimentar os consumos temporários.

Dada a relevância económica desse sector dos consumos e a reduzida possibilidade de continuar a satisfazê-los sem grande artifício tarifário e com en ergia barata, torna-se necessário que seja definida com brevidade - para defesa dos industriais interessados e da economia nacional - até que ponto interessará desenvolver ou limitar os consumos temporários.

No quadro V indicam-se, em termos de esperança matemática, os níveis a que desceria em ano médio a utilização das fábricas electroquímicas e electrometalúrgicas, no caso de até 1970 entrarem apenas em serviço o 3.º grupo da Tapada do Outeiro, o l.º grupo da TS e Carrapatelo.