Assim, talvez não seja despropositado trazer à consideração números que revelem a sua evolução (cf. o Boletim Trimestral n.º 23 do Banco de Angola).

Eis os elementos sobre os pescadores existentes, as embarcações utilizadas e o peixe desembarcado nos últimos anos:

Em 1962 o peixe desembarcado atingiu 279 226 t, no valor de 191 784 contos.

Os principais centros de actividades piscatórias são Moçâmedes (Mocâmedes, Porto Alexandre e Baía dos Tigres), Benguela (Benguela e Baía Farta), Cuanza Sul (Novo Redondo, Quicombo e Porto Amboim) e Luanda (Cacuaco e ilha do Mossulo).

O distrito de Moçâmedes dispõe de 73 estabelecimentos industriais, o de Benguela 77, o de Cuanza Sul 45, o de Luanda 65 e o do Zaire 1. Ao todo existem assim em Angola 261 unidades! Destas, 6 são estabelecimentos de salga e seca, farinhas e óleos e conservas de peixe: 54 estabelecimentos de salga e seca e farinhas e óleos de peixe; 4 estabelecimentos de farinhas e óleos e conservas de peixe; 56 estabelecimentos só de farinhas e óleos de peixe; 2 estabelecimntos de salga e seca e conservas de peixe (apenas pelo frio); 128 salgas e secas de peixe, e 11 de conservas de peixe (cf. Alberto Diogo, Ritmo a Industrialização de Angola, já citado).

A produção das indústrias de pesca em Angola nos últimos anos foi a seguinte (em toneladas):

O confronto dos números, na multiplicidade dos estabelecimentos e sua actividade e na evolução das quantidades produzidas, é um índice da debilidade estrutural deste sector das pescas.

Uma apreciação mais completa resultará da análise dos valores de exportação nos últimos anos:

A série de medidas tomadas e que se ligaram ao Fundo de apoio à pesca, à Comissão Nacional de Coordenação o Apoio das Pescas, ao Instituto das Indústrias de Pescas de Angola, à criação dos grémios dos industriais de pesca, etc., revelam ainda como a chamada «crise das pescas» tem mobilizado as atenções.

Quem ouve, no litoral do Sul de Angola, as pessoas ligadas a este sector de actividades, fica convencido de que entre as suas reivindicações se encontra o desejo de assistência técnica, a modernização dos métodos de captura, as facilidades na aquisição de combustíveis líquidos e de redes, a existência de centros de preparação de pessoal, o agrupamento das pequenas actividades em cooperativas, a concentração regional das indústrias, um apoio financeiro, a redução de taxas e sobretaxas que oneram o pescado e a anulação de impostos em dívida e seu abaixamento.

Confia-se, de resto, em que o Instituto das Pescas disponha de possibilidades que lhe permitam levar a bom te rmo os seus propósitos (cf., por exemplo, o relatório n.º 1 de 1963, Situação o Tendências da Indústria de Pesca).