habituou confiadamente, neste decisivo capítulo, a ser guiada por sua mão.

Ao Governo se deve em tão dificultoso clima, como este que de fora nos criaram, a merecida gratidão por ter conseguido que se resistisse à veia aberta de tão onerosas despesas extraordinárias sem se comprometerem os sãos princípios de equilíbrio financeiro e estabilidade monetária. Princípios que foram definidos, em feliz hora, e efectivados por não menos feliz continuidade de poder por S. Ex.ª o Dr. Oliveira Salazar desde que, em 1928, foi chamado à gerência das nossas finanças públicas, então naquele estado ruinoso que é "bem conhecido. Para o Sr. Ministro das Finanças e ainda para o Sr. Ministro do Ultramar vai o nosso reconhecimento, pelo prenúncio, nestas prolongadas circunstâncias difíceis, do começo da nossa vitória financeira - parcela indispensável da vitória total -, já à vista neste fecho das contas de 1962.

Isto posto, Sr. Presidente, algumas reflexões!

Da introdução do parecer apresentado pela sua Comissão de Contas a esta Assembleia entendo francamente de aplaudir o apelo que, ali se lê para que:

Os que orientam os consumos públicos compreendam os sacrifícios e as dificuldades, de modo a reduzi-los ao estritamente indispensável.

Isto torna-se não só necessário para que o peso da máquina do Estado colabore na produtividade crescente que é preciso imprimir à economia nacional como para dar do alto exemplo no sentido de uma maior austeridade conveniente à actividade da economia privada.

E conhecida de longe a natural tendência de grande número de portugueses, quando acontece gozarem de disponibilidades largas, ou pior, quando ganharam os hábitos, de quando as possuíram, para a magnificência, a ostentação e imprevidente desperdício. E o reverso, porventura, de outras qualidades prestantes, que não é esta ocasião de apreciar.

Estamos, não em academia dialogante sobre temas de psicologia dos povos, mas, sim, em tempo de guerra autêntica, embora surda e mascarada por ablativos de paz.

Vozes: - Muito bem!

r?

Outra faceta focada na introdução sobre que nos vamos debruçando, é digna de todo o aplauso. E aquela onde se chama a atenção para a falta de coordenação nos serviços do Estado e até em certos aspectos da actividade privada.

Esta terrível pecha da nossa vida nacional foi bem posta em evidência aquando da discussão dos avisos prévios que preencheram esta sessão legislativa, particularmente dos atinentes à agricultura e ao turismo.

É ela no texto do parecer atribuída, em parte, ao nosso inveterado individualismo.

Mas também creio que para tal contribui o nosso espírito de "clã" desintegrado que nos conduz a uma mal reprimida tendência "mandona"; pois que individualistas são marcadamente os Ingleses e os Escandinavos, onde tal tendência se não verifica grave como entre nós outros.

É por isso indispensável irem-se tomando progressivas medidas, sobretudo educacionais, no sentido de atenuar-se tão perniciosa tendência.

Isto posto, seja-nos lícito, a propósito de diversas matérias versadas nas contas de 1962, bordar algumas considerações geralmente relacionadas com assuntos por nós trazidos a este tablado em anteriores legislaturas.

E isto, já que esta - a da aprovação das contas - nos parece melhor altura de prestar a nossa possível colaboração de sugestões criadoras ao Governo, do que a propósito da discussão das leis de meios, limitados que nos vemos pela impossibilidade de agravar despesas públicas.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Comecemos pela Faculdade de Letras do Porto, que precisamente entrou de funcionar no ano de 1962, em correlação com as correspondentes contas.

Quando a promessa dessa Faculdade se concretizou, através de palavras de SS. Exas. o Chefe de Estado e o Ministro da Educação Nacional, nesta Assembleia, em 15 de Dezembro de 1960, tive ocasião de aludir a essa promessa. Segundo o que já constava, e que veio a verificar-se, nessa incipiente Faculdade apenas se instituíram as secções de Históricas e Filosóficas.

Fazendo as minhas reservas sobre tal perspectiva, então disse que:

Decerto entre os estudos humanísticos estas são as ciências que menos especificamente o são...

E lògicamente concluía que. só para isso não valeria a pena criar uma Faculdade, pois essas secções sem grande entorse se inseririam numa Faculdade de Ciências.

O que pensava então continuo a pensá-lo.

Estimo, por isso, que seria da maior utilidade o Governo rever o problema no sentido de completar aquela Faculdade progressivamente com outras secções; desde já uma ou de Clássicas ou de Filologia Românica. E, mais tarde, a outra de Filologia Germânica.

Duas razões sérias militam para que tal se faça. A primeira de ardem teorética, a de se instituir alguma coisa de mais especificamente, humanístico, numa Faculdade de Letras que se preze. A segunda, de dar acesso possível aos candidatos ao professorado liceal, nas secções de Letras, que em tanta abundância se proporiam para tal no Norte do País, e para os quais o acesso a Coimbra ou Lisboa se torna proibitivo.

Ora, como vimos aquando do aviso prévio sobre educação, o incremento do ensino liceal postula a necessidade imperiosa de progressivo ajustamento dos quadros do respectivo professorado.

Esta a razão do nosso reparo em se não lhes corresponder ainda particularmente, no que se refere à Univer-