nos devermos deter, mas, no entanto, deve dizer-se - facto gravíssimo que tem origem na carência de estímulo material - não ser por motivos de ordem financeira que estão por preencher muitas das vagas do quadro docente das Faculdades.

Quanto ao ensino liceal, segundo a estatística, o rendimento médio pode aferir-se pelos seguintes resultados: dos 14 120 alunos matriculados no 1.º ano em 1956-1957 cinco anos depois (1960-1961) obtiveram aprovação no 5.º ano 9073, número que inclui uma grande percentagem de alunos que teriam repetido um ou mais anos, ou seja um rendimento inferior a 64,3 por cento.

Dos 12 757 alunos matriculados pela primeira vez no 1.º ano em 1955-1956 foram aprovados no exame final do 3.º ciclo em 1961-1962 4227, número que inclui igualmente uma elevada percentagem de alunos repetentes de um ou mais anos, ou seja um rendimento máximo de 33,1 por cento. Deve atender-se a que, daqueles 12 757 alunos matriculados em 1955-1956, uns tantos, ao terminar o 5.º ano, se desviaram para outros estudos (escolas normais, institutos, etc.) ou se empregaram.

O ensino primário parece não estar tanto em causa, mas, quando se confronta a formação obtida sob a reforma de 1911 com a obtida sob as posteriores, poderá ser-se levado a optar por aquela do ponto de vista do rendimento.

Sejam quais forem as razões, o nível do ensino parece estar afectado por causas intrínsecas e extrínsecas a necessitarem de estudo e de urgentes providências. Bem sabemos que está em estudo um grande plano de reforma dos estudos, mas é de recear que um plano de conjunto condicione e retarde intervenções quase unanimemente perfilhadas pelo corpo docente de algumas Faculdades e de outras escolas.

Os grandes planos revelam-se, na execução, muito aquém dos objectivos inicialmente propostos e retardam soluções já estudadas e consideradas indiscutíveis, sacrificando-se, tantas vezes, o razoável ao bom e o bom ao óptimo.

Um plano não pretende mais que sistematizar realizações.

Não visa ordenamentos de aplicação simultânea. Nada impede, por isso, que em cada momento se providencie dentro da linha geral das directrizes prèviamente estabelecidas. É que, quando se atenta na natural lentidão da formação intelectual e em que só no decurso de uma boa vintena de anos se vê florir uma juventude criada dentro de novos horizontes, muito embora à luz dos mesmos ideais, tem de reconhecer-se todo o tempo perdido na decisão de problemas imediatos como passivo insaldável no plano do rendimento escolar.

Entre o que está estudado e o que deve ser estudado há que descobrir a regra de conduta mais consentânea com os imperativos de ajustamento às realidades. Não vou referir o que se afigura como imediatamente realizável, por ter a consciência plena das dificuldades e por saber como é audacioso um juízo quando se não estudaram, com sentido de responsabilidades, aspectos essenciais de uma questão transcendente. No entanto, a dar-se audiência ao entendimento de pessoas especialmente qualificadas em problemas de ensino, é-se levado a concluir que a carência de recursos não pode responder pela inviabilidade de providências imediatas no plano do rendimento escolar.

Vozes: - Muito bem!

supunha ser essencial a um português de lei e a um obreiro qualificado da indústria de lanifícios.

Bem se procurou demonstrar o valimento dessa orientação, mas tudo teve de ceder perante a programação oficial do ensino técnico, apesar de certa boa vontade e mesmo compreensão de alguns dos responsáveis. O Estado aparece como único detentor da verdade em matéria de ensino e impõe, como conduta uniforme, a sua programação, mesmo às instituições que doutrinàriamente no plano do Estado pretendem realizar fins de interesse público.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Perante tão irredutível atitude, abandonou-se a ideia de criar a referida escola profissional. Entretanto, foi reorganizada a escola técnica da Covilhã, que passou, naturalmente, a funcionar dentro do esquema de ensino oficial. Poderia admitir-se melhoria sensível do rendimento escolar, uma vez que funciona num centro predominantemente industrial e com vantagem relevante para o fabrico de fios e tecidos de lã.

A realidade é, porém, muito outra - os alunos matriculados no ano lectivo em curso aparecem assim distribuídos: ciclo preparatório, 351; mestre-de-obras, 5; formação feminina, 71; comércio, 522; electricidade, 35; serralharia, 81; tecelagem, fiação, tinturaria e debuxo, 135.

Examinemos agora o rendimento escolar: os alunos matriculados na secção industrial, internos e externos, nos últimos cinco anos lectivos (1958-1959 a 1962-1963) foram os seguintes, indicando-se entre parêntesis os que se diplomaram:

Cursos de aprendizagem: de tecelão, 30 (3); de tintureiro, 45 (1); de fiandeiro, 7 (2); de serralheiro, 49 (5).

O Sr. Gonçalves Rodrigues: - V. Ex.ª não fez o cálculo do custo da educação de cada um dos diplomados?

O Orador: - Foi o que me faltou fazer.

Cursos de formação: de técnico de tecelagem, 157 (13); de serralheiro, 27 (5); de electricista, 77 (3); de formação feminina, 261 (31); de cerzideira, 56 (3).

Cursos de aperfeiçoamento: de debuxador, 403 (16); de tintureiro, 118 (2); de fiandeiro, 15 (0); de serralheiro, 193 (0); de electricista, 84 (3).

O Sr. Jorge Correia: - Era preciso averiguar porquê.

O Orador: - No mesmo período de cinco anos os alunos matriculados nas diversas classes do curso de técnico de tecelagem totalizaram em cada ano o máximo de 36 e o mínimo de 24 e nos cursos de aperfeiçoamento o máximo de