objectivo especial compensar aquela dos prejuízos decorrentes dos maus resultados da colheita do trigo no ano de 1961.

Essa subvenção revestiu carácter excepcional e foi estabelecida por uma quantia global de 160 000 contos e a forma da sua distribuição seria proposta pela Corporação da Lavoura, não tendo sido os produtores açorianos então incluídos nessa proposta e não tendo, por conseguinte, beneficiado da subvenção na altura em que ela foi decidida, ou seja em Novembro de 1962, certamente por já então se ter entendido não haver em relação àqueles a justificação que existia para os produtores do continente. Ora o que mais tarde, isto é, em 23 de Abril de 1968, veio a ser solicitado pela Corporação da Lavoura foi o alargamento da dita subvenção, pedido que, além de carecer do fundamento indicado (prejuízos resultantes das más colheitas), não era já possível atender dentro do quantitativo global de 160 000 contos que, para o efeito, tinha sido possível atribuir e naquel e momento obtido por empréstimo da Caixa Geral de Depósitos, Crédito e Previdência.

Não obstante isso, foi mandado estudar, pelos serviços competentes desta Secretaria de Estado, se haveria fundamento para a extensão do subsídio aos produtores açorianos, tendo-se concluído, no estudo efectuado, que no arquipélago não sofrera a produção de trigo no ano de 1961, nem mesmo no ano de 1960, as quebras que nesses anos se verificaram no continente e que, portanto, não se deram ali as circunstâncias que determinaram a concessão da subvenção e a forma como esta foi repartida.

É ainda de notar que, independentemente da situação em que se encontra a lavoura açoriana, e que se está na disposição de encarar com a atenção que o caso merece, a subvenção aludida, além de ter tido carácter excepcional, teve como única justificação, e de resto se acentuou, a necessidade de compensar prejuízos anormais que em determinada colheita se verificaram devido a condições climáticas especi almente adversas que se observaram, afectando então e apenas a cultura de trigo continental.

Aproveito a oportunidade para apresentar a V. Ex.ª os meus melhores cumprimentos:

A bem da Nação.

O Chefe do Gabinete, Alberto Pena Monteiro.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado Sales Loureiro.

O Sr. Sales Loureiro: - Sr. Presidente, Srs. Deputados: tem Portugal ganho, em nossos tempos, numerosas batalhas, mas nenhuma teve um sentido mais amplo que aquela que, desde seu início, se apelidou por uma única palavra - Angola!

Esta uma legenda épica do nosso tempo, onde mora a verdade incontroversa de um povo; onde- cabe com plena exactidão tudo o que, por essência, for genuinamente português!

Se um termo apenas basta para definir as raras potencialidades de uma raça, a ímpar missão de um país, esse termo se encontrou quando, numa emergência que foi pesadelo, alguém proferiu: Angola!

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Esta uma directriz que, nascida do espírito da história, nada demove; uma ordem que, provinda da inteligência dos séculos, não se discute!

Assim se explica o autêntico "milagre português" na África, que a Europa e a América traíram!

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Assim se compreende toda a epopeia de uma nação que fez refluir para 2 por cento do território angolano um terrorismo macabro que no ódio vesgo internacional encontra o suporte da sua manutenção.

O Sr. Pinheiro da Silva: - Muito bem!

O Orador: - Ganhámos, a curto prazo, essa tremenda batalha da integração económica do espaço português, expressão do clamoroso engenho do espírito nacional, quando aguçado por crise grave.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - E talvez que nem sempre se tenha concedido o verdadeiro relevo a essa integração, condição necessária de outras integrações, e na qual tão relevante papel coube à acção admirável do ilustre Ministro de Estado, Doutor Correia de Oliveira!

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Mas outras acções da nossa gesta contemporânea avultaram, com particular realce da obra de integração político-social; com destacado grau da epopeia militar!

Epopeia escrita com E maiúsculo pela nossa gloriosa juventude, o melhor tesouro da nossa raça; a maior certeza da eternidade de Portugal.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - É desse valor supremo das pátrias que hoje nós vimos, aqui falar!

Estamos atravessando uma época em que tudo é dominado por um tecnicismo envolvente, que foi à ciência buscar o elixir da sua vitalidade, procurando por uma nova linguagem desmoronar os fundamentos sob que se molda a civilização.

O tecnicismo dos nossos dias veio transformar em fim aquilo que é apenas um meio, e a maior tragédia que ao homem se poderia apresentar seria a do triunfo da civilização técnica.

A personalidade humana e a axiologia tradicional perderiam por completo o seu verdadeiro sentido, restariam conceitos ocos, sombras de um museu de espectros!

Impõe-se, antes que seja tarde, colocar a técnica no lugar que lhe compete, restaurando os valores espirituais da humanidade, contrapondo à cultura técnica toda a valia da cultura humanística!

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Pode a ciência substituir órgãos, alterar por meio de enxertos a fisionomia física, mas o que resta insubstituível é o ideal; o que permanece sempre idêntico é a fisionomia moral.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Por isso a juventude não poderá deificar a ciência ou as várias técnicas, porque elas não lhe con-