siona as massas, e sob pretexto religioso, mas com fins políticos de desnacionalização das populações incautas. Os católicos não podem deixar de estar atentos a estas realidades, compenetrando-se de que a causa da fé que professamos e propagamos, que é também a causa da Pátria, exige de nós a maior atenção e o máximo esforço e solidariedade no sentido de substituirmos os desvelos alheios por uma acção operante não só religiosa como no domínio social.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - A missiologia católica incumbe assim agir patriótica e cristãmente junto das massas populacionais, não só no comportamento estritamente evangélico, mas em união da vida cristã interior e exterior.

Esta, é a nova etapa da contribuição missionária realizada no ideal nacional e da fé, na cristianização de tantas almas constituídas pelas populações aborígenes, que tia união dos corações e na caridade nos cumpre preservar do negativismo e dos desvios da fé e do dever.

Vozes: - Muito bem!

talha do futuro, porque é vital, e esta ganhá-la-emos, sem dúvida, na edificação da mensagem de unidade viva e da caridade estruturada nos princípios espirituais, morais e sociais ou, numa palavra, nu doutrina social cristã.

Está lançada aqui na metrópole uma fervorosa campanha em favor de um importante Centro Social de Angola em Nova. Lisboa, com vista a aquisição de meios materiais para este concretizar o seu humanitário e patriótico programa de acção, chamando a si aspectos formativos da infância, da juventude e da mulher angolanas para a sua promoção social e encarando os problemas educacionais e assistenciais inspirado num ideal positivo e atento às realidades humanas.

Já me tenho referido, através dos vários órgãos de informação do País, a esta magnífica obra social já em actividade em Angola nalguns aspectos, mas que só poderá vingar nos seus excelentes objectivos com a caridade e a ajuda de todos.

Quanto à obra social em causa, é extremamente relevante e oportuna, melhor do que eu poderia dizer, e com autoridade indiscutível a documentam a opinião de S. Ex.ª o Chefe do Estado, afirmando "tratar-se de uma obra de verdadeira misericórdia bem enraizada nas tradições portuguesas" e fazendo votos por que "se consiga realizar toda a obra que se pretende erguer, que seria, além de uma obra esplendorosa, uma prova magnífica de que continua vivendo na nossa terra o melhor espírito cristão", e a opinião do Sr. Ministro do Ultramar, que, exprimindo a sua simpatia por aquela instituição, a considera "de alta e humanitária finalidade", afirmando que "da sua realização excelentes frutos se esperam nos domínios social e educacional".

O patrocínio que aquela obra social tem dos Srs. Bispos da Diocese de Nova Lisboa e o beneplácito do Sr. Arcebispo de Luanda, que exalta a finalidade do Centro Social de Angola, que, em seu dizer, "propõe-se beneficiar as classes mais carecidas de auxílio sem discriminação de cores, evidenciando assim um dos traços mais salientes da fisionomia de Portugal cristão".

Estes títulos justificam, além do conhecimento directo que tenho sobre a obra social em causa, o meu empenho, o meu inteiro apoio, que tenho dado francamente e por todos os meios ao meu alcance, à referida instituição, crente de que cumpro um dever para com Angola.

O referido Centro Social, verdadeira cruzada patriótica e de fé, tem já uma parte das obras em construção adiantada- e em funcionamento a cantina escolar, que beneficia há três anos duas centenas de crianças pobres. Pretende realizar todo o seu plano de acção, que compreende:

Jardim-escola, salão recreativo, casa das raparigas, com vista a promover a educação para a vida doméstica, a instrução primária, o ensino secundário, a estimular e conceder meios (bolsas de estudo, extensivas a rapazes) às mais aptas para o seu ingresso nas Universidades. Como toda a obra social, esta secção é acessível a todas as raparigas sem qualquer discriminação, ressalvando o interesse especial pela promoção social da mulher angolana, cujo desnível cultural é mais acentuado;

Património dos pobres e secretariado do desemprego;

Casa das religiosas encarregadas das secções femininas e infantil e do património dos pobres;

Cine-teatro, com salão de festas para sessões culturais;

Emissora católica, filial da Rádio Eclésia de Luanda, visando a cobertura de toda a província;

Igreja paroquial, tipografia, parque destinado a diversões de crianças e de jovens.

Sr. Presidente, Srs. Deputados: entendi que a mensagem que venho dirigindo ao País, de solidariedade para com o Centro Social de Angola, cabe também nesta Câmara, donde, do mesmo modo como tenho feito publicamente, reafirmo as minhas esperanças de que o apelo lançado em prol de tão meritória e patriótica obra social merecerá a generosidade do nosso povo e que os órgãos de informação continuarão, decerto, a dar o seu valioso contributo para que o valor do empreendimento seja conhecido em todos os sectores da Nação, para que se apela.

Tenho dito.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Presidente: - Vai passar-se, à

O Sr. Presidente: - Continuam em discussão as Contas Gerais do Estado e da Junta do Crédito Público referentes ao ano de 1962.

Tem a palavra o Sr. Deputado Francisco António Martins.