O Orador: - Com efeito, a presença de S. Ex.ª o Presidente da República veio evidenciar que tanto em Angola como em Moçambique e em S. Tomé e Príncipe todos são portugueses, pela cultura, pelo espírito e pelo coração, e que o portuguesismo dos povos daquelas parcelas da Nação é tão forte e tão intensamente sentido que todos estão prontos a dar a sua vida para que Portugal possa viver eternamente.

O Sr. André Navarro: - Muito bem!

O Orador: - O entusiasmo, o carinho, a emoção e u«a alegria exuberantemente patenteados por todos ao terem entre si o primeiro dos Portugueses,- símbolo autêntico da Pátria uma, foram de tal modo vibrantes e calorosos que não há palavras capazes de o traduzirem.

Efectivamente, momentos do tamanha grandeza e de tanta fé patriótica não se descrevem; apenas se vivem e se mentem.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Em toda a- parte o Sr. Almirante Américo Tomás, mercê das venerandas e veneradas virtudes que exornam o seu carácter e das altas qualidades cívicas e morais que deli II em a sua personalidade, dentre as quais sobressaem uma eriternecedora simpatia e uma simplicidade bondosa que surpreende e encanta, viu-se envolvido em extraordinárias provas da mais alta consideração e respeitoso apreço o seguidamente sentiu em toda a sua extensão o calor patriótico dos portugueses do ultramar. Sobretudo terá sentido com viva comoção e muito orgulho que a unidade nacional é uma realidade palpável, pois todos, fosse qual fosse a cor da sua pele ou o crede político e religioso professado, cerraram fileiras na afirmação indesmentível de que são e querem continuar a ser portugueses.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: -E o Chefe do Estado, numa exemplar e formosíssima lição de sacrifício e de amor pela sua Pátria, esqueceu-se de si próprio para se lembrar apenas de que, símbolo da Nação e centro polarizador de sentimentos pátrios, também ele não queria regatear esforços ou poupar-se a sacrifícios e por isso se deu inteiramente, de corpo e alma, à missão que tão nobremente soube desempenhar.

Vozes: - Muito bem!

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Bem merece, pois, o Sr. Presidente da República o respeito e a admiração do todos nós. O País contraiu para com o Chefe, do Fitado uma, dívida que jamais podo saldar.

Angola, a portuguesíssima e portentosa província que tenho a honra de representar nesta Câmara, sente como nenhuma outra parcela da Nação a grandeza do serviço prestado, cujo excepcional alcance político só o futuro e a história hão do patentear na sua exacta dimensão.

Por isso, desta tribuna, Sr. Presidente, os povos de Angola expressam a S. Ex.ª a mais sentida e viva gratidão. Corno penhor desta gratidão, que é imensa, e com respeitosas homenagens, as gentes de Angola hipotecam-lhe reconhecidas o seu coração de portugueses. Muito bem, muito bem! O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Veiga de Macedo: - Sr. Presidente e Srs. Deputados: 1907! Ao empreenderem-se as campanhas do Cuamato e dos Dembos, e com o horizonte internacional já toldado de nuvens precursoras da. tempestade de 1914, o príncipe real realizou o que seu pai, como herdeiro do trono, havia inutilmente tentado vinte anos antes e que. só decorridos três decénios haveria de reeditar-se aio mandato presidencial do marechal Carmona: uma viagem a S. Tomé, a Angola e a Moçambique, que foi impressionante afirmação de soberania P se enquadrou admiravelmente na notabilíssima tarefa de prestígio externo e de ressurgimento interno que D. Carlos levou a cabo, contrariando embora todos os vícios políticos da época.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Sabendo-se que essa jornada, que um historiador ilustre afirmou ter constituído para o nosso ultramar como que «o remate triunfal da obra realizada pelos seus capitães, pelos seus administradores e pelos seus missionários», havia sido aconselhada ao monarca e HL João Franco, então Presidente do Conselho, pelo marquês de Soveral, e que D. Luís Filipe foi acompanhado pelo Ministro Aires Orneias, unia. das mais nobres figuras da epopeia de Mouzinho, avalia-se a importância nacional e internacional do acontecimento & a sua ressonância na Europa de então.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Para ilustrar, com um exemplo apenas, o que foi essa visita, terá interesse referir a empolgante manifestação ao príncipe real feita por 23 000 indígenas «todos do Sul do Save, todos guerreiros e alguns inimigos uns dos outros», no dizer do marquês de Lavradio, que, nas suas memórias, deixou registadas estas palavras elucidativas:

Caso único na história africana. Nunca se reuniu tão grande multidão de negros. O desfile parece não ter fim. É um espectáculo único, sobretudo quando uns vinte e três milhares de pretos armados dão uma, carga sobre a tribuna, parando a alguns metros desta, e gritando um basta geral que atroa os ares.

Se se tiver presente que esta manifestação se registou em Marracuene, apenas doze anos volvidos sobre o primeiro grande combate aí travado com as mangas do Gun-gunhana. e se encontrava presente o induno que as comandara, medir-se-á melhor o alcance desse estrondoso do paz e de compreensão interracial, na unidade da Pátria o na fidelidade aos seus imperativos históricos.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - A Nação exultou então do contentamento e, com ela, D. Carlos, que, ao compreender sentir que